sábado, 2 de maio de 2009

O Olimpo nas empresas - as deusas vão trabalhar

O Olimpo nas empresas

Existem nas mulheres pelo menos sete arquétipos em sua psiqué que se bem vividos e expressos podem ser uma força na vida da mulher. São as imagens das deusas gregas que aqui se vestem pra trabalhar:

Mulher Ártemis- mulher caçadora – vai à caça de novas oportunidades, não é aquela que fica esperando pra ver o que acontece, se identifica um problema vai logo atrás das soluções, tem iniciativa, é pró-ativa. Não espera que a mandem fazer, ela se levanta da cadeira, vai lá e faz. É objetiva, nada faz ela se distrair de sua meta, assertiva e auto-confiante. Acerta o alvo com seu arco e flecha. Tem a dose certa de agressividade necessária para firmeza nos seus direcionamentos. Sabe dizer não e traçar seus limites. Tem conexão com a natureza, o instinto necessário à sobrevivência, pé na terra e atitudes ecologicamente saudáveis.

Mulher Hera – mulher social – Fazer alianças é o seu dom. Cúmplice, sabe recepcionar e fazer as pessoas se sentirem bem, Seu olhar é perante o coletivo e o social. Sabe se colocar, se vestir segundo a ocasião, se comunicar, chamar a atenção para si, ser porta-voz. Gosta de ganhar dinheiro, é ambiciosa, deseja sempre o que existe de bom e de melhor, principalmente sua coroa. É rainha nos relacionamentos de parceria.

Mulher Atena – mulher intelectual – diálogo e escuta é com ela mesma. Saber ouvir é um talento cada vez mais escasso, pois normalmente se ouve já pensando o que vai se dizer em seguida, perdendo parte da comunicação. A escuta sem julgamentos ou preconceitos é a verdadeira arte da comunicação. O diálogo é feito do livre fluir de significados entre duas ou mais pessoas. Utilizando-se da melhor qualidade que a razão pode dar, o pensamento em conjunto pode alavancar idéias inovadoras e projetos criativos de autoria coletiva. Sabe cortar com sua espada aquilo que não está sendo produtivo ou atravancando a execução dos projetos. Esta mulher procura estar sempre evoluindo, estudando se aperfeiçoando em seus conhecimentos. Uma mulher de extrema inteligência também precisa saber comunicar suas idéias e se o momento é o certo e as pessoas são as adequadas para dividir suas idéias.

Mulher-Afrodite – mulher criativa – adora um palco pois sabe se expressar. É uma artista nata e tem muitas idéias criativas. Sabe envolver e conquistar os clientes, trazendo a beleza nos momentos mais difíceis. Sabe criar um clima amistoso e agradável, até quando cliente não tem razão. Sua empatia vem de sua talentosa habilidade de se relacionar primeiramente consigo mesma, sempre se olhando (espelho) para melhor saber onde pode melhorar, cuidando de sua auto-estima e depois percebendo o outro na sua sensibilidade de encontrar o que o agrada.

Mulher-Deméter – mulher cuidadora – Cuida bem de todos e de dos detalhes. É atenta ao clima emocional da equipe, como uma mãe, sabe amparar ou dar críticas construtivos. Considera seus projetos como filhos e vai dar toda sua energia vital até partejá-lo. Sua vontade é visceral, entende os ciclos da vida, tem visão de longo prazo e compreende que só vai colher o que plantar.

Mulher-Perséfone – mulher intuitiva – Ótima para criar visões de futuro, planejar, criar possíveis cenários futuros e intuir. Não pergunte a ela como chegou a tal conclusão, confie que seu sexto sentido lhe dirá o caminho a tomar. Ela pode se passar despercebida, mas na hora certa virá como uma luz, enxergando aonde outros não conseguiram vislumbrar. Sincronicidades são comuns perto dela, e pode até mesmo captar telepaticamente, um pensamento do cliente ou do colega de trabalho, podendo se antecipar ‘as demandas e sair na frente.

Mulher-héstia – mulher sábia – Esta já está lá no topo. Sabe principalmente o momento certo de silenciar. Tem as soluções para quase todos os problemas pois conquistou através da experiência um conhecimento vivido. Se já não tiver se aposentado, ela vai ser uma guia orientando, treinando as que estão chegando agora. O equilíbrio emanado e a harmonia em sua volta, transmitem a segurança de uma mulher que sabe de si e confia que exerce bem sua missão no mundo.


Sílvia Rocha - (junho de 2007)

10 qualidades nas mulheres de sucesso!

10 qualidades que observei em mulheres de sucesso


Há dez anos atuando como consultora de empresas, realizando treinamentos e desenvolvimento de equipe, tive contato com muitas mulheres em cargos de liderança. Sabemos que as mulheres tiveram que se masculinizar para entrar no mercado de trabalho, mas aquelas que tem maior conexão com seu feminino é que saem na frente! Abaixo algumas qualidades femininas à disposição da mulher para ela se tornar bem sucedida, sem deixar de ser feminina:

1. Visão do todo sem se esquecer das partes. Uma das qualidades femininas que pode ajudar a mulher a se tornar bem sucedida é usar sua visão global. Esta é uma característica essencialmente feminina, olhar para a floresta como um organismo vivo e não apenas a árvore que pode se transformar em madeira. Empresarialmente falando é olhar a organização como um todo interconectado, onde a ação de um vai afetar todo o conjunto. A visão precisa ser em todas as direções. Hoje em dia o poder está nas equipes, está acabando o trabalho individual e solitário. Uma coordenadora de equipe de uma grande corporação, havia ganho este cargo devido a sua competência em administrar suas funções, e continuava respondendo bem às solicitações de sua chefia em tempo quase integral porém a custo de se esquecer de sua equipe que se tornava cada vez mais dispersa e imatura na busca de novos desafios. Olhava para cima mas não olhava para baixo. Esta coordenadora após um treinamento verificou que ao deixar sua equipe de lado, preocupada com as demandas que vinham de cima, não envolvia sua equipe adequadamente – o que poderia ajudá-la a responder mais eficientemente a seu superior. Uma reunião semanal com diálogo e discussão das questões foram suficientes para que o desempenho de sua equipe se multiplicasse e todos inclusive ela, oferecesse melhores resultados a seu superior, o que foi notado rapidamente. Envolver a todos e se importar com cada um de sua equipe foi a chave para o sucesso de seu desempenho.

2. Relacionamento – As mulheres são mestras em criar empatia e é necessáio que seja com todos, desde chefes, subordinados, clientes, colegas, funcionários, etc. E não só com a amiga que pensa da mesma forma. É sentir junto com o outro, mesmo que ele não sinta o mesmo que você. Criar relacionamentos bem sucedidos é a chave para trabalhos em equipe bem sucedidos. Quando você gosta da companhia de alguém, o pensamento flui, as idéias brotam, é motivante estar junto desenvolvendo um projeto. Para obter esta harmonia é importante entender que as pessoas são diferentes e pensam diferentes, assim como sentem diferentemente. Esta multiplicidade pode se transformar em riqueza produtiva se os diversos modelos mentais são incluídos. Divergências são sinônimo de diversidade. Saber aproveitar melhor os talentos da sua equipe é uma qualidade feminina que nasce porque a mulher pode sentir junto.

3. Intuição – este sexto sentido feminino pode ser um grande aliado. Atenção às sincronicidades, aos sinais que vem do inconsciente. As mulheres podem usufruir de um potencial que há muito foi esquecido, a intuição feminina, aquela voz interna que ninguém sabe de onde vem mas que dá uma luz a algumas questões e muitas vezes orienta que caminho seguir. Sem nenhuma explicação lógica ela lhe dirá com confiança e simplicidade: Vá por ali!
Uma consultora interna de uma grande empresa havia sido convidada a trocar de sessão, grande oportunidade de aprender com os mais velhos e sentia que seria um ambiente ótimo e mais confortável de se trabalhar. Porém sua voz interior lhe falava que deveria se manter aonde estava, apesar dos conflitos que deveria administrar com colegas do mesmo setor. Passado um ano sua intuição se confirmara, os resultados de sua pesquisa foram reconhecidamente bem sucedidos e fora convidada a palestrar em muitas conferências e ainda instruir muitas outras equipes, o que não aconteceria se tivesse trocado de setor e ficado em baixo de uma proteção e trocado o foco de seu trabalho.

4. Inteligência emocional - Existe vida humana nas empresas por isto incluir as emoções como uma fonte de energia é bastante inteligente. Foi num grupo de diálogo que promovi que vi uma mulher chorar perante seus colegas de treinamento diante de uma situação que afligia a todos. Ela ali chorou por todos como uma porta voz, trazendo à luz e também ao mesmo tempo a cura daquela ferida. E também foi ela que humildemente mudou seu ponto de vista e o explicitou após ter ouvido a todos em silêncio. Estava convencida de que seu pensamento anterior não contemplava a verdade de todos os envolvidos, ela serenamente se curvou a união de todos os pensamentos, fazendo surgir um novo e mais criativo elemento que seria o cimento de uma construção em conjunto. A satisfação ficou estampada no rosto de todos. Logo percebi que ela era a líder daquele grupo.

5. Criatividade – Não basta ter apenas ótimas idéias, é importante a sensiblidade de qual melhor momento aplicá-las. É da função feminina a arte de criar, gestar e cuidar. A união da imaginação com a ação é a arte da inovação. Mulheres confiantes e criativas tendem a ser uma alavanca para qualquer processo de desenvolvimento.

6.Prontidão – uma líder é aquela que está sempre pronta para servir a sua equipe. Pronta inclusive para correr riscos. As mulheres se envolvem o que dá um sentido muito especial ao seu trabalho. Trabalho se assemelha a missão, por isto podem responder a desafios tão prontamente.

7. Comunicação: Sabem expressar suas idéias, sabem dialogar, ouvir
capta o melhor momento para aparecer e também o melhor momento para se retirar. Sua palavra pode transformar estado negativos em positivos. Frustações em enconrajamentos. A mulher conectada com seu lado feminino pode transmutar situações fazendo uma alquimia, através das palavras criando realidades mais favoráveis para todos.

8. Auto-controle - O presidente de uma grande empresa diz ter promovido a gerente mais calma e centrada, para assessorá-lo. “ Tudo de mais alarmante que apresento, ela simplifica trazendo soluções ao invés de focar no problema e se desesperar, tem uma grande habilidade para diminuir o stress, com isto pensamos mais e melhor”.

9. Auto-estima – uma qualidade feminina admirável nas mulheres de sucesso é seu amor próprio. Elas jamais se esquecem de si mesmas perante a quantidade de trabalho, sabem que se elas se atropelarem vão ficar se devendo e em falta com sua prioridade número um: elas mesmas. Por terem amor próprio se concentram em sua maestria pessoal, não gastam energia com pensamentos negativos, sentimentos de inferioridade ou ações dispersas. Se estas ocorrem apenas não nutrem estes estados. Gostar de si e se auto-admirar é um combustível para estar sempre se auto-superando. E quando erram, porque não são perfeitas, aprendem com o erro e se perdoam.

