quinta-feira, 13 de março de 2014

E eles também são deuses...


E eles também são Deuses
Diário de Teresópolis, 13 de março de 2014

                Sempre que falo das deusas, os homens me perguntam e os deuses? Sim eles também povoam o inconsciente masculino e feminino. O patriarcado criou feridas na alma feminina e também criou um estereótipo de homem a ser aceito pela sociedade. Nesse sistema guiado pelo controle, razão e poder, não é à toa que vivemos guerras, abusos e injustiças. Os instintos e emoções, também foram renegados nos homens.

                Abandono de lares, agressividade e competitividade exacerbada são espelhos de um masculino desequilibrado. O lado mais escuro do Patriarcado pode ser personificado na figura de Darth Vader de Guerra nas estrelas, o homem-máquina  com sua máscara de metal, e o luminoso na figura de Luke Skywalker, herói que não se deixa seduzir pelo lado negro da força. Além do bem e do mal, precisamos integrar todos os lados da Totalidade, a Mitologia grega oferece essa gama de possibilidades:

Zeus – Deus dos raios e trovões encarna o paizão, tanto provedor quanto punitivo, é um poderoso líder. Teve inúmeras mulheres e uma prole numerosa, infiel, porém conservador da família. O homem-Zeus gosta de estar no topo, de status, é inteligente, racional e estrategista, mas não intelectual. Apesar do sucesso com as mulheres, não é romântico nem apaixonado. É o homem mais aceito no patriarcado.

Poseidon – Deus dos mares, das emoções e dos instintos, costuma transbordar e  inundar:  Expressa-se com facilidade, pode ser tomado pela emoção e perder o controle.  Sua profundidade assusta pois pode trazer à tona  a beleza abissal ou os monstros da psique. As explosões ocorrem quando reprimidos. Se desiste de dominar, fica mais sensível, poético e empático. O homem-poseidon pode se afogar no álcool como fuga ou ser um canal que ajuda as pessoas a se expressarem.

Hades – Encontramos o deus do submundo, na depressão ou na morte: de um relacionamento, de um propósito, de uma esperança. É o reino do inconsciente pessoal e coletivo, que precisamos descer para juntar pedaços esquecidos, reprimidos ou até potenciais preciosos. O homem-Hades parece invisível, prefere o silêncio e a solidão, às vezes é celibatário. Atrai mulheres que ligam seu mundo interno e externo. Sua subjetividade o faz ser um bom conselheiro e tem dificuldades de se ajustar à produtividade.

Apolo – Deus do sol é a personificação do sucesso no Patriarcado. Observa e age à distância, sem envolvimento emocional. É exímio em alguma habilidade, como arco e flecha. Racional, gosta da ordem, de estar no mundo e mira o futuro. Realista e idealista gosta da autoridade das leis para se viver num mundo justo. O homem-Apolo é concentrado e aprecia a harmonia da música. Pode ter dificuldades com intimidade.

Hermes – Esse deus é rápido com asas nos pés, não esquenta lugar. Eloquente comunicador e também guia de jornadas espirituais e psicológicas, é um mensageiro entre mundos. Protetor dos viajantes e negociantes. Um homem-Hermes pode ser um diplomata ou traquinas. Estrategista, ajuda nas transições e transformações da vida, sendo alquimista por natureza. Encontros amorosos são fugazes, estão buscando sempre novas aventuras, como jovens eternos que não amadurecem.

Ares -  Deus guerreiro da força física e virilidade, ansiava por batalhas e derramamento de sangue. Passional, não perde uma briga principalmente se alguém querido foi atacado. O homem-Ares gosta da competitividade dos esportes. Apaixonado, entrega-se ao momento como amante. Dançarino de instinto agressivo, seu corpo é seu guia e sua impulsividade pode ser fraterna ou violenta. Necessita refletir sobre seus atos impensados.

Hefesto – Deus artesão e aleijado, da oficina, do fazer inventivo. Com seus pés tortos, criava objetos funcionais e forjava no fogo como meio de transmutar sua dor emocional.  Pacificador da família, Hefesto foi casado com Afrodite, a Deusa do amor, unindo trabalho e beleza. O homem-Hefesto se deixa absorver pelo trabalho e se torna altamente produtivo, porém isolado. A mulher o inspira e o leva a ter vida social.

Dioniso – Deus do êxtase, pode elevar o sentido da vida ao sagrado e também violá-la num surto de loucura. Místico e contra-cultural, o homem-dioniso pode ser ameaçador da rotina. Em sua transpessoalidade pode se tornar um sacerdote ou um homem conflituado em seus opostos. Como deus do vinho, busca sua transcendência com o perigo de se entorpecer.  Vincular-se e comprometer-se pode trazer um fio terra às suas experiências e sair da adolescência emocional.

A luz e a sombra de cada deus auxilia o homem a se conhecer e se superar. As mulheres podem perceber que tipo de homem estão atraindo e se querem mudar de padrão. Homens e mulheres cada vez mais vivem a integração do feminino e masculino dentro de si, reescrevendo uma história de amor e relacionamento mais integral com os deuses abençoando a nossa própria Humanidade.


 

 

 

 

 

 

               

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