domingo, 30 de março de 2014

Arquétipo do Guerreiro


Arquétipo do Guerreiro
Diário de Teresópolis, 27 de março de 2014

 “Honrar é a capacidade que temos de conferir respeito ao outro. Tornamo-nos dignos de honra quando nossa capacidade de respeitar é expressa e fortalecida”. Sobunfu Somé – povo Dagara

Parece haver em todas as culturas nativas, quatro arquétipos (estruturas inconscientes) vividos em comunidade: Arquétipo do guerreiro, do visionário, do mestre e do curador, segundo a antropóloga Angeles Arien que percebeu esses arquétipos como mantenedores do coletivo. Podemos relacionar  em nossa sociedade, o arquétipo do guerreiro como equivalente ao da liderança.

Segundo os ensinamentos de Arien, o líder opta pelo poder da presença, mostrando-se na prontidão, respondendo à demandas, assumindo seu lugar. Sabe que seus atos devem acompanhar suas palavras para que tenha o poder da confiança. Não necessariamente um líder por cargo é um líder nato. Mas pode-se aprender a ser um líder quando a vontade de servir e representar uma comunidade ou grupo está presente.  

                A comunicação do líder deve ser criteriosa: saber dizer não quando encontra um limite e saber dizer sim quando tem verdadeiramente disponibilidade para fazer algo. Promessas não cumpridas o fazem cair na descrença e na desconfiança.  A responsabilidade não é apenas a capacidade de responder, mas de sustentar ações e responder com integridade pelo que é feito ou deixado de fazer.  Isso mantém o poder do líder no tamanho de seu respeito e de sua honra.

Um líder deve ter disciplina, que significa ser discípulo de si mesmo, honrando o próprio ritmo, realizando tarefas passo a passo até que a missão seja cumprida.

O desafio maior de todo guerreiro e líder é o uso correto do poder. Alguns povos nativos usam a palavra poder e remédio ou medicina como sinônimos. Quando queremos dar plena expressão ao que somos, dizemos que estamos cheios de força, e que expressamos nossa medicina. Existe o poder sobre outro, que é um poder impositivo e autoritário onde uns mandam e outros obedecem e o poder compartilhado que acolhe a sabedoria de cada um. O diálogo centrado no ouvir para aprender e para coletar diversos pontos de vista é a mais indicada metodologia de um sistema cooperativo. A liderança é posta a serviço de um bem maior e isso demanda humildade. Quanto maior, menor - na lógica de uma liderança servidora. “Um bom líder é aquele que cria um ambiente onde todos querem pertencer”, segundo R. Dilts, porque são potencializados em suas medicinas, acrescentaria.

Segundo Arien existem 3 tipos de poder universal: Poder da presença: As inteligências física, mental, emocional e espiritual estão alinhadas e presentes.  Carisma e magnetismo vem de sua verdade interior que contagia e sua força vem de seu instinto. Estar presente fisicamente não significa que as outras partes estejam.  Também é uma decisão, estar livre de passado e de futuro.  Preencher o momento é empoderar-se. Poder da comunicação: A comunicação que nos fortalece e inspira é aquela que é liberada no tempo e lugar apropriados, para que as pessoas envolvidas possam ouvir e receber. Existe um acordo entre timming, conteúdo e contexto. A comunicação efetiva é estar atento a como o outro escuta, por isso o emissor  pede um retorno do que foi compreendido. Poder do posicionamento: Expressar uma tomada de decisão firme é situar o outro do que ele pode esperar. As decepções são causadas por expectativas criadas e não cumpridas.

                Todo arquétipo tem sua luz e sua sombra. A sombra do guerreiro consiste em uma dificuldade com a autoridade, seja por abuso de poder, falta de ética, competição ou por um padrão de invisibilidade - escondem-se por falta de competência podendo até mesmo inverter os papéis e se colocarem como vítimas, mas agindo por debaixo dos panos.