10. Espiritualidade – As mulheres que convivi mais cheias de classe foram aquelas que tinham uma postura ética primeiramente consigo mesmas e depois com os outros. Não se envolviam com questões de fofocas ou outros enredos egóicos tão humanamente encontráveis. Suas mentes estavam focando mais alto. Problemas mais globais como Responsabilidade social, Ecologia, Fome, Miséria, etc. Normalmente eram mulheres que se voltavam para si mesmas buscando auto-conhecimento e que tinham na espiritualidade uma grande força para se lançarem a resoluções desafiantes. Sabiam que tudo está em conexão com o Todo maior e que podiam ser um canal de transformação.

Sílvia Rocha - (junho de 2007)

CRIATIVIDADE

CRIATIVIDADE
“A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte.” - Ghandi


Acredito que a cura de muitos males psicológicos está na habilidade de criar. A solução já está contida no problema, assim como a flor já está contida na semente. A simplicidade surpreende a todos e ver o óbvio pode ser muitas vezes difícil. A educação emocional tão carente na nossa história é uma lacuna a qual precisamos preencher agora se queremos viver com mais qualidade e com mais firmeza na sabedoria do coração. Fez falta a crença de que o ser humano pode confiar na sua criatividade. Fomos conduzidos a desenhar árvores com caule marrom e copa verde e se mudarmos as cores poderemos nos sentir ameaçados pelos olhos inquisidores dos juízes da normalidade.
Repetição é o que fazemos quando buscamos segurança. Posso voltar num restaurante porque sei que eu gosto do cardápio e do serviço. Também posso buscar o novo quando é o desconhecido e a novidade que me instigam. Há pessoas que tem compulsão pela mudança, são estas que levam a Humanidade a novas descobertas e possibilidades. Há outras que resistem ao menor grau de instabilidade e há ainda os que se adaptam fácil se houver alguma mudança. Querer sempre segurança ou sempre mudança pode vir a criar uma patologia. A alternância gera movimento e portanto energia vital.
O medo é o inimigo primeiro da criação. Para criar é preciso ter coragem e se desapegar de referências anteriores, sair da zona de conforto que é o conhecido e previsível. Questionar o pré-estabelecido dentro de sua própria mente. Ter imaginação é o primeiro passo, pois antes de acontecer concretamente é preciso que haja a idéia.
“Limitações são criadas apenas pela nossa mente” – Provérbio Chinês
As crenças são o veículo que facilitam ou dificultam a criatividade. Quando confundimos crença com verdade absoluta estamos aprisionados pela nossa própria mente. Paradigmas científicos ajudam na interpretação do mundo e muitos dos que antes eram considerados inquestionáveis já foram ultrapassados. O modelo cartesiano de pensamento foi substituído pelo newtoniano e agora mais recentemente pelo quântico. Os modelos mentais servem para organizarmos nossos pensamentos numa direção. São mapas e não o território em si. Quando não nos serve mais podemos reavaliá-los e trocá-los.
Se você acredita que você pode ou se você acredita que você não pode, das duas formas você está correto.
Todos são criativos porque todos já foram crianças. O mundo da fantasia, as brincadeiras e jogos são estimulantes da criatividade. É mais fácil chegar a um pensamentos criativo quando estamos relaxados e até mesmo nos divertindo. Sob estresse é mais difícil inventar soluções. Os insights e inspirações vêm quando não estamos procurando por eles, no banho, dirigindo ou quando não estamos fazendo nada. O chamado ócio criativo. Por isto o clima de uma empresa é tão importante quando se precisa de inovação. Os relacionamentos bem resolvidos fazem a produção deslizar principalmente se o trabalho é feito em equipe.
Nos relacionamentos de casal, a criatividade também é responsável pela criação de um clima de magia e sedução – necessários não só no início como em todo momento da relação, tenha quanto tempo tiver. O equilíbrio entre a segurança emocional e a novidade dá mais sabor aos relacionamentos. A previsibilidade atrapalha. Um relacionamento precisa estar sempre renovando para se manter vivo, ser sempre uma fonte de nutrição emocional, intelectual e espiritual. Ouse surpreender!
Acreditar que seu potencial criativo é ilimitado, é um bom filtro de percepção, pois autoriza a liberdade de sonhar, de transformar o caos em beleza, de buscar saúde dentro das maiores crises, é se permitir curar feridas passadas, é saber viver bem. Experimente ver a vida com novos olhos, coloque-se no lugar do outro para aprender como é seu modelo mental. Mergulhe nas metáforas, escreva poesias, assista exposições, vá ao teatro, ao cinema, faça arte, dance, olhe o horizonte, amplie seu modelo mental. A evolução é natural no ser humano e criar é também se aproximar de nossa divindade interior. É ser o criador.
“O futuro é incerto, mas esta incerteza está no coração da criatividade humana” – Ilya Prigogine

Sílvia Rocha - (maio de 2005)

De paz e de guerra - irradiações

De Paz e de Guerra
O Poder da Irradiação

“O bater das asas de uma borboleta no Brasil, pode causar um tornado no Texas”- J. Gleik

Frente às cenas de violência e guerra do nosso cotidiano, na cidade e no mundo, ficamos com as energias minadas e com sentimento de impotência. Passivos, e à mercê como telespectadores, sofremos angustiados às decisões covardes de líderes. Medo e indignação com as injustiças, com os crimes em família, queremos fugir ou então anestesiamos as emoções como defesa para continuar vivendo.
É possível fazer alguma coisa perante à degradação humana e ecológica do planeta?
Irradiação
Uma palavra, um pensamento, um gesto pode mudar o rumo da história. Num experimento realizado com cristais de água num microscópio em laboratório, foi apresentado as frases “obrigado” em diversas línguas e “você me faz mal”. Na primeira frase, os cristais formaram um círculo perfeito como uma mandala, e no segundo, foram cada um para um lado, como se estivessem estressados.
Outros estudos sobre o poder das orações e das crenças já chegaram a resultados como a cura de males como o câncer.
O tempo todo nas interações humanas são criados estados positivos ou negativos. O poder de irradiação é maior do que se imagina, e conscientemente é usado muito pouco. A capacidade de influência não pode ser medida, transcende os padrões lógicos de causa e efeito. Irradiamos nossa presença e estado interno onde quer que se vá.
Os três cérebros
O cérebro humano possui três camadas: a primeira chamada reptiliana – porque reage instintivamente feito os répteis, a segunda chamada de cérebro mamífero – porque compreende as emoções básicas de sobrevivência e o amor que une e cria um sentimento de família e pertencimento, e a terceira racional – exclusiva dos seres humanos.
Se a razão é colocada à serviço do instinto, a ação vai ser “pegar o que é meu”, se for preciso passando por cima dos outros, até mesmo matando. Se a razão é colocada à serviço das emoções, justifico meus atos passionais e perco a força que o instinto me concede. Se o instinto é colocado à serviço das emoções, eu não penso nas consequências e sem nenhum auto-controle eu cometo atos que depois posso me arrepender. O ser humano integrado pensa com os três cérebros – possui a força da ação do instinto, possui discernimento e age com a sensibilidade e empatia das emoções.
É possível escolher o trabalho sobre si mesmo atentando para onde se possui mais dificuldades. Com o objetivo de usar cada vez mais todo o cérebro pode-se chegar ao reconhecimento do poder e da responsabilidade dos comportamentos.
Estes comportamentos podem criar um ambiente de confiança, sossego e criatividade ou de competições, stress e destruição. São os comportamentos de paz e de guerra.
Precisamos ser mais inteligentes e ir mais fundo na nossa evolução porque não dá para brincar com o valor de uma vida humana. É bom lembrar que estar bem consigo já contribui muito para a ecologia do planeta.

Comportamentos de paz
- Pedir o que quer
- Aceitar as reais condições do outro
- Elogiar do fundo do coração
- Esclarecer as expectativas que se tem dos outros
- Saber até onde se pode ir e ser honesto se não se pode realizar as expectativas dos outros
- Ouvir as diferentes opiniões e lidar com a diversidade
- Esclarecer mal entendidos e falta de comunicação
- Dar limites adequados
- Dar e receber apoio
- Resolver conflitos criativa e amorosamente
- Sentir-se parte do Todo
- Aderir a alguma causa ecológica e preservar a natureza, etc.
- Amar, amar e amar
Comportamentos de guerra
- Querer agradar para não ser rejeitado, mesmo que isto tire o sossego
- Invejar os resultados positivos dos outros
- Fingir que está tudo bem quando se está chateado com alguém
- Manipular para conseguir o que se quer
- Desrespeitar outro ser humano, tratando-o como objeto
- Excluir outro Ser Humano,
- Abusar de outro ser humano ou da natureza ou ser abusado por alguém, etc...

Sílvia Rocha (julho de 2004)

Educação Emocional

EDUCAÇÃO EMOCIONAL

“Nenhuma teoria ou ciência do mundo
ajuda tanto uma pessoa quanto um outro ser humano
que não tem medo de abrir o coração para o seu semelhante.”
Elizabeth Kubler Ross

Possuímos pelo menos sete inteligências: verbal, lógico-matemática, espacial (dos arquitetos e engenheiros), cinestésica (dos atletas e bailarinos), musical, intra-pessoal e interpessoal. Estas duas últimas se caracterizam a inteligência emocional. Acontece que em nossa educação formal valorizou-se muito as duas primeiras, seguindo moldes de nossa cultura cartesiana e racionalmente científica. Profissionalmente falando também fomos educados para sabermos das coisas e não sentirmos ou intuirmos. Demonstrar emoções pode ser considerado anti-profissionalismo ou fragilidade.
Esta época já acabou. Agora um líder de uma empresa precisa saber muito bem se relacionar com outros, saber ouvir, ter empatia, criar um clima de cooperação e ser aberto à inovação e à criatividade de um trabalho de aprendizagem em equipe. Não um líder tipo show man vendedor de ilusões, que motiva seus funcionários de fora pra dentro dando prêmios e pontos; mas um ser humano capaz de ser humano compartilhando seus sonhos, dúvidas e incentivando os outros a se expressarem com a mesma transparência. Tamanha honestidade emocional exige uma segurança interior e intimidade com suas verdadeiras emoções.
Como recuperar esta espontaneidade já que crescemos num ambiente cheio de proibições de expressão emocional?
Em primeiro lugar é preciso reconhecer que o emocional não é menor que o racional. Segundo C. G. Jung temos quatro tipos de contato com a realidade: pela razão, emoção, intuição e a percepção sensorial. E segundo Pierre Weil quatro formas de conhecimento da realidade: a partir da percepção sensorial e da razão temos a ciência. Pela razão e intuição temos a filosofia, pela sensação e a emoção temos a arte. E a emoção e a intuição nos levam às tradições espirituais. Portanto emoção e intuição são também canais de conhecimento.
As emoções básicas de raiva, medo, tristeza e alegria são reações ao estado essencial do ser humano que é o amor. Quando eu sinto o meu amor invadido eu tenho raiva, quando eu sinto o meu amor ameaçado eu sinto medo, quando eu perco o meu amor eu me entristeço e quando eu compartilho o meu amor eu me alegro. A educação emocional começa quando eu consigo saber o que eu estou sentindo e dou nome à emoção. O próximo passo é eu procurar a melhor forma de expressá-la. Eu paro e penso a melhor forma de agir. Isto é inteligência emocional.
Para a educação de crianças é bom aproveitar o momento em que a criança está sentindo e reconhecer uma boa oportunidade de aproximação. Dar espaço para que ela se expressa e legitimar confirmando seus sentimentos: “Isto que você está sentindo é raiva”. “Você pode socar uma almofada ou chutar uma bola, mas não pode bater no seu colega.” A raiva é uma emoção forte que impulsiona pra frente, para conquistas e defesa do território. Não precisa ser manifesta em forma de violência ou agressão. Se reprimida pode causar doenças se alimentada também. Uma vez expressa de forma adequada, ela tende a ir embora.
A razão pertence ao nosso estado adulto assim como as emoções pertencem ao nosso estado criança. Contactar a criança interior é a chave para um maior contato com as emoções. Você pode ser o seu próprio reeducador emocional, dando permissão a si mesmo de voltar ao seu próprio lar que é sentir seu coração. Chorar quando se está triste, dar limites quando sente raiva, proteger-se quando sente medo. Ao liberar-se de quaisquer emoções que estejam apertando seu corpo, ele se expande e relaxa para viver a alegria que é estar pleno e confiante no fluxo do amor.
Sílvia Rocha - (fevereiro de 2004)

CORPO - A Casa da Alma

CORPO
A Casa da Alma

“Só há um templo no universo, e este é o corpo do homem. Nada é mais sagrado do que esta forma elevada.” Novalis

Na cultura ocidental, o corpo foi relegado a um lugar secundário a serviço da mente racional. A Medicina ocidental estudando sob cadáveres, encontrou órgãos que funcionam como máquinas, separando mente do corpo e corpo das emoções. Na Medicina Tradicional Chinesa, o estudo sob corpos vivos, fez a energia vital comparecer no entendimento da unidade humana, tornando-se uno: corpomente emocional e espiritual.
As consequências de um pensamento separativista fez do corpo uma entidade estranha e alheia ao Ser Humano, sem nenhum ou pouco contato com seu sentir. O culto à insensibilidade fez com que grandes intelectuais e cientistas avançassem no campo tecnológico. O perigo aconteceu quando faltou coração para perceber que algumas descobertas ameaçavam a Humanidade. A “irracionalidade” coube para os artistas, loucos e irresponsáveis, o Dom da sensibilidade marginalizada. Ou é um luxo para poucos ou é uma perda de tempo.
A mente mente quando está sozinha, porque é apenas uma parte da realidade. O corpo foi usado como se fosse um carro para se locomover de um lado para outro. Quando muito, existe a preocupação com a estética, ainda assim de fora para dentro.
O corpo sintetiza a razão e a emoção, conta histórias que a mente perdeu na memória, resgata o ser essencial. Quanto mais contato com o corpo mais expressamos nossa alma. A consciência é que abre a porta para uma maior intimidade e apropriação de si. Quando as emoções não são expressas e elaboradas devidamente, o corpo enrijece, adoece ou deprime.

Níveis de Consciência das Emoções

“Você não pode curar o que você não pode sentir.” – Carl Gustav Jung

Segundo C. Steiner, existem seis níveis de consciência das emoções:

1. Insensibilidade – Opera na negação da emoção e na primazia da razão. Quando é perguntado sobre um sentimento a pessoa emite um julgamento. Não existe contato com o corpo e as emoções.
2. Experiência Primitiva – Surge como uma turbulência emocional. Várias emoções ao mesmo tempo acometem o indivíduo, que despreparado se perde e se aflige com este estado.
3. Somatização – O corpo sofre através de mal estares e doenças o que amente não cosneguiu elaborar ( e que não houve exp[ressão). Assim, uma tristeza sai em forma de resfriado, uma raiva por uma dor de estômago e um medo por um torcicolo, por exemplo.
4. Diferenciação – Já é possível nomear as sensações e saber o que fzer com elas. No início, a distinção entre agradável ou desagradável. Aos pouco, as diferentes nuances emocionais podem ser expressas em concordância com sua intensidade e repertório de possibilidades de ação.
5. Empatia – Porque conhece e compreende suas emoções, a pessoa pode sentir junto o que o outro está sentindo, facilitando a comunicação, a compreensão e a compaixão.
6. Interatividade emocional – Além de sentir junto, saber o que fazer com a emoção do outro, respeitando a simpróprio e apoiando o outro com amor e inteligência.

A consciência das emoções varia o tempo todo. Em determinada situação pode-se estar insensível e em outro interativo. Existe uma capacidade auto-regulatória de nosso organismo emocional que se assemelha ao físico. Da mesma forma que quando não suportamos a dor, desmaiamos, quando não estamos prontos a sentir, sublimamos ou ficamos insensíveis. É uma sabedoria corporal inconsciente. O que é bom é atentar ao que precisa ser atualizado Se você sempre é insensível ou se somatiza sempre, é hora de se oferecer espaço e permissão para sua evolução Da mesma forma que água parada dá mosquito, energia parada no nosso corpo causa dores e doenças.
Num corpo enferrujado a energia não flui. Um corpo flexível consciente e livre abre canal para a chegada, a presença e a expressão da alma. Repletos de energia vital, a condução desta vai se dar através da força da intenção. A mesma energia que é usada para rezar , estudar ou trabalhar é usada para se divertir ou fazer amor.
Reconhecer que nosso corpo é alma em movimento, é preencher cada célula de significado de porquê estamos encarnados. O sentido da vida aparece na unidade que é ser humano, e se traduz em felicidade quando a percepção se amplia para o Todo maior no qual estamos inseridos.
Sílvia Rocha - (Agosto de 2004)

CORPOMENTESPÍRITO

Como criamos a saúde e a doença?
Entendendo a Unidade Corpomentespírito


Estamos acostumados a entender as doenças de um ponto de vista médico e biológico. Do ponto de vista psicológico, o que acontece conosco?
Para entender este processo precisamos ver a doença não como algo que vem de fora e nos ataca. Até mesmo os vírus e bactérias – que infestam o mundo - só nos agridem quando abrimos as portas devido a uma baixa no sistema imunológico. É importante sairmos do papel de vítima para o de responsável, se quisermos ter auto-controle. Isto requer uma abertura mental para uma mudança de perspectiva sobre o ficar doente e também coragem para ver o que escondemos de baixo do tapete. É difícil e às vezes doloroso entrarmos em contato com nossa sombra.
A doença não é uma inimiga mas um estado e pode até mesmo cumprir um papel de mensageira com informações importantes a seu próprio respeito.
As doenças surgem quando não estamos conscientes de conflitos internos existentes, quando não expressamos as emoções adequadamente ou quando estamos interrompendo o fluxo energético da vida.
Somos uma unidade corpomentespírito, a doença vem sinalizar uma separação, alguma parte não integrada e não consciente em nossa vida. A somatização significa converter ao corpo a expressão que não se realizou. A doença vem chamar atenção para algum aspecto de nossa vida que precisa ser merecidamente cuidado tanto no físico como no psicológico.
Mesmo as doenças herdadas geneticamente possuem uma correspondência emocional, algo que permeia o sistema familiar. Não existe destino fatalístico. É possível decidir pela vida e honrar sua ancestralidade de uma forma mais saudável.
As doenças de uma maneira geral servem para: Dedicarmos um pouco mais a nós mesmos, uma parada na aceleração do dia a dia, ganhar a simpatia e a atenção dos outros, sermos cuidados.
A Metáfora da Doença
Algumas pesquisas feitas apontam o simbolismo das doenças como um correspondente psicológico comum entre os seres humanos: Infecções estão associadas a conflitos internos, doenças em órgãos pares – como os pulmões, rins e genitais estão associados a conflitos de relacionamento, doenças que envolvam a respiração como a bronquite asmática associam-se a questões entre dar e receber, dores de cabeça tem a ver com excessos de preocupação, doenças de pele com problemas de contato, etc.
É importante frisar que algumas correlações são muito pessoais pois cada um tem uma história de vida, portanto é necessário que cada um interprete através de seu auto-conhecimento, a sua forma única de expressão corporal.
Aprendendo a se curar
Uma vez que haja a consciência da mensagem da doença é possível trabalhar sobre si mesmo na direção da cura. Se você criou a doença você pode criar a saúde. O trabalho indicado para esta transmutação é o de visualização e criação de imagens mentais. Esta linguagem subjetiva é mais comumente experienciada nos sonhos. Portanto é um convite a sonhar acordado.
O importante do trabalho com imagens é que ele provoca uma mudança fisiológica. Basta vivenciar para comprovar. A mente bem focada conduz à cura no corpo. A Medicina Ocidental insiste em tratar as doenças somente com medicamentos, principalmente nos casos de depressão. Isto tira o poder pessoal de auto-cura e o comprometimento da pessoa com sua própria saúde.
Podemos mais do que pensamos que podemos.
Antes da criação de imagens é necessário relaxar. A maior parte de nossos mal estares cotidianos vem da dificuldade de relaxar. Através da respiração resgatamos o nosso maior contato com o corpo, fazendo a energia fluir livremente de novo. A Meditação já é aconselhada por médicos hoje para pessoas hipertensas.
A intenção que colocamos também é poderosa e só de dedicarmos um tempo a cura, já chamamos por ela.
A saúde não é apenas ausência de doença, é a capacidade que temos de viver a vida de uma forma feliz e prazerosa. Devemos cuidar dela prevenindo e mantendo uma boa qualidade de vida. O resgate da espiritualidade em nossas vidas, além de paz traz a consciência da unidade que somos e de que é possível viver na plenitude da integração consigo mesmo, com o outro e com o universo.
Sílvia Rocha (julho de 2005)

Carências e carícias

Carências e carícias

“Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas. E é tão bonito quando agente entende que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá. É tão bonito quando a gente sente que nunca está sozinho por mais que pensa estar.” – Gonzaguinha

O conceito de carícia vem da Análise Transacional, e significa qualquer estímulo social dirigido de uma pessoa a outra, havendo com isso um reconhecimento pelo primeiro da existência do segundo. Todos os seres humanos possuem esta necessidade de modo que quem dá a carícia também a recebe, assim como é impossível abraçar sem ser abraçado.
Segundo pesquisas, bebês nos primeiros anos de vida, dificilmente sobrevivem se não receberem um mínimo de estimulação física afetiva. Desta forma, as carícias estão para o corpo emocional assim como os alimentos estão para o corpo físico.
Nas tribos do norte da Africa do Sul, a saudação mais comum, que corresponde ao nosso olá, é uma expressão que significa “Te vejo”. A retribuição a esta saudação é “estou aqui”. A troca é importante, porque até você me ver eu não existia antes. É como se você ao me ver me fizesse existir.
As carícias ou estímulos podem ser: físicos, como um toque, um abraço, um beijo; verbais, como os elogios e frases de encorajamento ou escritas. Podem ser positivos, trazendo bem-estar e conforto, ou negativos - quando dói ou causa desconforto. É preferível recebermos carícias de qualquer tipo, até mesmo negativas; o pior é a ausência de reconhecimento, como no velho ditado: “Falem mal mas falem de mim” ou no comportamento de uma criança que faz bagunça para levar uma bronca.
Carência é exatamente aquilo que se sente quando a pessoa não recebe o que necessita, ficando um vazio interior a ser preenchido. O problema começa quando há a tentativa de preencher o vazio com algum vício, seja bebida, drogas, comida, sexo, trabalho excessivo, etc.
Segundo Steiner, tivemos uma educação emocional antagônica ao que necessitaríamos para a nossa nutrição emocional. Ele chamou de leis de economia de estímulos ao conjunto de mensagens que recebemos ao longo da vida e que impedem de trocar estímulos.
1. Não dê carícias
Existe uma crença de que se eu expressar que gosto daquela pessoa ou se dou um elogio, os outros vão pensar que tem algo de interesse meu por trás, então é melhor ficar calado.
2. Não receba carícias
É muito comum ao receber um elogio, uma pessoa dizer “São seus olhos”, ou “foi baratinho” à roupa que o outro está elogiando. Assim, não se recebe a carícia que o outro está oferecendo. Muita gente hoje está carente porque está incapacitada de recebê-las.
3. Não peça carícias
A crença é de que o outro tem que adivinhar o que eu quero, senão perde a graça. Ou, se eu pedir os outros vão achar que eu estou carente.
4. Não dê carícias a si mesmo Nossa cultura não permite muito estas paradinhas para auto-abastecimento, gerando uma culpa em quem se dá carícias.
5. Não recuse carícias negativas
.Por que é melhor do que não receber nada, então engulo sapos.

Para reverter este quadro de escassez de carícias é só cortar os “nãos” de cada frase acima e passar a dar, receber e pedir aquilo que se está precisando. Em umas pessoas mais do que em outras estas leis interferem na qualidade do contato humano. Começar a fazer elogios ou estimular alguém que antes você só reclamava ou ignorava é um bom começo. O mais importante é ser sincero. Se for algo forçado, vai ficar incongruente e a pessoa que receber, vai ficar confusa com a dupla mensagem. Confiar que um ser humano é capaz é a maior força que você pode dar a ele da mesma forma que você gostaria que fizessem a você. É bem viável optar pela abundância de afetividade e espalhar amor e carinho por onde quer que você vá.
Sílvia Rocha ( setembro de 2003)

Motivação e Energia Vital

Auto-Motivação ou
a Arte de conduzir a Energia Vital


Produzimos energia vital constantemente. Apesar disto, dependendo de como cuidamos de nós mesmos podemos estar perdendo ou ganhando energia. A estagnação de energia causada pela falta de motivação leva a depressão. Este conceito sobre energia para os ocidentais é bastante novo, o que leva as pessoas em geral a descuidar desta enorme fonte de vitalidade e saúde.
O que faz a energia estar sempre circulando são atitudes básicas como respirar corretamente, fazer exercícios conscientes, expressar corretamente as emoções, pegar sol, estar atento aos pensamentos. Estes últimos também geram energia e dependendo da qualidade do pensamento será a qualidade da energia.
Temos sete principais centros no nosso corpo por onde a energia vital circula, são centros inteligentes de energia ou chakras, na linguagem oriental:

Centro Básico ou raiz – c1
Ou Muladhara chackra
(períneo, pernas e pés)
base, sobrevivência, realização, concretização, contato com a terra

Centro Lombo-sacro – c2
Ou Svadisthanna
(três dedos abaixo do umbigo e pela lombar e osso sacro)
Movimento, impulso, ação, sexualidade, vitalidade

Centro Vegetativo – c3
Ou Manipura chakra
(na altura do estômago)
discernimento, o que entra e o que sai, emoções de preservação da espécie (raiva, medo, tristeza, alegria), identidade e ego

Centro Cardíaco – c4
Ou Anahata chakra
(na altura do coração, peito, braços e mãos)
o que une, o amor, sentido da vida

Centro Laríngeo – c5
Ou Vishuddha chakra (garganta)
expressão, intelecto, comunicação

Centro Frontal – c6
Ou Ajana chakra (entre as sombrancelhas) visualização, imaginação, foco, direcionamento, visão do que eu quero

Centro Coronário – c7
Ou Sahashara chakra (topo da cabeça) contato com o todo, com o céu, com a missão.


O contato com o Todo (c7) faz ter inspirações de missão e objetivo de vida, levando a uma visão futura (c6) do que se pretende realizar. A expressão (c5) disto no mundo vai ser fortalecida se o caminho tem um coração (c4). O discernimento do caminho (c3) vai facilitar a ação concreta (c2) e a realização deste no mundo (c1).
Há algumas pessoas preocupadas demais com a sobrevivência e esquecendo de se perguntar qual o sentido de sua existência. Há pessoas muito espiritualizadas e com um entendimento amplo de suas vidas, mas com dificuldades de materializar seus sonhos. E outros, com coração guiando suas vidas mas sem compreensão do caminho.
A criança tem maior fluidez de energia em todos os centros. A harmonia e a saúde estão mais presentes. De que você brincava quando era criança? O trabalho para o adulto é pode ser igual ao brinquedo para a criança. Se você usa seus talentos, potenciais e habilidades no seu trabalho seu ser inteiro está envolvido com os resultados. Há maior presença e também emoção naquilo que você faz. O que faz você se mover?
Sua saúde física e emocional depende desta circulação de energia. Se você está bem, sua vida vai estar boa. Então a pesquisa é para dentro. O olhar interno conseguido através da meditação, introspecção e do sentir sua energia vital vai fazer você saber para onde direcioná-la. O poder escolher o que você quer para você, vem quando você tem auto-domínio e se apropria assumindo quem você é.
Auto- motivação é um dos pilares da inteligência emocional. Poder gerir seus estados internos é uma inteligência que leva a sair do estado de vítima dos acontecimentos a um estado mais ativo e responsável no mundo. Sua vida está como você a criou neste exato momento. Se não está satisfeito, mude agora. Se sente dificuldades de fazê-lo, peça ajuda! Saiba aproveitar sua energia!
Sílvia Rocha (abril de 2004)

O aqui e agora

O aqui e agora – A chave para a plenitude

A vida se dá “na total presença de si, na concentração sem limite do corpo e do espírito, na plenitude do aqui e agora, em que o instante pode tornar-se eternidade, pois passado e futuro são só sonhos e imaginação, quimera.”- J. Charon

A maioria das neuroses acontece por falta da presença do ser humano no momento presente. Culpas, mágoas, arrependimentos e apegos são responsáveis por esta prisão ao passado e a ansiedade focaliza o futuro. A energia vital deslocada do presente causa desgaste e pode deprimir. A divisão mente e corpo se dá, pois o corpo está sempre no presente e a mente é que viaja no tempo para trás ou para a frente.
É bom planejar o futuro e é muito bom se lembrar do passado, mas sem tirar a vitalidade do presente. Enquanto a mente se distrai pelo tempo, a vida vai passando e a sua qualidade fica comprometida. Nesta neurose existencial, o momento se esvazia desperdiçando tempo e energia.
Para a lógica da mente é difícil trocar a racionalização pela vivência. O apego ao passado ou ao futuro tem a ver com o medo de viver. Esta angústia inicial do medo do novo passa e as infinitas possibilidades aparecem. Existe uma ilusão de que o passado constrói sua identidade pela sua história e de que no futuro tudo vai melhorar, contendo promessas de salvação. Na verdade você pode ser uma pessoa nova a cada momento, independente do seu passado.
Nas neuroses mais graves a pessoa sofre com algo que ocorreu a tempos, punindo-se de uma culpa ou tendo medos fantasiosos. E a expectativa do futuro gera ansiedade roubando a cena do presente.
O passado já passou, o amanhã não chegou, tudo que existe é aqui e agora e hoje é um lugar seguro. O viver a cada dia traz plenitude, satisfação e confiança. A vida acontece no aqui e agora e não no antes ou no depois.

Liberando-se
Enquanto você está pensando na conversa de ontem, no relacionamento que acabou há dois anos atrás, ou idealizando o futuro, o presente está sendo invadido, refletindo no seu estado emocional. Os fatos inacabados permanecem vivos dentro das pessoas e ocupam um espaço que as impedem de viver e de se entregarem ao momento.
Emoções não expressas criam fantasmas, porém sempre é possível atualizá-las. A psicoterapia ajuda a desbloquear as couraças ou travas corporais resolvendo pendências emocionais. Para resolver a culpa, é necessário se auto-perdoar e aceitar que você tem direito de errar. Para as mágoas, perdoar o outro, pois ele também tem direito de errar. Para a ansiedade, trabalhar a confiança. A responsabilidade do seu trabalho interno faz você assumir novamente as rédeas de sua vida.
Massagens, exercícios corporais conscientes, respiração, meditação são alguns recursos para ampliar a presença no agora. A presença é sagrada pois potencializa a sua criatividade. Ninguém consegue resolver uma situação se estiver pensando no ontem. O ruído dos diálogos internos impedem de chegar a serenidade.
A tentativa de controlar os acontecimentos inibe o real poder criativo. O diálogo interno pode ser re-orientado quando observado. A postura de deixar-se fluir com confiança dá as mãos para a aceitação do momento. Fique um tempo sem desejar nenhuma mudança, sem fazer nada, apenas observando-se em silêncio. Quando estiver de posse do presente estará pronto para criar ao invés de reagir.
O agora é o mundo em que vivemos. Amanhã pode ser diferente só depende da sua ação no presente. Quando aprendermos a dirigir a mente, ao invés de sermos dirigidos por ela, a alma fluirá e pelo contato mais íntimo de nossa essência poderemos criar em liberdade o melhor momento para se viver.
Sílvia Rocha (janeiro de 2005)

Acolher

ACOLHIMENTO
A ARTE DE ACEITAR

Assim como dar limites, saber acolher também pode fazer toda a diferença. Se o limite é uma atitude masculina, o acolhimento é feminino. Não significa que dar limites é uma atitude do homem, e acolhimento da mulher. Há certos casos, que é o pai que acolhe e a mãe que dá os limites. Feminino e masculino são aspectos existentes em cada ser humano e que se pode aprender a balanceá-los dentro de si.
Se a imagem do limite pode ser a de uma espada, a do acolhimento pode ser a de uma concha. Pulsar, como a respiração ou as batidas do coração, entre estar fora no mundo e dentro da sua intimidade, é um movimento de harmonia.
Há hora para tudo. A fluidez entre os dois é uma questão mais de intuição e sensibilidade do que da razão.

Auto-acolhimento
Acolher pode ser sinônimo de receber, aceitar, confortar ou dar colo e o oposto de rejeitar e julgar.
Quando a vida parece apresentar todas as adversidades possíveis e você ainda continua sendo o seu melhor amigo. Ou então você fica quieto, pede ajuda, se aconchega e dá a você mesmo mais do que você pensa que você merece.
Acolhimento é um afago, é a maior expressão de amor-próprio e busca de bem estar. É dizer que está tudo bem, podendo aconchegar ao coração sua luz e sua sombra. É algo macio e simpático, estar mais perto e com você mesmo. É a permissão de relaxar. Fazer um pedido e realizá-lo. Receber o que você precisa no momento. Um espaço onde não há lugar para a culpa ou cobranças.

Acolher o outro
Mesmo que você discorde do outro, você permanece ainda do seu lado. Há momentos que suspender a razão, evitando conselhos e maiores entendimentos da situação, é a melhor coisa a ser feita. Porque tem horas que não queremos saber de nada, só sentir. Dar um abraço, a mão, seus ouvidos, olhar nos olhos, na mais ampla definição de estar junto. O silêncio e a simples presença pode ser o mais recomendável.
Acalentar o outro quando ele está lindo e agradável é quase que imediato. Estar junto numa crise, quando o outro está chato, compreender sem questionar, acolher as diferenças com abertura e carinho é o desafio. O senso de pertencimento é o melhor que podemos proporcionar a um outro ser humano nestas horas difíceis, amando-o quando nem ele mesmo está conseguindo se amar.
Isto pode ser o caminho para acabar com as exclusões e preconceitos que tanto sofremos, é uma questão de saber acolher até o que parece estranho, com generosidade, maturidade e sabedoria.

Experimente: Formas de acolhimento
Acolher uma dúvida – Ao invés de se debater, aceitar que ela existe. Os grandes sábios transformam dúvida em pergunta. A resposta sempre vem, quando fazemos uma boa pergunta. Deixe-a no ar. Você pode conviver com incertezas. O seu inconsciente vai trabalhar nesta direção. Então sem tensão e com atenção a resposta virá de alguma forma: através de um sonho, uma conversa que você ouve na rua, uma fala de um filme, um insight, etc.
Acolher um momento – Feliz ou triste, culturalmente temos dificuldade de viver o aqui e o agora. Sem julgamentos, podemos tirar o melhor proveito da dádiva que é o presente. Relaxar e confiar. Complete a frase: “Estou vivendo um momento de ...” Isto ajudará você a permanecer aonde você está, ficando então mais fácil de lidar com o que seja.
Acolher uma crítica – Críticas são bem vindas quando nos fazem pensar e nos acrescentam uma nova visão de nós mesmos. Escutar sem nos preparar para defesa, é uma atitude madura e que traz evolução.
Acolher um elogio – Receba um estímulo positivo, ele é um alimento emocional e você o merece. Se alguém está falando é porque você conquistou este lugar. “São seus olhos” e “não foi nada” – são frases de desvalorização. Receba um elogio com um sorriso de agradecimento.

Sílvia Rocha (novembro de 2002)

Dar limites

Dar Limites: Função da raiva


O animal vai rosnar se pegam sua comida, mexem com seus filhotes ou ameaçam seu território. Nos seres humanos, a energia da raiva acontece quando ocorrem um sentimento de violação, seja na invasão do seu espaço, do seu tempo, do respeito ou do seu amor-próprio. Ao contrário dos animais temos a opção de pensar e refletir sobre a melhor forma de se posicionar e impor limites.
Caso esta forma não seja encontrada, a raiva reprimida pode vir a se acumular ocasionando uma explosão emocional não adequada, violenta e agressiva. Ou, pode ser expressa pelo corpo através das somatizações: dores de cabeça, úlceras, e até mesmo o câncer (raiva acumulada durante anos - ressentimento), etc.

Dizer não
Quem não sabe dizer não, acaba assumindo uma carga muito pesada para si. Dizer não, é assumir que seu braço alcança até aqui e ir além não dá. É reconhecer a condição humana e respeitá-la.
No trabalho, mais vale um empregado que assume as responsabilidades que ele pode realizar com qualidade e saúde, do que aquele que é cobrado ao extremo, se estressando, adoecendo e o desempenho caindo.
Dizer não, pode ser difícil quando é associado com rejeição. “O outro vai achar que estou de má vontade com ele.” Se for dito com tranquilidade, o outro pode vir a admirar seu profissionalismo e auto-respeito. Isto é um ato de maturidade.

Auto-estima e egoísmo
Egoísmo é quando você só olha para você e danem-se os outros. Amor próprio é quando você se cuida antes de cuidar do outro. Ninguém pode dar o que não tem. Às vezes, cuidar do outro significa se abandonar porque você simplesmente não pode. Quanto mais você se ama, mais você pode amar o outro.

O limite de cada um
Cada pessoa possui um espaço sagrado. É preciso que cada um o conheça e o respeite antes de querer que o outro o faça. Isto se manifesta nos seus gostos, na hora que você escolhe para dormir, na quantidade de trabalho que você se propõe a realizar, no quanto você se dedica a um lazer, no tempo de estudo e na hora de você ficar com você mesmo. Quando você não sabe nada disto, você é levado pelo outro, confundindo o seu querer. É a chamada simbiose. Auto-conhecimento é a saída. Individualidade não é individualismo.
Quando este contorno do espaço sagrado não está muito bem definido, é comum também as pessoas necessitarem de auto-afirmação. “Eu só faço o que eu quero.” Típico da adolescência em que é preciso testar os limites que estão se construindo. Quando a pessoa se tem, pode abrir mão ou adiar uma vontade, sem se sentir lesada.

Quando a raiva é amor
É preciso de muita honestidade emocional para dizer que hoje você quer ficar sozinho, ou que hoje você quer fazer um programa diferente. O ganho disto é uma relação verdadeira e de confiança, em que o outro sabe que você está do lado porque quer e não porque se sente obrigado. Toda vez que você faz algo contrariado, a raiva vem porque você está passando do seu limite.
A pessoa que não expressa raiva, geralmente é uma pessoa apática ou deprimida – que volta a raiva contra si própria. Ela precisa de ajuda para se amar e se posicionar no mundo.
As crianças necessitam de limites, tal qual o rio precisa de duas margens para poder fluir. Limite dá direção. Demais, reprime. Escasso, a criança se perde.
Quando duas pessoas inteiras se encontram, não há preocupações de querer agradar. Negociações acontecem de forma inteligente, sem manipulações.
A partir dos limites, podemos ser livres pois reconhecemos nossos espaços.
Usando a raiva de forma consciente e inteligente, dizemos não ao que não é bom, como a violência. Desta forma, será possível abrir espaço no mundo para semear um clima de mais respeito, compaixão e paz.
Sílvia Rocha (outubro de 2002)

Percepção e diálogo

Percepção e Diálogo
Caminhando para a Integração


“Se eu puder ver com os seus olhos e você com os meus,
cada um de nós verá algo que talvez não tivéssemos visto sozinhos.”
Peter Senge

Segundo Platão, vivemos como se estivéssemos dentro de uma caverna amarrados de costas para entrada, de forma que tudo que podemos ver são sombras da realidade que passa lá fora. Construímos modelos mentais para serem filtros da realidade. Não sabemos nem nunca poderemos saber, a verdade completa das coisas. Estes modelos que construímos são baseados em nossas crenças, valores e história de vida.
Quando cientistas estavam na dúvida se a luz era composta de partícula ou onda, nos laboratórios onde eles acreditavam que a luz era onda eles viam onda e no laboratório que os cientistas acreditavam que a luz era partícula, eles viam partícula. Até que Einstein chegou a conclusão que era só tirar o “ou” e colocar o “e”. A luz é partícula e onda.
Realidade é aquilo que percebemos. Após a física quântica, foi constatado que observador e observado fazem parte de uma dança interdinâmica contínua, uma única unidade. Isto significa que não conseguimos conhecer a realidade totalmente porque estamos dentro dela. Nós somos a realidade. Nós só conseguimos enxergar a nós mesmos em tudo o que vemos. Segundo Maturana e Varela em seu conceito de auto-poiésis (auto-criação), quanto mais conhecemos o mundo mais conhecemos a nós mesmos, e quanto mais eu me renovo no meu auto-conceito mais eu amplio o conceito de mundo.
A renovação dos nossos modelos mentais podem se dar através do contato com outras pessoas que pensam diferente. O ideal de independência e auto-suficiência cai agora por água a baixo e é bem vindo o compartilhar das diferenças.
Algumas tribos de índios usam um ritual do bastão que fala. Cada integrante da tribo tem o direito de falar quando de posse do bastão. Normalmente eles sentam em círculo ao redor da fogueira e todos escutam aquele que está falando. Após este conselho, cada um segue sua vida sabendo o que deverá ser feito sem ninguém precisar mandar ou atribuir tarefas.
Humildade é um requisito para buscar a complementariedade no outro. É preciso ultrapassar o modelo mental da discussão, que é como um jogo de tênis, onde um ganha e o outro perde, para se abrir para o diálogo, que pode ser comparado a um jogo de frescobol, em que os dois ganham se conseguem manter a bola no ar.
Todos tem talentos criativos em uma coisa que o outro não tem. Aproveitar as diferenças das experiências individuais complementares é também aprender com as divergências. Estas devem ser entendidas como diversidades, não como conflitos.
Neste espírito cooperativo, as percepções são somadas, a comunicação flui e soluções vêem regadas de idéias criativas que começam a florescer.
Sílvia Rocha (agosto de 2003)

Recomeçar

Recomeçar
“E chegou o momento em que ficar fechado num botão, doía mais do que o risco de florescer”

Todo re-começo infere que algo já se construiu e terminou. Não é mais a primeira vez e sim o momento de realizar de novo, de forma nova e se possível, melhor. Todas as pessoas adultas já viveram um recomeço. Quem nunca precisou reorganizar a vida depois do fim de um longo relacionamento, voltou a trabalhar depois da maternidade, iniciou um novo curso, mudou de emprego ou de cidade, ou voltou às atividades regulares depois das férias? Porém, nem sempre as pessoas são boas em recomeços. Uns são ótimo para iniciar, porém com dificuldades em manter. Outros demoram para começar, mas levam à sério e vão até o fim. Outros não querem acabar, tentando a todo custo manter o que já se esgotou.
Emoções - Para haver equilíbrio e poder deixar que a vida siga seu fluxo é importante viver cada emoção adequada a cada fase deste ciclo. No início, alegria que move o corpo e a mente para o impulso necessário do “start”. No meio, a adaptação e a sustentação do propósito, e no final, a despedida, com seus lutos e alívios rumo a um fechamento. A ansiedade tira a pessoa do presente e a faz antecipar e querer prevenir o que vem depois. Confiar no fluxo leva ao relaxamento e à presença.
Zerar - Para recomeçar de forma zerada, é preciso deixar a energia da fase passada sair totalmente. Se há um julgamento de que algo saiu errado pode ficar o medo de não dar certo de novo. Histórias sofridas podem gerar traumas se não existe uma elaboração consciente. No recomeço sempre existe a oportunidade de praticar o aprendizado anterior. Compreender o que a história veio acrescentar na vida faz parte da elaboração que ajuda na sua conclusão. Um intervalo é bem vindo entre uma história e outra. Caso contrário, as pendências passam a roubar energia que poderia estar sendo investida no novo projeto. Pensamentos e emoções ainda ligados à histórias antigas privam a pessoa da plenitude do presente. O tempo desta pausa é guiado pelo coração e não pela razão.
Neuroses de estimação - Fixação em padrões conhecidos mesmo que neuróticos, acontecem porque existe segurança de estar num terreno conhecido. Encarar o não saber, pode ser ameaçador. É preciso segurança interior para não necessitar de condições externas. Buscar a sensação de que você pode estar bem em qualquer lugar do planeta e em qualquer companhia.
Exorcizando – Para se sentir novo em folha é preciso trabalhar o desapego e a liberação. Cortar os fios que prendem ao que é velho. A mente não pode criar o novo se está povoada de fantasmas. Toda mudança implica em perdas e ganhos. Ao casar, se perde a vida de solteiro e se ganha um companheiro de vida. Não há como manter as duas condições juntas. É importante alcançar a maturidade da escolha, pois toda a nossa existência pulsa entre um soltar e pegar.
Esvaziar – Quando se olha para o vazio com consciência pode-se dar conta de que ele é cheio de infinitas possibilidades à espera de sua fecundação. Todo amanhecer é diferente apesar de não percebermos as suas nuances. O novo olhar, a mudança, o recomeço é algo que está a seu alcance o tempo todo. A escolha, é inteiramente sua.
Sílvia Rocha (maio de 2003)

