quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Qual é o seu tipo?


Qual é o seu tipo?
Diário de Teresópolis, 30 de janeiro de 2014

                Pessoas diferem umas das outras em suas maneiras de pensar, sentir, agir, de se relacionar, de trabalhar, de cuidar da casa, de educar os filhos, enfim, de viver. Cada um é uma mistura singular dos quatro elementos da natureza: terra, fogo, água e ar. Na tipologia Junguiana sensação, intuição, sentimento e pensamento, respectivamente.

                A terra é o elemento que corresponde à função sensação. A orientação está nas coisas concretas, nos sentidos, no corpo, no ver, ouvir, sentir. Construir, organizar são palavras-chave. Coisas palpáveis, mensuráveis, materiais são o foco desta função. Logo, para se comprar uma casa, organizar finanças, a agenda, é necessário acionar esta função, a que sabe como as coisas funcionam.

                O fogo é o elemento mais sutil, difícil de se tocar, parece transitar entre mundos. Corresponde à intuição que é um sentido sem sentido. A intuição, ao contrário da sensação,  não se explica, não se mede. Ela se dá de uma forma inconsciente. Transcende a matéria, espiritualiza. É uma chama criativa, quem sabe, divina, que acontece no terreno do imaginário e dos sonhos. Ótimo para vislumbrar cenários futuros.

                O ar é o elemento do pensamento. É o raciocínio lógico, o julgamento, a classificação. É o que planeja e controla, vai pra trás e pra frente, para o passado e para o futuro. Estabelece procedimentos, ações preventivas, intelectualiza. Transmite conhecimento, ventila informação, sopra uma luz quando se renova.

                A água é o elemento do sentimento. Expressivo e sensível, é a função do afeto, do envolvimento. Ao contrário do pensamento, só sentimos no presente. Sabe criar um ambiente acolhedor, lida com diferenças, cria vínculos, confiança e tece redes de comunicação em grupos, integrando as pessoas.

                                Apesar de termos os quatro elementos e suas funções, uma é a função dominante e outra é a auxiliar e às vezes se revezam. As outras duas são mais inconscientes. Assim se quatro pessoas com quatro funções diferentes forem escalar o Dedo de Deus, vão ter experiências muito diferentes: O tipo sensação vai estar atento à segurança, aos equipamentos. O intuitivo vai focar mais na dimensão espiritual, no mistério. O sentimento, na relação de confiança com seu parceiro. O pensamento, vai planejar como vai voltar e como ele vai contar a experiência. Apesar de uma escalada, como a vida, envolver as quatro funções, tem sempre uma que é a mais usada, é o tipo da pessoa.

Após a metade da vida, a outra metade do círculo onde estão as outras funções menos usadas, será solicitada, cumprindo assim uma mandala completa. Então se uma pessoa conquistou até ameia idade, coisas materiais, como casa, poupanças, viagens, vai se sentir impelido à viajar em outras dimensões imateriais, como seguir um caminho espiritual numa jornada com novos valores. Se for o oposto, vai querer fincar raízes. Se o foco foi nas relações e na família, talvez queira investir nos estudos e vice-versa.

Numa família de quatro pessoas, as quatro funções podem estar presentes, enquanto um está fazendo contas para conferir se uma viagem de férias cabe no orçamento familiar, o outro já está viajando na imaginação. Um está buscando entender as questões enquanto o outro está sentindo tudo o que acontece.

                Alguns atritos surgem pela não compreensão do tipo do outro. Porque se referencia em seu tipo psicológico. Pessoas iguais podem ter afinidades e se sentirem bem umas com as outras, mas não se sentem provocadas a crescer. É difícil para um intuitivo manter uma casa bem arrumada, mas vai ter insights e soluções criativas para sair de uma crise. Um sentimental pode florir o caminho árido dos pensadores. Um pensador pode dar um limite numa explosão sentimental.  E um tipo sensação pode trazer para a realidade o devaneio do intuitivo.

O ideal é desenvolvermos as quatro funções. Assim como os quatro elementos interagem no ambiente, podemos harmonizar a natureza interna, saindo da unilateralidade dos tipos. Se cada um se permitir ser tocado pela vivência do outro, numa atitude humilde de aprendizagem, as relações podem ajudar a ampliar visões e transcender limites.

Sílvia Rocha – Psicóloga (crp:05/21756) – Arteterapeuta – silviaayani@gmail.com

                 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Porque fazer terapia?


Por que fazer terapia?
Diário de Teresópolis, 23 de janeiro de 2014

A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte....”M. Gandhi

Terapia não é “coisa de maluco”. Mas algumas pessoas pensam assim, e se você aconselha a fazer uma, quase se sente ofendido. “Eu não preciso”, diz orgulhoso. “É minha mulher/marido/filho/mãe/pai que precisa.” Muito mais fácil ver no outro a dificuldade do que em si mesmo. Tem pessoas que fazem e têm vergonha, justamente por causa desse monte de tabus a respeito. Querem esconder que têm problemas. E quem é que não os tem?

