terça-feira, 1 de julho de 2014

Os Quatro Estágios da Terapia


Os Quatro estágios da Terapia

 “Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.” Nise da Silveira

                Em geral, quando uma pessoa busca uma terapia, é porque tem algo em sua vida que a pertuba. São poucas as pessoas que vem em busca de auto-conhecimento. É comum chegarem com um acontecimento trágico ou uma angústia bem grande.  Esse primeiro momento mais parece um confissionário, um extravazamento de emoções, expressões pouco conscientes, talvez mecanizadas, defendidas ou racionalizadas. Quando começam a contar sua história e seus problemas, estes se apresentam com percepções reduzidas de sua realidade. Algumas sabem como estão e onde querem chegar, mas não sabem como fazer para chegarem lá. Pensamentos e falas que se repetem, percepções baseadas em crenças distorcidas sobre si mesmo, são bastante comuns.

Os mais emotivos tem facilidade para deixarem fluir as emoções e alguma dificuldade para organizar estes sentimentos que podem estar confusos. Os mais racionais, já sabem de cór seus porquês com dificuldades de entrar em contato com a emoção. Essa chegada precisa ser apoiada, pois muitas vezes quem procura uma terapia, já passou por uma barreira que é a de procurar ajuda. Nem sempre é fácil, admitir que se precisa de ajuda, passar por cima do orgulho e talvez de algumas crenças do tipo: “terapia é coisa de maluco!”

Aí entramos no conceito do que é ser normal e do que é patológico. O que parece no senso comum, é como se tivesse algo certo e algo errado com as pessoas e a terapia fosse para consertar quem está errado. Como um carro que chega no mecânico para trocar uma peça. Dentro da Psicologia, não existe este julgamento sobre as pessoas e eventos. Cada um tem sua forma única, original e peculiar de ser, e encontra sua forma de expressar aquilo que é, levando à realização de seu ser no mundo. Então o psicólogo não vai dizer o que a pessoa precisa fazer ou mudar. Uma crise ou doença pode aparecer com um intuito de trazer a força de cura e de superação para alguém. O psicólogo apenas acompanha, dando devoluções, espelha para o outro se ver melhor, procura ampliar percepções, mostrar outros lados, algumas vezes orienta. O relacionamento do terapeuta com o cliente vai ser um dos aspectos mais importantes nesse processo. É dessa interação entre dois seres humanos, duas personalidades que vai surgir algo novo. A confiança, a empatia, a afetividade criam um campo para um mergulho que não é só do cliente, mas do terapeuta também.

O segundo estágio da terapia é o da elucidação, onde aspectos que estavam inconscientes vem à tona. O cliente pode trazer sonhos para a terapia, que trazem mensagens do inconsciente, símbolos que guiam para além da mente consciente e racional.  O terapeuta pode introduzir também um trabalho com arte, onde é possível facilitar a vinda de imagens do inconsciente. A arteterapia possibilita a criação de imagens e símbolos que fazem a ligação entre o consciente e o inconsciente. Desenho, pintura, escultura, corte e colagem, escrita, dentre outras são ferramentas que tornam conteúdos antes não acessíveis, manifestos e palpáveis. Quando conseguimos nomear ou trazer forma, continente, cor, som, para nossas questões e conviver com elas dessa forma lúdica, podem vir soluções criativas antes não vislumbradas.

No terceiro estágio da terapia, ocorre uma certa forma de educação. Compreender as expressões, o processo e as passagens da vida trazem lições aprendidas, insights sobre sua forma de ser e viver, levam a uma possibilidade de reeducação. Mudanças de padrões começam aí, com um tanto de conhecimento sentido e integrado.  A união do que se pensa com o que se sente, cria uma força de mudança mais efetiva. O curador interno do cliente é desperto e ele passa a depender cada vez menos do terapeuta para encontrar saídas.

O quarto estágio é o da transformação, onde é possível tornar-se aquilo que se é. Um reencontro consigo mesmo, onde o ciclo se completa. Para aqueles que pensam que terapia não tem fim, aqui vai o fechamento: quando o cliente é capaz de seguir sozinho com seu processo de individuação, que é o processo de se tornar inteiro. Maturidade, segurança, confiança, amor próprio, centramento e relaxamento são alguns méritos dessa conquista. Esse trabalho requer tempo, esforço, comprometimento, continuidade  e algum sacrifício.  

Sílvia Rocha – psicóloga – silviaayani@gmail.comwww.silviarenatarocha.blogspot.com.br

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário