Misoginia: Você sabe o que é?
Tão comum em nossa sociedade, em empresas e infelizmente tão comum dentro dos
lares, a Misoginia se refere ao ódio, desprezo ou repulsa ao gênero feminino.
Pode se manifestar em diversas graduações desde piadas até a violência física
contra a mulher. Difícil crer que isto seja tão normal e justamente por falta
de informação é que se cria uma aceitação em torno de certos comportamentos que
depreciam a mulher.
A própria mulher muitas vezes se coloca em posição de menos valia, basta ligar
a TV e ver mulheres em comerciais, posando como prêmios, sendo reduzida a seus
aspectos corpóreos e sensuais. Não que isso não seja um belo atributo feminino,
a redução a objeto é que é o problema. Tanto homens como mulheres são
responsáveis por isso. Mulheres precisam aprender a dizer não, para certos
papéis, que são convidadas a entrar. Basta acordar para isso. Homens precisam
descobrir que as mulheres têm muito mais a oferecer do que simplesmente
satisfazer seus instintos básicos.
Historicamente temos uma carga pesada de se
carregar quando no mito de Adão e Eva, a mulher é tida como causadora da queda
do paraíso. É a mulher que peca, que tenta o homem, que é a raiz de todo mal. A
mulher fica condenada nesse lugar e somente na imagem de Virgem Maria, como
mulher santificada, é que o feminino se enaltece. O feminino fica cindido e a
mulher ou é santa ou é pecadora, prostituta como Maria Madalena fora
primeiramente concebida.
Não é à toa que encontramos até hoje homens que
mantém uma mulher “santa” em casa para ser mãe de seus filhos e uma amante para
ter com ela seus momentos de prazer. Homens e mulheres pela metade, que não
podem ser plenos em seus relacionamentos. Em escritos mais contemporâneos,
encontramos Maria Madalena como esposa de Jesus, fiel e parceira. Essa imagem
de um casal sagrado já nos inspira mais a encontrar o equilíbrio e harmonia
entre gêneros.
Uma outra redução que ocorre com as mulheres é serem colocadas no lugar de
“muito emocionais, loucas, irracionais, não pensam direito”. Homens
desrespeitam mulheres e mulheres acolhem como se merecessem. Não só violência
física agride, mas a verbal pode doer e muito:
“Não é nada
disso, você está viajando de novo!”, “Você não entende nada sobre isso, melhor
ficar calada”, “Impressão sua, nada a ver”, “Você está exagerando, pare de
surtar!”
Yashar Ali, escritor e colunista de Los Angeles, dá
o nome de “Gaslaitear” a essa
forma de manipulação que induz as pessoas a se sentirem insanas, diminuídas,
frustradas e depreciadas. Segundo ele:
“O termo vem do filme de 1944 da MGM, "Gaslight", estrelando Ingrid Bergman. O marido de
Bergman no filme, interpretado por Charles Boyer, quer tomar sua fortuna. Ele
se dá conta de que pode conseguir isso fazendo com que ela seja considerada
insana e enviada para uma instituição mental. Para tanto, ele intencionalmente
prepara as lâmpadas de gás (no inglês, "gaslights", vindo daí
o nome do filme) de sua casa para ligarem e desligarem alternadamente. E toda
vez que Ingrid reage a isso, ele diz a ela que está vendo coisas. Nesse
contexto, uma pessoa gaslaiteadora é alguém que apresenta informação falsa para
alterar a percepção da vítima sobre si mesma.”
Essa forma de manipular ou menosprezar nem sempre é
consciente. E é aí que mora o perigo. É preciso prestar atenção. É
algo que está tão arraigado, proveniente de uma sociedade patriarcal onde
homens querem estar no controle e no poder, porque provavelmente temem o poder
feminino, mas que pode ser desperto de uma hora para outra, num estalo de
tomada de consciência. Não sem trazer uma mexida com estruturas dos casamentos,
das famílias e consequentemente da sociedade.
A misoginia acompanha o patriarcado para manter a
mulher numa posição de subordinação, diminuindo seu acesso ao poder e
consequente tomada de decisão. Esse ódio às mulheres é histórico, mas também
pode ser proveniente de uma experiência particular de primeira infância. Um misto
de necessidade do feminino com temor. É a mãe que nutre e que ameaça. Há uma
fantasia de aniquilamento pela mulher que também o mantém vivo. Sendo assim a
misoginia vai variar de homem pra homem, segundo suas experiências individuais
com seus pais. A relação dos pais também vai influenciar diretamente esses
tipos de comportamento. Se a criança assiste o pai desrespeitando a mãe, é isso
que vai aprender.
A mulher é a detentora do princípio feminino de se
relacionar, de sentir e intuir, assim como o homem do princípio masculino do
pensar e fazer. Esses aspectos já foram mais segmentados, hoje vemos mulheres
com intelecto muito desenvolvido e uma excelente capacidade prática; assim como
homens com aspectos femininos, intuitivos e sensíveis. Casais podem se
beneficiar de suas semelhanças e também de sua complementariedade, num caminho
de evolução em parceria.
Para isso há que se limpar esse registros de
Pré-conceitos contra gênero. Sentimentos às vezes herdados que impedem de viver
um amor pleno. Homens e mulheres podem rever e buscar onde está a misoginia e
misandria de cada um, com aceitação e amor. Violência se combate em sua raiz
com amor e não com mais violência. E o que é Misandria? É o ódio das mulheres
contra os homens, mas isso já é assunto para outro artigo. Até a próxima!
Sílvia –psicóloga transpessoal formada pela UERJ
(crp:05/21756), especialista em Psicologia junguiana, Arteterapeuta e
Cosnteladora Familiar Sistêmica