Saúde emocional

Saúde Emocional
Caminhos para o Bem Estar

“Mentes livres, pensamentos idos,
Semblantes claros, faces serenas.
Tudo o que vem de fora deles
Vem quieto, como as quatro estações”
Chuang Tsé

Quando se pensa em saúde ou doença, logo se associa ao corpo físico. Quando o corpo dói ou adoece, é impossível não assumir a doença. Porém saúde pode ser enxergado como um estado muito mais amplo do que ausência de doenças físicas.
Numa perspectiva holística de saúde, a doença é vista como uma informação de que algo não vai bem. A doença é aceita como uma parte sua que fala e não como um inimigo a ser aniquilado. Ao ouvir a sua mensagem, a integração ocorre e o organismo entra no processo de cura .
Fazendo contato – Conversar com o seu corpo, dando voz à parte ou estado-problema, é entrar em contato profundo com você mesmo e assumir o comando. Por exemplo perguntar: “Porque a sua cabeça dói tanto?” Ela pode responder: “porque estou me preocupando e pensando muito.” Se é o joelho que dói, pode ser falta de flexibilidade na vida. Para cada pessoa, uma resposta. Comece se perguntando o que representa esta parte machucada do seu corpo e qual a emoção que não foi expressa. Convide sua criança interior para participar desta “brincadeira” e se surpreenda com as respostas.
Equilíbrio pela expressão emocional - Não é possível entrar num estado de profunda paz como um yogue meditando se você tem uma raiva guardada e mal resolvida. Antes de querer atingir o nirvana, é bom expressar as emoções adequadamente. Confundir expressão da raiva com desequilíbrio emocional é um equívoco. Estar bem é chorar quando se está triste, procurar proteção quando se está com medo. As emoções passam logo quando bem expressas e o corpo fica livre e preparado para a meditação.
Meditação – Sentado numa posição confortável de pernas cruzadas ou não - deitar pode ser um convite ao sono - num ambiente tranquilo, sem interrupções, a meditação leva à concentração e ao equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual. Há diversas formas de meditar: Meditar respirando, relaxando o corpo, concentrando nos próprios pensamentos ou num ponto como uma chama de uma vela, caminhando ou usando mantras, de olhos abertos ou fechados – todas com a única finalidade de despertar. Se o homem não sabe o que pensa, não sabe o que sente e não sabe o que faz, como pode querer controlar sua vida?
Os índios costumam incentivar as crianças a buscar um espaço sagrado só delas na natureza e permitir que elas passem um bom tempo sozinhas neles. Assim elas crescem podendo pensar por si próprias e saber o que querem sem a interferência de outros.
Visualização – É um processo criativo de criar imagens mentais. Uma idéia pode ser comparada a uma planta de uma casa. Antes de construí-la já se pode ter uma visão de como ela será. A visualização criativa ajuda na cura de doenças. Desenhar a doença e depois o antídoto da doença pode facilitar o processo de imaginação. Ex. Se a dor é vermelha, a cura e o bem estar pode ser verde ou azul, então visualize o local da dor na cor vermelho e vá banhando e pintando de azul várias vezes até expulsar totalmente o vermelho.
Os recursos para o bem estar emocional não acabam aqui. Para uma maior qualidade de vida é bom estar checando hábitos, alimentação, sono, se os relacionamentos estão mais dando prazer do que dor e etc.
Não se contentar em estar apenas saudável fisicamente, mas também querer estar feliz. Saúde é bem estar emocional, mental, físico e espiritual. Saúde é a felicidade da alma.
Sílvia Rocha (agosto de 2003)

Identidade e Integração - homens e mulheres

Identidade e Integração
Sobre homens, mulheres e equilíbrio

“Em muitas aldeias na África, nos dias que as mulheres estão todas reunidas, os homens também se reúnem. Não é uma prática sexista. É só que, por alguma razão, sentimos que a noção clara da diferença é essencial para a união harmônica com o companheiro.”
Sobunfu Somé


Por cinco mil anos de patriarcado, as mulheres viveram à sombra dos homens, sem direitos, sem espaço, sem poderem escolher seu destino. Com a auto-estima ferida, não reconheceram seu próprio poder criativo. Em busca do equilíbrio, o movimento feminista avançou para alargar o espaço feminino de forma agressiva e masculina. A mulher conseguiu ocupar o mesmo lugar do homem na sociedade com um alto custo: sobrecarga de papéis e desequilíbrio nas relações.
Há um século atrás o homem continuava saindo para caçar (trabalhar e ganhar dinheiro para sustentar a família) e a mulher ficava na família e na casa. O homem cuidava da mente e da matéria e a mulher da emoção e do espírito.
Hoje os lares estão vazios, homens e mulheres estão caçando. No tempo que sobra ambos cuidam dos filhos e dos lares.
Se hoje o ser humano busca um casamento interno das energias femininas e masculinas, com a emancipação da mulher, sua energia masculina se exacerbou e os homens deixaram seu “posto” de protetores e provedores.
Como lidar com uma mulher independente? O que esperar de um homem? Que lugar ocupar diante de um homem? Que lugar ocupar diante de uma mulher?
Generalizações irônicas do tipo homem é isto e mulher é aquilo, só fecha para o que poderia ser um campo de surpresas e divertimentos. Não queremos uma guerra entre os sexos, a competição entre seres com qualidades tão distintas só faz perder. Podemos ser diferentes, ter igualdade de direitos e honrar os diversos talentos.
“Na aldeia para que as energias femininas e masculinas possam estar em harmonia, as mulheres e homens precisam se comprometer a trabalhar no equilíbrio de sua energia sexual. Quando uma das duas energias prepondera, torna-se dominadora e pode ameaçar a estabilidade da aldeia.” S. Somé
Competição, guerra, excesso de racionalização, devastação são frutos de um mundo com excesso de masculino. A natureza se equilibra num pulsar de expansão e recolhimento.
O poder compartilhado, a inteligência emocional, o diálogo transparente, a cooperação, o acolhimento das diversidades, a criatividade e a convivencialidade são qualidades femininas requisitadas hoje em muitas organizações.
Em termos planetários, a preservação, a não violência, o desarmamento, e a consciência universal são urgentes num esforço de sobrevivência da espécie humana. O feminino consciente abençoa esta nova era, com sua gentileza, delicadeza e cuidados perenes.
Tanto homens quanto mulheres precisam integrar a energia feminina em si. As mulheres confiando que não serão desvalorizadas porque estão femininas e os homens aprendendo a honrar esta força sutil que dá a vida.
Apesar de homens e mulheres terem ambos, o masculino e o feminino dentro de si, o homem é o maior representante da energia masculina e a mulher é a maior representante da energia feminina.
“Aceitamos a tradição que as mulheres devem trabalhar com as mulheres para construir uma identidade feminina, e que os homens devem trabalhar com os homens para construir uma identidade masculina. Dessa forma, quando um homem e uma mulher se unem, são mais capazes de se relacionarem entre si.” S. Somé
Existe também em nossa cultura um movimento crescente de grupos de mulheres buscando o auto-conhecimento, para equilibrar seus papéis, através do apoio de outras mulheres. Os homens se reúnem numa mesa de bar, ou num campo de futebol, e já existem também grupos frequentes de homens conscientes que trabalham sobre si. A abertura do coração é para ambos os sexos, é para o planeta é uma herança que podemos, se quisermos deixar para as próximas gerações.
Sílvia Rocha (julho de 2004)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Intuição - A Voz do coração

Intuição
A Voz do Coração


“Ela simplesmente sabia. Não havia um motivo que justificasse, um pensamento que explicasse, algo físico e visível que mostrasse. Ela somente ouvia sua voz interior. Para além das emoções fisiológicas ou vegetativas, o estado de equilíbrio e a certeza interna confirmava. Não precisava convencer ninguém, nem tão pouco precisava de aprovação. Ela simplesmente sabia.”
A intuição segundo Jung é uma função natural do ser humano como é o pensamento, o sentimento ou a sensação. Enquanto a sensação baseia-se nos sentidos, a intuição capta aquilo que não está presente, é a percepção através do inconsciente. Vê o que não existe aqui e agora, encontra novas possibilidades. A intuição é um processo ativo e criativo, com visão e imaginação. Uma sabedoria inconsciente que não vem de nenhum órgão específico.
E então podemos confiar? Hoje sabe-se que até a ciência não está salva da neutralidade antes afirmada. O observador interage com seu objeto de estudo e seu olhar sobre ele é comprometido de todas as suas crenças, histórias e motivações pessoais. A intuição pode ser um guia neste mundo onde as previsões estão cada vez menos possíveis devido às mudanças cada vez mais rápidas. Os cenários futuros tem mais a ver com nossa capacidade de imaginação do que de nossa previsão lógica e dedutiva da ordem dos fatos.
Para ter intuição é necessário abertura. Para mente dos puramente racionais, a intuição se aproxima da loucura porque não tem lógica e nem sensatez. Para os intuitivos a razão resseca a realidade, dribla o que pode ser o real sentido, na aridez de uma visão pouco poética.
A intuição é irmã da emoção e prima da criatividade. Todas são funções do hemisfério direito cerebral. Para ter intuição há que distrair a mente racional e se acostumar com momentos de silêncio, parando a tagarelice mental. Temos intuição quando menos prevemos, pois ela é um processo que ocorre mais quando estamos relaxados do que quando estamos querendo induzí-la. Mas podemos treiná-la, para que ela possa aumentar em nossas vidas.
Para quê?
Ao invés de ficar buscando respostas fora de si ou esperando recebê-la de outra pessoa, a intuição pode ser o contato mais profundo com seu mestre interior ou eu superior. A confiança em si aumenta. Não é que você não precise ou deva receber ajuda de alguém. O melhor terapeuta é aquele que facilita com que a pessoa encontre seus próprios recursos e acione o seu curador interno, fortalecendo a sua responsabilidade de melhora.
A fé incentiva um estado de crença no invisível em algo que ainda não existe, mas porque se acredita acaba se tornando real. Não por nenhuma mágica, mas por nosso poder criativo tão forte e tão desconhecido. Porque há sempre coisas que você não sabe que sabe.
Pessoas muito intuitivas sentem dificuldades de lidar com o mundo prático, vivem na imaginação e constantemente esquecem pertences, perdem-se facilmente nas ruas, parecem distrair-se com facilidade, mas na verdade estão muito ocupados com seus mundos internos e suas suposições. Conjugar intuição com a sensação traz um fio terra até para poder colocar em prática suas inspirações.
Além disso é sempre importante checar com a realidade se a intuição confere com o mundo real. Os menos avisados podem confundir intuição com julgamento que é racional e até mesmo projetivo – ver no outro ou no mundo algo que acontece somente dentro dele.
Através do auto-conhecimento pode-se discernir entre os pensamentos e sentimentos e abrir espaço para a verdadeira linguagem do coração: a intuição.