                Acontece que se tem uma liderança na sombra, existem também liderados na sombra, com sua permissividade, falta de consciência ou força de reação. Uma indesejada cumplicidade por inoperância.  Os desgovernos de sistemas corruptos, que testemunhamos numa conduta passiva, agora são denunciados por manifestações, expressões indignadas porém mais acordadas e portanto na luz.

Se um líder por cargo não confere a honra de um guerreiro, que os liderados embuídos de suas maestrias pessoais se tornem um. Não retornando na mesma moeda, rebelião também é tirania, mas sim se responsabilizando e honrando seus direitos e deveres. Os fins não justificam os meios, mas que os meios sejam exatamente o fim que queremos. O caminho do guerreiro requer coragem: força, direção e coração. Segundo os nativos, o tempo dos guerreiros da luz chegou!

Sílvia Rocha
 

               

sexta-feira, 21 de março de 2014

Vínculos Familiares

Vínculos Familiares
Diário de Teresópolis, 20 de março de 2014

“É livre quem pode transformar-se” – Bert Hellinger

                Porque será que por mais que uma pessoa se esforce, alguma área de sua vida não flui? E por mais que se tente avançar, parece que está se remando contra uma maré bem forte, fazendo o barco ficar inerte? Você já se questionou que talvez essa trava não seja somente sua? É o que podemos chamar de emaranhamento familiar.

Parece que somos ligados uns aos outros por fios invisíveis, uma vida toca e influencia a outra. Às vezes os fios estão bem perto outras estão distantes, mas estamos todos conectados a uma rede. E nas famílias, existem verdadeiras teias, onde os fios podem estar unidos e livres, fazendo o amor fluir em seu dar e receber, trazendo um sentimento de vínculo, segurança, apoio e liberdade. Outras vezes os fios estão emaranhados trazendo culpas, controle, dor  e vários nós precisam ser desfeitos.

Não é porque existe amor que existe saúde. Por amor pode-se sofrer, adoecer e até morrer, é um amor cego. Porque a pessoa enredada faz de tudo para se sentir pertencendo e isso pode significar se unir a um destino difícil. Então como ser bem sucedido numa família onde houveram fracassos? Como se casar se houveram tios solteiros a vida toda? Esses comportamentos que repetem os dos ancestrais são inconscientes e podem ser liberados quando trazidos à consciência.

Segundo as terapias sistêmicas, vivências de outras pessoas são carregadas, principalmente se estas pessoas foram excluídas do sistema familiar: sua existência foi mantida em segredo ou não recebeu um lugar digno na família. Exemplos: irmão falecido prematuramente ou natimorto, abortos, alienação parental, doentes, criminosos, casos de abuso, injustiças. É preciso encontrar que vínculos, eventos ou comportamentos estão por detrás do problema. A solução geralmente consiste em poder olhar mais amplamente a situação.

A alienação parental geralmente ocorre por ocasião de divórcios, onde a imagem de um dos pais é denegrida causando na criança um sentimento de rejeição a esse pai ou mãe. Isso causa um desequilíbrio na criança que necessita da força de ambos os pais dentro de si para se desenvolver saudavelmente. Filhos adotivos precisam ter dentro de si um lugar amoroso para seus pais biológicos independente de qualquer julgamento a respeito deles.  As pessoas excluídas também poderão ser buscadas em futuros parceiros. Por exemplo, se um filho de um relacionamento anterior de um pai fora renegado por ele, a filha do atual casamento pode encontrar apenas relações fraternas com os homens. O que pode ser dissolvido se este irmão for buscado e reintegrado à família.

O silêncio e o segredo familiar mostram a dificuldade que se tem de confrontar a dor que é relembrar e reviver algo difícil. A dor só é liberada quando sentida e quando se consegue dar um lugar digno para o ocorrido, senão uma compensação pode ser feita por um membro da família que se coloca à serviço inconscientemente pois nem sequer soube de tal evento. Pessoas falecidas precisam ser homenageadas, por isso  rituais de despedida são importantes, assim como contar histórias familiares para os membros mais novos da família.

Transformar o amor cego num amor que vê claramente os acontecimentos e destinos familiares passados é liberar a pessoa para trilhar seu próprio destino. Diferenciar-se sem culpa é possível quando o passado pára de atuar no presente, ao reconhecer injustiças pelo simples e profundo fato de olhar para elas com respeito e homenagem. Curvar-se reverenciando os destinos é separar-se deles ainda que o vínculo amoroso continue agora de uma forma mais saudável. Só se pode amar quando o outro é realmente um outro e não uma mistura.  

Dado lugar merecido a todos os envolvidos num sistema familiar, a reconciliação acontece. O que fora esquecido, é acolhido e o mais jovens poderão desfrutar de novos desfechos em suas vidas, em homenagem ao que seus ancestrais não puderam viver. Torna-se então possível olhar de frente o futuro e enxergar um campo de muitas possibilidades.

Sílvia Rocha

quinta-feira, 13 de março de 2014

E eles também são deuses...


E eles também são Deuses
Diário de Teresópolis, 13 de março de 2014

                Sempre que falo das deusas, os homens me perguntam e os deuses? Sim eles também povoam o inconsciente masculino e feminino. O patriarcado criou feridas na alma feminina e também criou um estereótipo de homem a ser aceito pela sociedade. Nesse sistema guiado pelo controle, razão e poder, não é à toa que vivemos guerras, abusos e injustiças. Os instintos e emoções, também foram renegados nos homens.

                Abandono de lares, agressividade e competitividade exacerbada são espelhos de um masculino desequilibrado. O lado mais escuro do Patriarcado pode ser personificado na figura de Darth Vader de Guerra nas estrelas, o homem-máquina  com sua máscara de metal, e o luminoso na figura de Luke Skywalker, herói que não se deixa seduzir pelo lado negro da força. Além do bem e do mal, precisamos integrar todos os lados da Totalidade, a Mitologia grega oferece essa gama de possibilidades:

Zeus – Deus dos raios e trovões encarna o paizão, tanto provedor quanto punitivo, é um poderoso líder. Teve inúmeras mulheres e uma prole numerosa, infiel, porém conservador da família. O homem-Zeus gosta de estar no topo, de status, é inteligente, racional e estrategista, mas não intelectual. Apesar do sucesso com as mulheres, não é romântico nem apaixonado. É o homem mais aceito no patriarcado.

Poseidon – Deus dos mares, das emoções e dos instintos, costuma transbordar e  inundar:  Expressa-se com facilidade, pode ser tomado pela emoção e perder o controle.  Sua profundidade assusta pois pode trazer à tona  a beleza abissal ou os monstros da psique. As explosões ocorrem quando reprimidos. Se desiste de dominar, fica mais sensível, poético e empático. O homem-poseidon pode se afogar no álcool como fuga ou ser um canal que ajuda as pessoas a se expressarem.

Hades – Encontramos o deus do submundo, na depressão ou na morte: de um relacionamento, de um propósito, de uma esperança. É o reino do inconsciente pessoal e coletivo, que precisamos descer para juntar pedaços esquecidos, reprimidos ou até potenciais preciosos. O homem-Hades parece invisível, prefere o silêncio e a solidão, às vezes é celibatário. Atrai mulheres que ligam seu mundo interno e externo. Sua subjetividade o faz ser um bom conselheiro e tem dificuldades de se ajustar à produtividade.

Apolo – Deus do sol é a personificação do sucesso no Patriarcado. Observa e age à distância, sem envolvimento emocional. É exímio em alguma habilidade, como arco e flecha. Racional, gosta da ordem, de estar no mundo e mira o futuro. Realista e idealista gosta da autoridade das leis para se viver num mundo justo. O homem-Apolo é concentrado e aprecia a harmonia da música. Pode ter dificuldades com intimidade.

Hermes – Esse deus é rápido com asas nos pés, não esquenta lugar. Eloquente comunicador e também guia de jornadas espirituais e psicológicas, é um mensageiro entre mundos. Protetor dos viajantes e negociantes. Um homem-Hermes pode ser um diplomata ou traquinas. Estrategista, ajuda nas transições e transformações da vida, sendo alquimista por natureza. Encontros amorosos são fugazes, estão buscando sempre novas aventuras, como jovens eternos que não amadurecem.

Ares -  Deus guerreiro da força física e virilidade, ansiava por batalhas e derramamento de sangue. Passional, não perde uma briga principalmente se alguém querido foi atacado. O homem-Ares gosta da competitividade dos esportes. Apaixonado, entrega-se ao momento como amante. Dançarino de instinto agressivo, seu corpo é seu guia e sua impulsividade pode ser fraterna ou violenta. Necessita refletir sobre seus atos impensados.

Hefesto – Deus artesão e aleijado, da oficina, do fazer inventivo. Com seus pés tortos, criava objetos funcionais e forjava no fogo como meio de transmutar sua dor emocional.  Pacificador da família, Hefesto foi casado com Afrodite, a Deusa do amor, unindo trabalho e beleza. O homem-Hefesto se deixa absorver pelo trabalho e se torna altamente produtivo, porém isolado. A mulher o inspira e o leva a ter vida social.

Dioniso – Deus do êxtase, pode elevar o sentido da vida ao sagrado e também violá-la num surto de loucura. Místico e contra-cultural, o homem-dioniso pode ser ameaçador da rotina. Em sua transpessoalidade pode se tornar um sacerdote ou um homem conflituado em seus opostos. Como deus do vinho, busca sua transcendência com o perigo de se entorpecer.  Vincular-se e comprometer-se pode trazer um fio terra às suas experiências e sair da adolescência emocional.

A luz e a sombra de cada deus auxilia o homem a se conhecer e se superar. As mulheres podem perceber que tipo de homem estão atraindo e se querem mudar de padrão. Homens e mulheres cada vez mais vivem a integração do feminino e masculino dentro de si, reescrevendo uma história de amor e relacionamento mais integral com os deuses abençoando a nossa própria Humanidade.


 

 

 

 

 

 

               

quinta-feira, 6 de março de 2014

Somos todas Deusas ... Homenagem às mulheres


Somos todas Deusas

Homenagem às Mulheres
 
Diário de Teresópolis, 06 de março de 2014

Que mulher nunca sonhou ingenuamente com seu príncipe? Nunca maternou o filho, uma amiga aflita ou um parente adoentado? Que mulher nunca esbravejou e lutou por uma meta, ou não se deixou de lado para apoiar seu companheiro num momento difícil ou de vitória?  Que mulher nunca discutiu por justiça e igualdade ou silenciou para evitar um conflito e buscou dentro de si uma palavra sábia, apaziguadora? Que mulher nunca se cuidou num banho de espuma ou de salão e se entregou sem reservas a uma paixão?

Cuidar dos filhos, da casa, estudar, trabalhar, viajar, cozinhar, ter amigas, se cuidar, namorar e ainda se espiritualizar. Só deusas mesmo e elas existem povoando nossa psique. O arquétipo da Grande Mãe é melhor compreendido através das figuras personificadas em deusas, que ganham coloridos diferentes de cultura pra cultura. O panteão grego parece inspirar  bem as mulheres ocidentais.

Conta o mito que Atena nasce da cabeça de seu pai Zeus, que depois de engolir seus filhos - pois foi profetizado que um filho seu o destronaria - sentiu uma dor de cabeça e pediu para abrí-la. Atena nasce adulta armada e com armadura e torna-se aliada de seu pai. Mulheres –Atena são intelectuais, gostam de estudar e lutam por justiça, civilização e cultura. A palavra é sua espada e seu corpo a sua sombra. Com sua armadura-couraça, têm dificuldades de sentir.  Necessitam integrar mais seu emocional.