Já ouvi gente se sentindo humilhada por  fazer terapia: “olha onde fui parar!”, como se estivesse revelando o quanto está mal. Porque procurou terapia quando já estava mal mesmo. E o desequilíbrio  afetou o trabalho, as finanças, o casamento, a saúde, enfim sua segurança. Sim, a terapia pode ajudar, é um bom apoio no momento da crise. Ajuda a clarear as mentes confusas, a diferenciar os sentimentos, fortalecer  decisões e integrar as passagens da vida. A terapia pode também ajudar antes do caos se instalar, prevenindo e fortalecendo para uma melhor qualidade de vida.

Fazer terapia pode ajudar a viver melhor. Vivemos num mundo onde o que menos se quer é que as pessoas sejam o que elas são. Existem cobranças e expectativas. A família quer que o jovem seja “alguém na vida”, estude, tenha uma profissão e ganhe dinheiro para se sustentar. Até aí tudo bem. A questão começa quando o jovem ainda não sabe o que quer, não tem maturidade ainda pra escolher e sofre. Passamos a vida, equilibrando a expectativa alheia com o real desejo da alma. Porque ninguém vive sozinho. Fazemos parte de um sistema que na maioria das vezes vai contra a natureza do Ser. 

Existe um tempo que é para se adaptar,  de corresponder às expectativas e se sentir agradando e aceito. Em outros tempos isso pode significar um sacrifício, um martírio e se rebelar,  pode significar tomar um caminho que tem mais coração e felicidade. Apesar de ser às custas da não aceitação social. A maioria dos artistas ao longo do tempo, sofreram isso. Van Gogh só vendeu uma obra durante sua vida, tendo sido reconhecido como um dos maiores artistas após sua morte. Existem pessoas à frente de seu tempo.

Conflitos geracionais acontecem devido a formas diferentes de se pensar. O jovem mais antenado com seu momento acredita que sabe de tudo e o mais velho com mais experiência de vida, acha que sabe também. Esses conflitos  acabam quando ambos os saberes são respeitados. Conflitos fazem parte do desenvolvimento das pessoas. Como cada um lida com eles é que vai trazer uma melhoria ou uma paralização.

A terapia serve para ajudar a elucidar a pessoa onde ela está no seu processo da vida. Algumas vezes uma visita ao passado é bem vinda para trabalhar traumas e complexos e dar-lhes novos significados, liberando para novas possibilidades. Outras vezes a terapia pode ter um aspecto pedagógico, orientando ao que fazer com sua emoção, por exemplo. Emoções expressas adequadamente, evitam somatizações, previnem contra doenças. Uma pessoa desequilibrada tende a baixar seu sistema imunológico, tornando-se um alvo fácil para vírus e outras doenças.

O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung cunhou a expressão “processo de individuação” para designar o processo criativo do indivíduo se tornar quem ele realmente é.  Em contraposição ao processo de massificação que ocorre na sociedade de consumo, onde tentam impor através de comunicação de massa quem você deve ser: músicas que deve ouvir, danças que deve fazer, que esmalte, carro ou sapato da moda, usar. Enfim a imagem que você deve ter para pertencer à gang  dos “espertos”. Este se tornar único, exige coragem, autenticidade, profundidade e ousadia para sair  deste mundo de máscaras e ilusões.

Para ser quem você realmente é, é necessário auto-conhecimento, assumir suas potencialidades, reconhecer  limites, confrontar  seu lado sombrio e admitir  sua beleza. Pode até mesmo descobrir que um Ser único tem habilidades diferenciadas para ofertar ao mundo, colocando-as a serviço de uma transformação social.  Quem faz terapia, pode ter mais facilmente este encontro real com seu próprio Ser.

Sílvia Rocha – psicóloga – crp: 05/21756

silviaayani@gmail.com

 

 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Organize-se Parte II - O tempo


Organize-se
Parte II – O Tempo
Jornal: Diário de Teresópolis, 16 de janeiro de 2014

 “O tempo pode ser medido com as batidas de um relógio
ou pode ser medido com as batidas do coração”. Rubem Alves


“É tarde, é tarde, é tarde até que arde, ai ai meu Deus, alô meu Deus, é tarde, é tarde, é tarde...” Já dizia o coelho de Alice no país das maravilhas, mas poderia ser uma fala de qualquer pessoa hoje nesse mundo acelerado em que vivemos. Muitos compromissos, horários e agendas nos fazem correr de um lado para outro, algumas vezes até fazendo nos esquecer para quê. Alguns convites são deixados de lado porque não se tem tempo para aceitá-los. Então uma frase comum é: “Não tenho tempo”.

