sábado, 7 de junho de 2014

Meio Ambiente Inteiro


Meio Ambiente Inteiro

Dia 05 de junho é o dia Mundial do Meio Ambiente. Este dia comemorativo foi criado em 1972 por uma conferência da ONU que reuniu mais de 100 países com o objetivo de catalizar a atenção e promover eventos mobilizadores de consciência e ações em prol do meio ambiente. De lá para cá passaram-se 42 anos, será que a consciência se expandiu ou a devastação aumentou? 

Enquanto os seres humanos perceberem o meio ambiente como algo que está fora não será possível uma consciência plena. Buscando significado para meio ambiente na internet encontrei definições que podemos resumir em “local onde a vida se desenvolve”. Na Wikipédia, “O meio ambiente, habitualmente chamado apenas de ambiente, envolve todas as coisas vivas e não-vivas que ocorrem na Terra, ou nalguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos seres humanos.” 

“Afeta a vida dos seres humanos”? Ou será que os seres humanos afetam a vida do planeta? Ou ambos se afetam e interagem mutuamente?

Por estas definições percebemos uma separação entre seres humanos e natureza. E cada vez mais nos grandes centros urbanos o homem vai se afastando, trabalhando em escritórios-cubículos, apartamentos-gaiola, concretos, vidros, aço e eletricidade.  

Não sei porque a maioria das casas onde morei, as ruas são de paralelepípedo, onde mato pode crescer rebeldemente entre uma pedra e outra. O asfalto me dá uma sensação de excesso de civilidade, que para mim pode significar falta de saúde. Gosto de ver aquele verdinho por entre o cinza, me dá a sensação de que nem tudo fora ainda dominado.

Como diz Clarissa Pinkola Estes, autora junguiana, “Não é por acaso que as regiões agrestes e ainda intocadas do nosso planeta desaparecem à medida que fenece a compreensão da nossa própria natureza selvagem mais íntima.”

Acostumamos a ver o mundo com olhos da mente fria e racional, que nos distancia do que é observado. Assim a natureza se torna um ente separado, um objeto de estudo e de laboratório, uma coisa que está a mercê e à serviço do homem que tenta controlá-la ao máximo. O utilitarismo é fruto desta visão cindida e racional. Então quando eu olho o mundo, a natureza, os animais com essa visão, eu penso de que forma eles me podem ser úteis.

 Um ser inteiro em sua totalidade é muito mais do que pensamento. É também sensação, sentimento, intuição. Uma outra concepção de mundo, seria ao invés de apenas ver a natureza, também ouvi-la ou senti-la como fazem os indígenas. Segundo Leonardo Boff nos conta, a cultura andina percebe o mundo numa teia de relações vivas, carregadas de sentido e mensagens. Se escutarmos o vento, os rios, as montanhas, a Terra, talvez pudéssemos aprender a cuidar mais da vida. Ele ainda ressalta: “Só dominamos a natureza, obedecendo-a, quer dizer, escutando o que ela nos quer ensinar. A surdez nos dará amargas lições.” E tem nos dado.

De que forma podemos cuidar de nossa própria natureza para que possamos realmente cuidar da Mãe natureza? Uma das grandes preocupações ecológicas é o lixo. Para onde ele vai, se vai contaminar, explodir, entulhar, causar doenças? E nosso lixo interno? Estamos reprimindo, entulhando, contaminando relações, causando doenças? Pensando nessa questão relacionei os “3 Rs” do  gerenciamento de resíduos sólidos ao nosso auto-gerenciamento.

Reduzir descartáveis – De que forma podemos reduzir gastos de energia?  A maioria das coisas que nos preocupamos nunca aconteceu e nem acontecerá, por exemplo. Relacionamentos são descartados ou trocados como uma máquina com defeito. Pessoas também têm sido usadas. Se o vínculo for pelo sentimento, há mais chances de um encontro verdadeiro.

Reutilizar produtos usados dando a eles outras funções – Experiências que não foram exatamente como esperávamos, podem servir de preparação para novas oportunidades, lições de vida que levam à sabedoria.

Reciclar produtos transformando usados em algo novo – transformar expressões de emoções, ao sentir raiva, por exemplo, ao invés de agredir alguém com palavras ou atitudes, usar essa força para fazer algo pró-ativo. A tristeza em meditação, o medo em cuidado.

Feita nossa ecologia interna, transbordaremos para o externo naturalmente. Enquanto estivermos usando sacos plásticos que entopem bueiros e engasgam seres do mar, entulhando o planeta, enquanto nossos lixos internos e externos estiverem na sombra, não estaremos inteiros na busca da saúde do nosso meio de vida. O comprar compulsivo para tapar vazios existenciais, precisa ser banido. Podemos nos preencher de natureza, somos natureza! Meditar ampliando percepções, pode ser uma boa prática para quem quer alçar vôos ainda maiores rumo à Totalidade.

Sílvia Rocha – silviaayani@gmail.com

WWW.silvia.renata.rocha.blogspot.com.br

 

 

 

7 comentários:

  1. Sim! Devemos preservar a natureza! Mas não somos comparáveis a produtos industrializados.

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  2. Claro que não Luiza, se pudermos cuidar de nossa própria natureza talvez sim poderemos cuidar da externa, essa foi a intenção.

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  3. A reciclagem é comumente vista. no Brasil, com produtos industrializados(aquela tradicional coleta: papel, plástico e vidro). Mas realmente existe a reciclagem da água e que no contexto que você aborda, Silvia, pode realmente ser feita uma comparação com a emoção humana (água-emoção). Pelo menos é assim que eu vejo.

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  4. Podemos reciclar muito mais: madeiras, caixotes, embalagens de longa vida, acho que se chama Tetra Pak, alumínio, computadores, baterias, e outros.
    Também reciclar até fezes e urina através dos biodigestores, temos pessoas no PARNASO trabalhando com isso. Também usamos reciclar quando falamos em fazer cursos de reciclagem, aperfeiçoamento, quando vamos nos aprimorar em conhecimento. Enfim, no meu caso eu usei na Psicologia, reciclando emoções, ao invés de virar lixo, aproveitá-las. Como você mesma colocou, como a água, é isso aí.

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  5. Sim... Mas a minha intenção foi dizer que a água é muito mais comparável à emoções do que "resíduos solidos". Grata pela sua resposta.

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  6. Silvia, concordo com você. Considero muito sombrio o consumo não consciente e a falta de cuidado com tudo em torno desse consumo. Adorei!

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