Como desenvolvê-la?
- Brinque, perca a seriedade
- Faça arte, aprecie arte
- Envolva-se com a música, não somente a escute
- Perca seu tempo, não planeje ou crie estratégias, flua
- Desenrole-se de melodramas, simplifique
- Mude seu caminho
- Filosofe, invente teorias, fale através de metáforas, ouça estórias
- Dê asas à imaginação, desenhe, pinte, cante, dance
- Passeie na natureza e conecte-se com seus movimentos
- Crie sua sintonia com o cosmos – medite
- Olhe para o fogo e se deixe hipnotizar
- Conte seus sonhos e relaxe antes de dormir
Sílvia Rocha (novembro de 2004)

Auto-estima - a chave do viver bem

AUTO-ESTIMA
A Chave do Viver Bem

“Quem ousaria voar com as asinhas de um pardal depois
de ter recebido a força de uma águia? “
- Um Curso em Milagres


Auto-estima é capacidade que todos tem de se amar, aceitar e respeitar em todas as potencialidades e limitações. É o amor por si mesmo que faz transcender qualquer dificuldade e que leva ao bem estar consigo e com sua vida
Quem tem auto-estima elevada busca metas desafiadoras, aceita correr riscos, lança-se ao novo, apresenta idéias inovadoras, é flexível, tem ambição, nutre relacionamentos abastecedores. Aposta na vida com vitalidade e expansividade. Possui a sensação de auto-eficiência e competência. Quer aprender sempre mais. Ri de si mesmo e tem prazer de estar vivo. É assertivo e tem motivação para seguir em frente. A referência interior é mais forte do que críticas externas, filtrando as informações que vem de fora. Confiam nas suas percepções e intuições.
Quem tem a auto-estima baixa, busca segurança no conhecido, segue sua rotina, é conservador e busca se defender. Identificam-se com os momentos de crise, confusão e conflito. Tem menos aspirações e realizações, sente um vazio interior, possui relacionamentos dependentes, , repetem padrões. Tem comportamento auto-destrutivos. A opinião dos outros abatem. Ás vezes disfarçam numa atitude arrogante e de superioridade. Tem muito medo.
Fazer comparações é um convite a abaixar a auto-estima. Sempre vai haver algo que o outro faz melhor que você assim como o contrário. Se quiser, faça comparações com você mesmo. Como você estava ano passado? Tem evoluído? Para aumentar a auto-estima sinta prazer em ser quem você é.
A culpa é inimiga do amor próprio. Para ela, existe o perdão e a humildade de reconhecer sua humanidade: limites, erros e deficiências. A culpa é um peso e precisa ser liberada para dar lugar ao merecimento. Todos querem reconhecimento. Mas o maior deles é o seu próprio. O sentimento de apropriação à vida chega abrindo espaço para a felicidade. É preciso se auto-apreciar e auto-aprovar. Ter orgulho faz bem na medida certa.
Auto-estima e egoísmo. É fácil confundir. No segundo eu penso somente em mim e posso até passar por cima dos outros para conseguir o que eu quero. Na auto-estima, eu me abasteço para depois olhar para o outro.
A expressão do talento único pode ser posta a serviço da Humanidade. Se você fizer o que gosta no mínimo irradiará alegria, qualidade e dedicação. Combinar sua missão de vida com seu trabalho dá mais sentido à existência. A ausência de auto-estima compromete as realizações. Criar metas, ter objetivos, acreditar neles e fazer por onde concretizá-los é algo valoroso.
Auto-estima é destino. Que imagem você faz de você mesmo? Este auto-conceito vai determinar seu sucesso ou fracasso. O que você pensa de si, vai definir uma atitude diante da vida e os resultados desta ação serão colhidos. Não veja para crer, creia para ver. A incerteza do futuro começa a ser a massa de modelar do presente. A criatividade e autonomia necessitam da sua permissão para acontecer.
Auto-estima é o sistema imunológico da consciência. Não seremos atingidos por situações externas negativas, assim como não ficaremos gripados se a minha resistência está boa. O amor próprio protege.
Pode-se sempre aumentar a auto-estima. Independente se os estímulos que recebeu na infância foram mais de ameaça do que de nutrição emocional, você pode se amparar agora. Quando você parar de se debater e se entregar ao fluxo da vida, aceitando tanto o momento, quanto a si mesmo, algo começará a mudar. A vítima que mora em você se enfraquece e a responsabilidade traz o poder pessoal.
A auto-estima alinha pensamento, emoção e comportamento. Você age de acordo com sua verdade e se torna uma pessoa mais íntegra. E porque nos respeitamos tendemos a tratar os outros com o mesmo respeito. O outro não nos ameaça e por isso podemos amá-lo como amamos a nós mesmos.
Sílvia Rocha julho de 2005

Quando coração e razão estão na contra-mão

Quando coração e razão
estão na contra-mão

“Eu me contradizo porque sou vasto”- Fernando Pessoa

Não raro ocorrem situações onde o coração e razão realmente não se entendem. Frente a esta encruzilhada, é comum as pessoas vacilarem, paralizarem ou enlouquecerem. O que fazer? Dar ouvidos a um e ignorar a presença do outro? É possível conciliar?
Estes conflitos são fáceis de encontrar nesta cultura que separa a mente do corpo. Não se aprende a reconhecer emoções e o que fazer com elas. Pensamentos quase sempre são fruto de crenças pré-estabelecidas sobre o que é certo, ao invés de uma reflexão individual com uma tomada de consciência.
E ainda, quando algo sai fora do esperado ou pretendido, a auto-cobrança invade em diferentes níveis de auto-julgamento. Paradoxos e ambiguidades são totalmente avaliados como insanos. Já não bastasse a existência do conflito, cultiva-se também a auto-acusação de estar vivendo uma contradição.
É possível mudar esta paisagem através da compreensão. Em cada ser humano existe tantos lados, fruto de estórias e visões diferentes de mundo apreendidas, que é fácil encontrar contra-sensos. E mais além: Se pensarmos cartesianamente, o conflito torna-se uma dualidade, onde só existe uma resposta certa. Sistêmicamente, um conflito pode se traduzir numa terceira forma, vindas da criatividade humana.
Contra vidas muito burocráticas, um momento conflituoso, que faz gerar adrenalina, faz qualquer um se sentir vivo. A confusão pode parecer muito atraente, no sentido da vitalidade e da permissão dada a bagunçar o que já estava enrijecido. Um pouco de loucura não faz mal a ninguém. O que se torna patológico é ter que buscar confusão para se sentir vivo. Não é preciso chegar ao nível insuportável de stress para despertar.
A inteligência está em saber valorizar a função de cada lado e como trabalharem em cooperação. Para isto, é bem vindo entrar no personagem do observador, aquele que não julga ou se envolve, apenas vê um filme passando à sua frente.
O racional pode estar teimando numa direção e a emoção pode abrir um mundo novo de sensações. Por outro lado, as emoções podem estar sendo mal administradas, causando sofrimento, a razão vem colocar os limites e as medidas.
Agora atenção: Muitas vezes achamos que estamos sendo guiados pelo coração, e estamos sendo arrebatados pela paixão cega. Todos temos a capacidade de mudar este estado. A consulta honesta e profunda ao coração, como numa meditação resgata o amor como estado de integração e plenitude. Esta fonte abundante de auto-preservação pode orquestrar sentimentos confusos, tanto chamando a razão para dar o limite, quanto ampliar pontos de vistas.
O corpo pode revelar o real desejo da alma. Basta perguntar às sensações físicas, fazendo uma leitura passo a passo neste processo.
Espaços dados à razão e à emoção, coordenados pelo corpo/alma fazem alinhar os desejos. Isto é possível com um treinamento disciplinado de auto-consciência e auto-controle. O comportamento assertivo e satisfatório não tarda a aparecer e com eles a segurança da ação correta.
Sílvia Rocha (maio de 2003)

Amores Errados

“Amores errados” – Por que insistimos neles?