 É uma boa meditação avaliar sua qualidade de vida em relação ao tempo. Formule algumas frases sobre o seu tempo e depois substitua a palavra tempo por vida. Na frase “Não tenho tempo”, ficaria, “não tenho vida” ou  “o tempo está curto”por “a vida está curta”. Isso me faz lembrar uma historinha em que um menino da cidade conversa com um menino indígena, se gabando dos compromissos que ele tem: “À tarde vou pra escola e de manhã, faço aulas de inglês e informática.” E o indiozinho pergunta então para o menino: “E que horas que você vive?” 

Os gregos antigos costumavam diferenciar o tempo entre Chronos e Kairos. Chronos  é de natureza sequencial, linear e quantitativa – o tempo cronológico do relógio e Kairos, é o momento oportuno, qualitativo e subjetivo. Viver apenas com Chronos, é viver escravo do relógio. Chronos devora seus filhos, Kairos traz a plenitude do momento. É um tempo sem tempo em que o inesperado acontece, a oportunidade chega, tem uma profundidade e significado.

Conseguir  viver Kairos no Chronos, ou seja, colocarmos qualidade dentro da quantidade é que é o desafio. Percebemos o tempo de diversas formas. A criança vive no aqui e agora. O jovem quer tudo para ontem, e o ancião, já aprendeu a ter paciência e a valorizar cada minuto.  A percepção do tempo também  difere quando estamos fazendo algo agradável, como estar com alguém querido e as horas voam, e quando se está fazendo uma tarefa chata, em que a hora não passa. A percepção do tempo é bem pessoal.

Para vivermos no país das maravilhas de Alice, precisamos cortar a cabeça como ordena a rainha de copas, ou seja deixarmos um pouco o intelecto de lado. Para nos deleitarmos com Kairos, precisamos sair da mecanicidade  das ações repetitivas e acordar para o tempo novo que criamos a cada instante.

Gastamos tempo e energia em assuntos que não nos levam a lugar nenhum, como fofocas e julgamentos. Ocupam a mente impedindo-a de criarem pensamentos e ações mais construtivas. Por outro lado, é comum pensar que algumas coisas são perda de tempo, quando na verdade é um investimento. Eu costumava dar treinamento em multinacionais para aperfeiçoamento de equipes, algumas pessoas tinham dificuldade de aceitar parar de trabalhar para investir numa melhoria. Da mesma forma que o músico precisa parar para afinar o instrumento, os profissionais precisam parar para afinar seu próprio ser. Podem estar perdendo tempo para solucionar um problema, que uma outra equipe já solucionou, então dialogar sobre o trabalho pode ser uma grande economia de tempo.

Para saber se está fazendo o investimento de tempo, certo na sua vida faça o seguinte exercício: Imagine se estivesse hoje no seu último dia de vida, e não há mais tempo. O que você teria deixado de lado? Após essa reflexão, a direção da sua energia pode mudar para o que realmente importa pra você, então mãos à obra.

Podemos dividir o tempo em 3:  tempo de trabalho, de lazer e de investimento. Existe uma proposta de um sociólogo italiano, Domenico De Masi, que propõe o Ócio Criativo, onde o lazer pode produzir idéias inovadoras. Quando temos um problema e  ficamos em cima dele, a solução não vem. Ao nos distrairmos, caminhando na natureza, assistindo um filme, lendo um livro, nos desligamos do problema e permitimos nossa mente, criar. Paradoxalmente, quando se relaxa, saimos da ansiedade opressora e tudo começa a fluir.

De Masi ainda vai mais além: “O futuro pertence a quem souber libertar-se da idéia tradicional do trabalho como obrigação ou dever e for capaz de apostar numa mistura de atividades, onde o trabalho se confundirá com o tempo livre, com o estudo e com o lazer, enfim com o “ócio criativo”. 

Existe um movimento iniciado na Itália das “cidades lentas” (Città Slow) que teve início com a campanha das Slow food que nasceram em contrapartida dos Fast foods.  Esse movimento se tornou uma categoria e um selo de qualidade. Valores como sustentabilidade para a natureza e as próximas gerações passam por uma filosofia onde comunidades tem suas identidades próprias, espaços verdes de convivência, menos trânsito e barulho e mais saúde pode ser uma ótima inspiração para nossa cidade que já é abençoada com belíssima natureza e se tornar cada vez mais um excelente lugar para se passar o tempo.
Sílvia Rocha - Psicóloga, crp: 05/21756 Arteterapeuta
 

 

Organize-se Parte I - O Espaço


Organize-se
Parte I – o espaço
Diário de Teresópolis, 09 de janeiro de 2014

Início de ano é tempo de se organizar. Desde a compra dos materiais escolares dos filhos, planejamento financeiro, viagem, metas no trabalho, estudos,  encontrar mais os amigos, até arrumar um(a)  companheiro (a) e melhorar a saúde.  Há quem prefira ir fluindo na vida, sem grandes planejamentos, mas sempre necessitamos de um mínimo de organização. Para fazer uma viagem, precisamos arrumar as malas e decidir o que colocar dentro e o que deixar de fora. A mesma coisa acontece em qualquer “viagem” escolhida.  

Então podemos pensar que a mala é o espaço físico que você vai atuar: Sua casa, seu escritório ou local de trabalho.  Arrumação do espaço precisa estar condizente com sua movimentação nele, e ser fácil para encontrar as coisas. O mínimo de coisas, facilita não só a circulação física pelo espaço como também a energética. O seu espaço vai ditar a vida que você quer levar.

Sua casa é um espelho de seu interior e vice-versa. Se você se sente confuso, arrume a casa. Colocar uma gaveta em ordem já vai trazer uma sensação de ordem interna, controle e segurança. Os atos tem um efeito em nosso interior.   Experimente.  Quem quer estudar precisa ter um local silencioso e arrumado para poder se concentrar. Excesso de coisas embaralha a mente. Para quem quer produzir obras de arte, um espaço que estimule a criatividade, com uma vista agradável, ventilado, despojado  e amplo.

Por outro lado, excesso de arrumação e limpeza passam a sensação de uma casa vazia, sem vida. Onde tem pessoas circulando, tem alguma coisa fora do lugar, tem vida. Morar numa casa não significa necessariamente ocupá-la, tomá-la. Ela pode estar abandonada, carente de espírito. Neste caso cabe a reflexão: você está se abandonando?  É preciso presença, cuidado, amor, olhar, tempo e relacionamento com ela para transformá-la num lar. Necessita de um clima afetivo, alegria, um lugar onde crianças crescem em segurança, onde bem estar e qualidade de vida imperam.

Os símbolos representados em quadros, objetos, cores, mobílias também nos transmitem aonde os passageiros desta casa estão indo.  É muito pessoal cada item escolhido para ocupar uma casa. O importante é que seus habitantes se sintam bem e em harmonia, e não “briguem” com a arrumação.

Cada cômodo de sua casa, pode trazer numa leitura simbólica,  informações sobre sua vida. Analise cada um e faça um diagnóstico. A sala é geralmente o ambiente social, de receber familiares e amigos, de brincar com as crianças. Existe nessa sala um lugar convidativo e acolhedor? Você tem recebido pessoas em sua casa, mais ou menos do que gostaria? A cozinha é o local da nutrição, o calor do fogo, que tanto atraem as pessoas - que acabam terminando as reuniões na cozinha. Como está este espaço? O quarto é seu lugar de intimidade, do descanso  e do sonhar. Para os casais, é o lugar do encontro íntimo, tanto físico quanto emocional e mental. Das conversas, do se relacionar. O escritório precisa ser funcional, prático e organizado. O banheiro, muito bem asseado.

E aquela área da casa que é a da bagunça? É a sombra da casa, refletindo a sombra dos moradores, que é aquele lugar para onde vão os assuntos evitados, que incomodam. Quase todas as casas tem um lugar pouco frequentado ou entulhado, esquecido, que precisa ser visto e encarado com disposição e coragem para liberar a estagnação. Perceba se existe uma relação de uma área estagnada de sua vida com  este cômodo entulhado.

As bagunças são geradas quando as coisas não tem um lugar para irem. Excesso, gera até sujeira e um ambiente insalubre, quando não se consegue jogar fora. Dependendo, pode até sinalizar uma patologia, onde uma ajuda profissional se faz necessária.

O lixo foi feito para ser usado. E reciclado. Jogar fora coisas não usadas, encostadas, sujas, quebradas traz uma leveza para a casa e para você. Desapegar e abrir espaço para coisas novas, dentro e fora de você. Um bom começo é buscar o significado daquilo que você está guardando. Reciclar, traz mais leveza ainda. Reciclando coisas, histórias e emoções e ainda você não estará entulhando o planeta.  Se expandirmos nossa percepção, constataremos que nossa verdadeira casa é o planeta. E precisamos estender nosso cuidado, principalmente para ele. Por isso antes de comprar qualquer coisa temos que pensar que um dia virará lixo. Precisamos trazer mais consciência na hora do consumo.

Além do espaço, o tempo também precisa ter gestão. Este, pode esperar a próxima semana. O que adianto é que este pode ser um momento de gestação e preparação para tomar impulso para o resto do ano. De malas prontas para seguir em frente: Boa Viagem!

Sílvia Rocha – Psicóloga crp: 05/21756, Arteterapeuta

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Você é livre?



Você é livre?
Diário de Teresópolis, 03 de janeiro de 2014

“Tudo aquilo que não enfrentamos em vida acaba se tornando o nosso destino”.


         O que é a liberdade? Não é somente ausência de submissão ou perda do direito de ir e vir. Apesar da escravidão já ter acabado faz tempo, algumas pessoas vivem encarceradas dentro de suas limitações. Se você não se sente à vontade para agir de acordo com sua natureza, você não é livre. Se você se sente escravo da opinião alheia, de uma mania, de um vício, de uma dor, de uma culpa, de um medo, de uma pessoa, etc, você não é livre.

Ser livre é agir de acordo com seu movimento interno e natural de sua alma, e implica em assumir responsabilidade pelos atos e suas consequências. Algumas pessoas temem a liberdade, pelo fato de não se sentirem seguras para assumirem a responsabilidade. Preferem passar a vida culpando outras pessoas do que assumirem as rédeas de suas próprias vidas. É mais fácil representar o papel de vítima sofredora do que de agente criador de sua realidade . Fácil, porém limitante. O ser humano é um sistema que se auto-renova constantemente, pelo menos tem essa capacidade, e se passar a vida repetindo os mesmos erros e padrões, acaba não usando nem a metade de sua potencialidade criativa.

         Alguns sentimentos impedem essa capacidade criativa e  inata e mantém a pessoa presa ao passado: são as culpas, as mágoas, os apegos, os medos. Da mesma forma que um balão só sobe quando se livra dos pesos, o ser humano só fica livre, leve e solto quando se despede de perturbações do passado. Talvez mais do que se livrar, a palavra correta seja integrar. Pois o que passou, faz parte da vida, da história e pode ser entendido como uma pedra que um dia foi um obstáculo, mas que pode se transformar em um degrau. Disto, vai depender a capacidade de olhar para a sua história de uma forma menos envolvida e sentimental e querer buscar novos significados. Os fatos não podem ser mudados, mas sua percepção, sim!  A chave para abrir essa porta é a palavra: transformação!   Que é uma ação mais interna do que externa. Então, vamos lá:

         Troque as culpas por responsabilidade – Quem se culpa, se oprime e deprime. A culpa é um sentimento que pede punição .  Auto-flagelações são comuns às pessoas que sentem muito culpa. Desde auto-agressividade como se cortar, engordar muito, emagrecer, fumar, se machucar de qualquer forma, até não se permitir ser feliz, passando a vida se boicotando, aceitando menos do que se merece. Vamos entender da onde vem a culpa: A onipotência antecede o sentimento de culpa. Cria-se uma imagem de que se deveria dar conta de tudo, mas como os humanos são falhos, caem nesta armadilha. Uma possível saída para esse cenário, é a humildade de aceitar seus limites e a responsabilidade, que significa  habilidade de responder  por seus atos. Ninguém pode fazer além de suas possibilidades! Perdoar-se é um ato que liberta e traz paz para o coração.

          Curando as mágoas - As “más águas” que poluem internamente e que podem até causar doenças psicossomáticas, precisam ser purificadas. Houve uma expectativa em relação ao outro e esta não foi alcançada e isso pode gerar mágoa, decepção, ressentimento. Receber menos do que se esperava em termos de gratidão, reconhecimento, atenção, amor, amizade, enfim, você se sente prejudicado. E fica o pensamento de que o outro não tratou você à altura do seu merecimento. E nisso tem vaidade sua embutida. Orgulho ferido é uma questão egóica e de auto-referência. O outro sempre age de acordo com suas possibilidades e valores. Perdoar, liberta muito mais a você mesmo do que o outro, pois quem fica carregando o peso das mágoas é você.

         Existem vários tipos de apego, desde a coisas materiais, a relacionamentos, a drogas, status social, dinheiro, até a pensamentos e sentimentos. Sempre que houver ciúmes, tentativas de controle e medos, haverá o apego. Desapegar nos leva a uma libertação. Um bom exercício é limpar gavetas, armários, liberar coisas, doar e  jogar fora é fazer fluir a energia na sua vida. Enquanto você libera coisas que você não usa mais, você vai se livrando internamente também do sentimento de apego. Lembranças do passado que escravizam, vão dando lugar a novas energias mais condizentes com seu presente.  Neste início de ano, é uma boa pedida faxinar por dentro e por fora.

Quanto aos relacionamentos, amar ao invés de se apegar, cuidar para que o outro fique, ao invés de controlar e perseguir. O ciúmes vem, quando o medo de perder toma conta, essa ameaça que corrói por dentro e faz mal. Muito fácil falar, difícil quando se está engendrado nestas situações.

Todos esses sentimentos aparecem quando o ego está no controle. É um trabalho  para sempre, relativizar o ego. É perfeitamente humano sentir tudo isso mas é também humano a capacidade de auto-superação.