Deméter é a deusa-mãe que nos abençoa na gravidez, na criação dos filhos, no cuidado com a terra, a colheita, nos ciclos do corpo, das emoções, da natureza. Com ela nos engajamos na proteção ao planeta. Cuidamos do que é pequeno, do que cresce e necessita de cuidado. Mulheres muito identificadas com ela ficam sem rumo quando os filhos casam, viajam, ficam adultos. Com o ninho vazio tendem a deprimir e precisam arrumar outras motivações.

Perséfone,  filha de Deméter, casa-se com Hades, o rei do submundo que a sequestra tornando-a rainha. Deméter negocia com Hades para ficar seis meses (primavera-verão) com ela, devolvendo-a a ele na outra metade do ano(outono-inverno). Esse mito nos revela dois momentos do feminino: a ingênua filha, frágil e inexperiente, dependente da mãe, e a rainha do submundo, intuitiva  e conectada. Perséfone  aparece nas meninas e visita as mulheres maduras, que mergulham no inconsciente, as terapeutas que ligam os mundos. Podem ser mulheres que custam a crescer, saem da proteção da mãe para o marido e desconhecem seu poder pessoal.

Ártemis caçadora mira firme seu alvo na mata. Guerreira que usa seus instintos, nos ajuda reconectar com nossa natureza selvagem. Sobrevivência, espaço  vital, objetividade é ela quem nos auxilia a alcançar. Apolo, seu irmão é seu único companheiro, pois relacionamento amoroso não lhe atrai. Traz-nos fraternidade e coragem de ficar sozinha. Não é ela que precisamos quando queremos nos relacionar.

Afrodite é a deusa do amor e da beleza. Sabe se cuidar, se amar, se envolver e se entregar. Musa inspiradora de vários artistas, traz criatividade e arte. Exala sensualidade e nos prepara para viver um amor. Mas não necessariamente duradouro. Ela sabe sair de onde não existe amor e beleza. Ela nos ensina a auto-preservação, ajudando mulheres que sofrem de violência ou abuso. Mulheres-Afrodite  têm auto-estima, sabem conquistar e também se respeitar.

Hera é a deusa-esposa, casada com o todo poderoso Zeus, é a primeira dama que organiza a vida do marido. Acompanha-o em eventos sociais. Parceira fiel de seu companheiro não necessariamente fiel, é dedicada ao casamento que se torna sua razão de existir. Uma mulher necessita dessa energia para sustentar um relacionamento mesmo em momentos de crise.  Ciumenta, controla seu marido e se vinga de outras mulheres. Uma mulher-Hera que se separa pode ter uma crise de identidade, então prefere ficar infeliz, do que só.

Héstia é a Deusa-anciã, monástica. Muito honrada na antiga Grécia, aquecia os lares através do fogo sagrado central. Silenciosa e sábia, não está buscando um lugar no mundo, mas sim dentro dela. Ela aparece em mulheres mais velhas ou naqueles momentos de solidão e meditação. Pode nos ensinar muito quando paramos para escutá-la.

Temos um pouco de cada ou somos tomadas por uma, em um momento ou pela vida toda? Estão em conflito em nós ou se ajudam umas às outras? As deusas habitam a psicologia feminina. E os homens? Também as vivenciam, projetadas nas mulheres que se relacionam, seja mulher, amiga, amante, mãe, irmã ou avó. Vivemos os mitos ou os mitos vivem em nós? Dificíl responder. Mas, uma certeza temos, os mitos femininos podem ajudar a mulher a reverenciar sua própria sacralidade e de suas ancestrais.

Sílvia Rocha – Psicóloga