Podemos definir a expressão aqui usada “amores errados”, como aqueles relacionamentos que trazem mais dor do que bem estar. Não existe erro no amor. Aliás, certo e errado são referenciais que não combinam com seres humanos, pois não somos tão exatos quanto a matemática. O que existe é o que é bom e o que não é bom para você.
Percepção limitada - É muito comum ouvir de mulheres a fiel frase que para muitas a acompanham a anos: “Homem não presta” “São todos iguais”. Transparecendo em seus rostos o fruto de dores de desilusão, frustração de relacionamentos equivocados, acham que atingiram a sabedoria do milênio e continuam a repetir: Os homens são uns fracos, são insensíveis, egoístas. Falam para suas filhas, suas netas, suas amigas. E estas que com certeza já viveram ou vão viver algum momento de desencontro, vão acabar encaixando e concordando. E esta “verdade” vai se propagando. Os homens também não escapam e afirmam que “mulher é tudo igual” e perdem o valor da troca de saborear as diferenças que existem entre seres humanos, entre os sexos.
Ampliação da consciência – Estes tipos de generalização são irreais, já que o universo é tão grande e não se pode conhecer todos os homens ou todas as mulheres da face da Terra. Estas afirmações só fazem limitar a capacidade de percepção da própria pessoa, afunilando a visão de mundo. Faz a mulher ainda encontrar, o tipo de homem que ela acredita existir e o homem, só mudar de endereço para os seus relacionamentos. E cada vez mais confirmam aquilo que acreditam: “Está vendo, eu sabia!!!” Isto se chama profecia auto-realizadora. Poucos sabem que temos o poder de criar nossa realidade através de nossas crenças. Vamos buscar no mundo exatamente aquilo que acreditamos. Como vamos encontrar algo, que julgamos não ser possível? Como vamos encontrar algo que não procuramos? Poderá passar de baixo de nossos olhos e não veremos, pois simplesmente não estamos preparados para ver.
Viciados na dor – Como dizia a cantora: “Meu namorado é um sujeito ocupado não manda notícias nem dá um sinal, eu ando meio com medo que um dia ainda ache a tristeza normal.” Estamos mestres em dramas que nada tem a ver com amor. A resposta a pergunta de cima (Por que insistimos em amores errados?) é simples - Porque precisamos deles. Ganhos ocultos que satisfazem alguma necessidade. A repetição, é oportunidade que temos para elaborar a questão que ainda está em aberto, que ainda não fora resolvido. Portanto enquanto não aprendermos a lição, repetiremos de ano. Há aquelas pessoas que mudam de parceiro e os problemas continuam, o mais simples e rápido é colocar a culpa no outro. Mudam o externo, mas não se mudam, não se olham. E seguem repetindo seus “destinos” que acreditam ter.
A repetição - Quando não resolvemos bem, carências criadas na infância em relação a pai e a mãe, os nossos “escolhidos”, serão aqueles que nos ajudarão nesta empreitada. Se tivemos uma sensação de abandono, rejeição, medo ou desconfiança por exemplo, é possível que busquemos pessoas que nos convidem a nos sentir assim, novamente. Foi o padrão de relação que aprendemos, como fazer diferente, se não sabemos? É preciso curar esta chaga para sair desta compulsão de repetição e ter liberdade para criar a vida que se quer ter. Enquanto estamos presos a padrões, não somos livres para criar.
Dependência emocional - Para algumas pessoas, a carência é tão mais forte do que a capacidade de auto-preservação que aceitam passar por situações de risco, humilhação e até de crueldade em prol da relação. Aviso importante: Neste caso, há um comprometimento emocional sério em que ajuda de fora, principalmente de um profissional capacitado se faz necessário. É raro ver um dependente emocional deste nível sair desta situação sozinho. Ele precisa muito de ajuda.
Amor não dói - É tempo de abrirmos mais o coração e nos preenchermos mais com nossa própria capacidade de amar. Amor rima com liberdade, amor rima com felicidade, amor rima com aceitação. Amor não rima com controle, amor não rima com competição, amor não rima com dor. Controle, competição e dor são vinculados ao medo. Onde há medo não há amor, onde há amor não há medo. Amor é mais do que uma sensação gostosa, mais do que suprir carências ou se sentir importante para alguém. É uma forma muito pessoal de se sentir pleno.
O caminho da escassez– Você não pode dar aquilo que você não tem. Aprendemos a fazer um caminho mais complicado: Amamos o outro para que o outro nos ame de volta. E ficamos nesta angústia, à expectativa, na dependência do que o outro vai fazer agora. Se receber menos ou diferente do que você considera amor, você vai cobrar do outro, vai controlar, vai manipular para que sua solicitação seja atendida. E neste caminho, vai começar o stress nas relações. Ao invés de dar amor ao outro, você vai passar a dar suas inseguranças e carências muitas vezes disfarçadas em comportamentos autoritários ou de ciúmes.
O caminho do coração - Mudar de direção e de foco: ao invés de para fora e para o outro, olhe para dentro e para si mesmo – pode ser uma pequena mudança de atitude que se transformará em grande mudança de padrão. O amor que você procura já está em seu coração. Olhe para dentro. Escute seu coração. Respire, sinta, acolha. Esvazie sua mente, medite. Entre em comunhão com o cosmos, exercite a sua espiritualidade. Ligue-se a uma fonte abundante de amor que está disponível a todos. Crie intimidade com seu amor-próprio.
O coração é autêntico e não precisa de defesas. Seu maior recurso é a verdade e a transparência. Quando há corações abertos e confiantes é possível ser abençoado pelo encontro de dois seres inteiros e em total harmonia que se entrelaçam em comunhão fisica-emocional-espiritual. Nossos relacionamentos são espelhos. A velha frase: “Me diga com quem andas que eu te direi quem tu és” – é sábia. Cada relacionamento é uma oportunidade de você escolher quem você quer ser.
Cuidando de seu espaço interno sagrado, podemos nos ajudar, quando estamos engendrados num comportamento repetitivo de relacionamento que sempre nos leva a nos machucar. Assumindo seu poder e responsabilidade a situação se transforma: De vítima das situações e dos outros, você passa a ser dono da sua história e sem esforço algum, o seu amor possível e certo para você, aparece.
Precisamos afinar nosso instrumento para tocar a mais bela das canções na vida que desejamos e merecemos ter.
Sílvia Rocha (fevereiro de 2002)

Feminino e Masculino

FEMININO, MASCULINO E
O CASAMENTO INTERIOR

“Para que o relacionamento de um casal dê certo o homem precisa ser um homem e permanecer um homem e a mulher precisa ser uma mulher e permanecer uma mulher.” - Bert Hellinger

Feminino e masculino são polaridades existentes em todo ser humano. Dependendo da qualidade que existe da relação entre estas partes interiores vai espelhar o relacionamento que a pessoa vai ter com o sexo oposto. Se existe conflito entre estas partes internas, vai existir também a dificuldade na relação com um parceiro. Se uma pessoa está bem casada no seu masculino e feminino interiores, ela vai estar bem e feliz, sozinha ou com um relacionamento amoroso.
A energia feminina traz o cuidado, o acolhimento, a entrega, a esperança, a fluidez das emoções, a suavidade, a criatividade e um pensamento amplo do Todo. A energia masculina traz a ação, a razão, a praticidade, o pensamento detalhista, a assertividade, a exploração de novos territórios desconhecidos.
O masculino na mulher a permite conquistar seu espaço no mundo, desenvolvendo seus talentos, vivenciar sua força, sua capacidade de subsistência, sua auto-confiança.
O feminino no homem o permite expressar suas emoções, ser terno nos relacionamentos, ser cuidadoso com a natureza, ter paciência e intuição, capacidade de sonhar e de abrir o coração.
Um homem vai escolher uma mulher para amar que é o seu espelho do seu lado feminino e a mulher escolhe um homem que é o reflexo do seu masculino, desta forma um casal se sente satisfeito nas suas projeções e identificações com o parceiro. Se você acha que o seu parceiro não está de acordo com você, procure buscar dentro de si a sua auto-imagem e não tente mudar nada no outro. Julgamos e criticamos o outro porque na verdade julgamos e criticamos primeiro a nós mesmos.
Muitas das brigas entre casais se deve à competição, quando os papéis estão misturados e um quer ser melhor que o outro. Uma mulher que é uma profissional bem sucedida no mundo exerce o seu lado masculino facilmente, mas quando se encontrar com seu parceiro pode deixar este lado ser exercido por ele. A menos que o homem seja feminino no relacionamento a mulher poderá ter atitudes masculinas. O equilíbrio está na complementariedade. O fim da guerra entre os sexos está na descoberta da cooperação nos relacionamentos. Feminino e masculino são forças essenciais que não se comparam, e se atraem justamente pela diferença e para juntos serem a totalidade.
A mulher quando está sozinha, sem um relacionamento amoroso encontra a oportunidade de descobrir sua própria força. A ansiedade em encontrar um parceiro faz a carência se colocar na frente do amor. Quando as escolhas são baseadas pelo medo de ficar só ou pela carência, são estes sentimentos que vão permear todo o relacionamento.
A intimidade emocional com alguém acontece quando temos intimidade no nosso próprio coração. Nossas células guardam na mémoria a sensação de ser amado e acolhido, quando entramos em contato com esta sensação a ansiedade desaparece e nos nutrimos com esta lembrança. Podemos aceitar sermos amados e acolhidos e já não precisamos mais encontrar ninguém para preencher esta lacuna. Quando a necessidade desaparece, o ser amado vem na sintonia do seu amor próprio e se torna mais fácil ser feliz no encontro.
Sílvia Rocha (junho de 2005)

Neurose Urbanas -

NEUROSES URBANAS

"Se havia algo no ar, se havia algo no vento, se havia algo nas árvores e arbustos que podia ser pronunciado e que num determinado tempo foi ouvido pelos animais, que este Conhecimento Sagrado nos seja devolvido outra vez." ATHARVAVEDA

Asfalto cobrindo o chão, prédios escondendo o céu, fumaça ventilando o cérebro, buzinas assustando o coração, apartamentos-gaiolas, horas marcadas, ritmos acelerados, agendas lotadas, correria, prazos e atrasos. E ainda o noticiário alertando: Violência!
Há como ser feliz e saudável numa cidade grande?
Afastados da natureza e próximos à mecanicidade do dia-a dia, cada vez mais pessoas estão sendo surpreendidas por doenças físico-emocionais causadas pela insanidade da vida urbana.
Neuroses são um desequilíbrio organísmico, onde o ser humano pára de se expressar de uma forma natural e autêntica, perdendo o contato com suas necessidades e potencialidades. É como ficar horas em frente ao computador sem perceber que se está com fome. O neurótico não se renova, fica cristalizado e se perde de si mesmo.
Tipos de neurose e mal-estares:
Síndrome do pânico – conjunto de sintomas que deflagram um medo generalizado acompanhado de uma sensação de ameaça da vida urgente.
Estados obssessivos-compulsivos – Tentativa de através de atos controlar a realidade, por falta de confiança interna.
Distúrbios de ansiedade – antecipação do momento seguinte, impedindo viver plenamente o presente. Há uma pré-ocupação de saber como vai ser o depois e o que fazer. Há enorme desgaste com pensamentos catastróficos e tentativas de prevení-los.
Stress – Todo organismo precisa de stress para se movimentar e agir, com intervalos de repouso e descanso. O stress exacerbado com momentos raros de parada criam um estado constante de tensão e vigília que tiram o fôlego e abrem portas para doenças.
Depressão – A não expressão da raiva e da tristeza, cria um estado auto-destrutivo de auto-flagelação motivada pela culpa. A energia vital pára de circular e estagnada, cria um peso e falta total de vontade de viver.
Solidão – Mesmo cercado de muitas pessoas, a carência de relacionamentos íntimos e verdadeiros machuca e tem sido um fantasma da desconfiança.
Na natureza, encontramos uma enorme fonte de recursos para a nutrição psicológica. O movimento harmônico natural nos abençoa se paramos para contemplar o vôo de um pássaro, o vento nas árvores, o som das ondas do mar, a força das montanhas. A natureza se oferece o tempo todo. O ser humano é que está cego para o simples e óbvio. Estar presente nela, renova as forças, amplia os horizontes, cura e previne.
E ao se re-identificar com a natureza pode-se ainda descobrir que os recursos estão todos dentro si. E a busca se voltar para encontrar dentro o que está faltando.
Para quem tem medo - proteção e segurança
para ansiedade, obssessão, e tensão - relaxamento e confiança
para depressão - aceitação, alegria e movimento
para quem se sente só - encontrar em si, uma excelente companhia e irradiar amor e alegria, atraindo pessoas para um contato real.
Viver bem na cidade é uma arte e um desafio. Para isto fica um convite: Que tal você se levar para um passeio real ou mental pela natureza, para contactar a fonte que alimenta de serenidade e saúde? Lembrando que somos natureza e mergulhar em si mesmo nos faz curar de qualquer desequilibrio. Redescobrir a vida com criatividade e beleza é a expressão de uma paisagem interna saudável e a possibilidade de viver em harmonia consigo, com os outros e com o mundo.
Sílvia Rocha (janeiro de 2004)