         A meditação é uma ótima prática pois ajuda a pessoa a se auto-observar, a sair da mecanicidade de seus impulsos e a entrar na totalidade do Ser. Ficar em silêncio, sozinho, respirando, ouvindo o pulsar do coração, observando os pensamentos e refletindo sobre eles, diminuindo o ritmo dos pensamentos até quem sabe ficar sem pensar, para além do ego, sentir sua presença real e espiritual. Ficar no presente! Coração limpo e aberto, a reatividade desaparece e o equilíbrio permanece. Equilibrar-se e desequilibrar-se é um movimento constante da vida, assim como a expansão e o recolhimento.

Há uma tendência a repetir aquilo que não se aprende, situações semelhantes aparecem para que novamente aquele sentimento ainda não superado se revele para se ter mais uma oportunidade de transcendência. Segundo S. Freud é a compulsão `a repetição. Se não aprender a lição, repete-se de ano! E segundo C. G. Jung:  “Aquilo a que você resiste, persiste.”

Essa repetição de padrão, também é encontrada no clã familiar. Segundo Bert Hellinger, criador das constelações familiares da terapia sistêmica, se uma pessoa não segue o padrão familiar sente-se excluída. Assim um destino vai passando de pai pra filho, inconscientemente, como por exemplo, dificuldade de ter sucesso profissional. Para pertencer a esse clã, todos precisam passar por isso, ou pelo menos, acreditam que precisam. Hellinger propõe que esses padrões uma vez conscientes, sejam trocados por uma outra forma de homenagem. Ao invés de repetir o padrão seguindo o mesmo comportamento, realizar o sucesso em honra ao clã familiar, dedicando sua ação em homenagem aos familiares não tão bem sucedidos.

Limpando o coração, e reconhecendo padrões pessoais e familiares, podemos conquistar a autonomia e a independência de sermos livres. É preciso trabalho, coragem e permissão. Quando não se consegue sozinho, vale um pedido de ajuda para reconquistar a liberdade de amar, de escolher, de viver!

Sílvia Rocha- Psicóloga (crp:05/21756) e Arteterapeuta

e-mail: silviaayani@gmail.com

Resoulções para 2014



Resoluções para 2014
Diário de Teresópolis, 27 de dezembro de 2013

                É tempo de aproveitar essa energia de alegria e celebração de fim de ano para criar as resoluções para o próximo ano. Com frequência ouvimos aquelas promessas de que no ano que vem tudo será diferente. “Vou fazer uma dieta, vou economizar, vou viajar, vou trabalhar mais, ou trabalhar menos, estudar, casar, etc.” É um ótimo momento carregado de energia de renovação, então é bom aproveitar. Só que algumas resoluções acabam caindo no esquecimento e não se realizando.

                Essa lacuna entre o desejo e a realização se deve ao fato de não se assumir disciplina e  comprometimento. Uma meta precisa de direção e trabalho. É como um alvo, e o compromisso,  a flecha. O lançamento de uma flecha é uma boa  metáfora para um compromisso assumido, uma vez lançada, não tem como voltar atrás.

                Para ter uma direção, é necessário saber qual o lugar de chegada. Descrever detalhadamente a meta a alcançar, é o primeiro passo. Escrever – pois tudo que é importante precisa ser escrito - colocando uma data, um local, visualizando a realização de forma mais realista. Por exemplo, se for passar num concurso a meta que quer alcançar, precisa visualizar a data da posse do novo cargo. A realização da prova é uma etapa do cumprimento da meta, mas a meta é depois que  já se souber da aprovação.  Criar na imaginação o nome no jornal, por exemplo. Cabe à criatividade formular essas visualizações, pois é como se elas ensaiassem aonde se quer chegar. Criar na mente, gera essa possibilidade.

                Lutar é preciso!  A zona de conforto é aquele lugar convidativo que não deixa você avançar na vida. Listar os possíveis boicotes que você mesmo pode fazer, é uma forma de não ser pego de surpresa. Ter consciência deles é uma forma de dominá-los. Preguiça, sentimento de não merecimento, pessimismo, falta de firmeza, e algumas tentações e testes - que você deve imaginar quais são, para te tirar do caminho, são alguns exemplos. Escolher, implica em saber perder, abrir mão.  Pois quando você escolhe um caminho, perde outro. Estudar para um concurso é um bom exemplo. Você perde horas de lazer, momentos em família, talvez; saídas noturnas. Os ganhos são adiados e é preciso ter determinação para se manter firme em seu propósito. Se for fazer uma dieta saudável, será abrir mão de doces e frituras. Colocar fotos ou imagens que lembre de seu sucesso, pode ser muito motivador. De qualquer maneira, é um sinal de inteligência saber esperar, fazendo o dever de casa diário. 

O trabalho deve ser diário para se tornar consistente. Mudança de hábito, precisa de consciência e persistência.  É mais fácil continuar no conhecido e seguro. Lançar-se, pede acionar aquela parte de nós, heróica e guerreira.

Podemos criar metas nas principais áreas da vida: saúde, família, trabalho, finanças, social, comunitária, espiritual. Seguem algumas reflexões sobre cada área, que podem ajudar a criar metas:

Cuidar da saúde é ter bem estar físico e prevenir doenças. Não deixe pra pensar na saúde, só quando sentir falta dela, ou seja, quando ficar doente. Fazer um exercício físico, ter uma alimentação saudável,  dormir bem e ter lazer, são aconselhados para uma vida saudável. Também acrescento à lista, o cuidado com os pensamentos e com as emoções.

Cuidar da família é uma nutrição emocional. Dedicar tempo para os pais, filhos, avós, netos, companheiro (a) é dar atenção à saúde emocional. A família é o lugar de troca de afetos, é dos ancestrais que vem nossa fonte de força, essencial para nosso bem estar. E são nos filhos que estão a continuidade da vida.

No trabalho é importante saber qual sua medida. Há quem trabalhe demais, comprometendo as outras áreas da vida. Há quem trabalhe por dinheiro apenas, tornando-o um sacrifício. Trabalho pode ser uma expressão de sua criatividade, assim você se torna realizado no que faz. Estudar é para sempre, pois se aprimorar, leva a um crescimento no mínimo pessoal e possivelmente  de carreira.

As finanças não devem ser a finalidade em uma meta, mas uma boa consequência. Seja por um trabalho bem feito, um negócio bem planejado e executado, um esforço merecido. Prosperidade tem a ver com auto-valor e capacidade. É uma boa auto-análise verificar se o que se ganha é o que se merece.

Na esfera social, vale pensar nos amigos, colegas, círculos, grupos e lugares onde se pode conhecer novas pessoas. É nos encontros que construímos a nossa identidade e nos renovamos. Ventilamos as ideias e trocamos energia, conhecimento e prazer.

Olhe ao redor, o que você  faz pela sua comunidade, pela sua cidade e por sua natureza? Como você exerce sua cidadania? Você é parte de um sistema, um simples gesto pode ter consequências pequenas ou grandes. Ter essa consciência leva à responsabilidade e ao poder que cada um tem, de ser exemplo, de gerar mudanças, de ser um ativista.

Independente da religião que se segue, a espiritualidade pode ser praticada no dia-a-dia, com a crença em um plano maior. Uma prática espiritual precisa ser realizada com vontade e não obrigação. Vir de dentro pra fora e não imposta. A espiritualidade verdadeira é aquela que faz você viver valores como fraternidade, fé e humildade, que antes de mais nada, humaniza e leva a uma evolução. 

E falando em valores, checar se suas metas estão em harmonia com todos a sua volta é trazer ética e mais força para sua realização. Compartilhar suas metas com alguém, é se comprometer mais ainda com elas. A testemunha pode ao longo do ano lembrar a você do caminho escolhido, te apoiar e até cobrar. E construir metas comuns ao seu companheiro fortalece a relação.

Criar metas é canalizar sua energia vital para a realização de algo, sem se perder com distrações. Assim, se você escolhe plantar batata, vai colher batata, é uma lei natural. Porém, precisamos ficar atentos aos sinais que a vida dá. Por mais que objetivos sejam criados, não podemos controlar tudo! Se algo acontece no meio do caminho e que você interpreta como uma nova oportunidade, a flexibilidade para mudar a direção é indicada.  Entregar a um plano maior é confiar que tudo tem um sentido, mesmo que este não se apresente na hora.

Algumas lições são disfarçadas em perdas. Revisitar o passado pode ser muito útil para aproveitar as experiências vividas.  Metas são capítulos de um grande livro que é a vida e o sentido maior de tudo pode ser apreendido mais pra frente. O importante é que o caminho tenha um propósito e o futuro, você pode sonhá-lo, agora! Sílvia Rocha – psicóloga silviaayani@gmail.com

Problemas de Final de Ano

Diário de Teresópolis, 18 de dezembro de 2013
 
Problemas de final de ano

"Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem, a segunda é vivê-la como se tudo fosse um milagre". - Einsten

É comum no final de ano com a proximidade do Natal e da virada de ano, que algumas crises aconteçam. Muitas vezes não são questões iniciadas agora, elas já existiam, só é colocada uma lente de aumento sobre elas nesta época do ano. Principalmente assuntos que foram sendo “empurrados com a barriga”, ou postos de lado mesmo, para não serem mexidos.

Natal sempre mexe de uma forma ou de outra. Até mesmo para quem não é religioso, noite de Natal nos remete a reunião em família, comes e bebes, troca de presentes. E família é uma coisa que mexe. Tem gente com família grande que precisa escolher com qual parte da família passar a ceia. E se a outra parte ficar chateada?  Algumas pessoas se desdobram ficando um pouquinho em cada casa. Mas tem sempre alguém que vai se desagradar: “já vai embora, tão cedo?” Tem famílias pequenas, tem gente que mora longe da família.  Hoje em dia tem tantas formas de família, que o Natal deveria durar uma semana. Pais separados, avós separados, tios, tias. Novos casamentos, novos arranjos e as crianças pra onde vão?  As combinações nem sempre harmoniosas podem resultar em conflitos difíceis. E aquela pessoa da família que você não resolveu uma briga e está sem falar até hoje? Será que vai encontrar com ela no Natal? Sem falar daquela pessoa que você simplesmente não consegue simpatizar, qual a máscara social que você vai colocar?

São tantos enredos familiares que mais parece que Natal virou uma novela, para não dizer, um problema. Quem se separou há pouco, ainda não sabe o que esperar de uma nova configuração natalina. Ainda se ressente da perda do companheiro (a). Há saudades e lembranças dos Natais passados.  É impressionante como o Natal é um grande catalisador das questões abertas que ainda não foram resolvidas. E pra falar a verdade, acho isso muito bom! É uma grande oportunidade de resolução, pois só confrontando com elas que é possível resolvê-las.  Se não fez isso antes, que seja o quanto antes. Afinal, arrastar correntes é bem pesado para quem quer viver a vida!

Nas famílias que houveram perdas de entes queridos, é muito difícil os primeiros Natais.   Perdas implicam em lutos, que são momentos de sentir a dor, elaborar a perda, chorar, voltar-se pra dentro, até ter novas forças para continuar vivendo, apesar da ausência. Esse tempo precisa ser respeitado. Tem famílias que optam por não celebrar o Natal devido ao luto, pois a dor ainda está a flor da pele. Outras celebram e fazem uma homenagem à pessoa que partiu, talvez quem se foi, iria gostar de saber que a família continua se apoiando e se lembrando de suas raízes.

Algumas pessoas problematizam em torno do dinheiro. Gostariam de dar presentes mais caros ou mais do que podem. Aqui abro um parênteses para uma crítica social e ecológica. Vivemos como diz Guy Debord, a sociedade do espetáculo, onde o ter é mais valorizado que o ser, onde as coisas são mais valorizadas que as pessoas e o consumismo é um devorador de almas. Quanto mais se consome desnecessariamente, mais se abre um vazio existencial. A preocupação em mostrar o status social, muitas vezes até um falso status social, faz com que se compre um presente mesmo não podendo, gerando outros problemas até piores como as dívidas e como também o abandono de lares. Nesta época de Natal tem pais e mães trabalhando dobrado enquanto os filhos estão sozinhos, ficando vulneráveis emocionalmente e também a todos os tipos de perigos que a rua pode proporcionar.

Existem muitas formas de se presentear. Em algumas tribos nativas o melhor presente é do desapego. Você presenteia alguém com algo de mais valoroso que você tiver e você também recebe algo que é lhe muito caro (no sentido de estima) de outra pessoa. Já participei de rodas com presentes-desapego algumas vezes e até hoje quando olho pro presente, me lembro da pessoa, da história que vem de brinde com o presente, da emoção vivida. Todo mundo tem uma história pra contar. Compartilhá-las pode ser inclusive um grande presente, uma lição de vida.

Existem também os presentes criativos, artesanais e ecológicos.  Reciclando materiais, você mesmo faz o presente, fica orgulhoso de sua criação e ainda faz uma terapia ocupacional, ao invés de se estressar com compras de Natal. Quantos jogos e brinquedos, podem ser feitos com papelão e garrafas pet?  É só pesquisar. Tive a experiência maravilhosa de ver crianças indígenas brincando no leito do rio com um barquinho feito de tronco de árvore e folhas. Para sentir aquela alegria não foi preciso nenhum barco à pilha com luzinhas piscando. Algumas crianças da cidade já sofrem hoje desta patologia causada pelo consumo, pois parecem que só serão felizes se tiverem roupa de marca ou brinquedos eletrônicos. Necessitam de algo externo a elas para se sentirem preenchidas.

O verdadeiro sentido do Natal está ligado à vivência do arquétipo da criança divina. Na nossa cultura judaico-cristã, com o nascimento do  menino Jesus. Cada um vai vivenciar este arquétipo a seu modo, segundo sua história de vida e seu jeito peculiar de ser. Isto significa deixar nascer o novo,  ser criativo e olhar a vida com os olhos de uma criança. Comprar, comer e beber é  muito bom, em demasia  pode não ser nem um pouco, principalmente quando é um substituto para o afeto. Este é um tempo sagrado para reflexões, para buscar novas nutrições e significados. Quem sabe o simples e o suficiente pode abrir espaço para o fortalecimento das relações, para o essencial e verdadeiro?  Valorizar a presença, o sentimento de união, o amor. Aceitar as mudanças que a vida trouxe é aceitar reescrever uma história, talvez com mais humildade, maturidade  e sabedoria. E quem sabe assim o ano novo possa ser Novo de verdade!

Sílvia Rocha