Arquétipo do Mestre
Em Homenagem ao dia
dos Mestres!
“O sonho tem início
com um mestre que acredita em ti, que te puxa, te empurra e te conduz ao
próximo degrau, às vezes te aguilhoando com uma vara pontiaguda chamada
verdade.”
- Dan Rather
“Ser educador é ser
poeta do amor.” – Augusto Cury
O caminho do Mestre segundo “O
Caminho quádruplo” da antropóloga
Angeles Ariens, permite acesso
ao recurso da sabedoria. Diferentemente de conhecimento, que é a soma das
informações que colecionamos ao longo da vida, a sabedoria nos leva para além
de livros e manuais, envolve o refletir e sobretudo saber o que fazer com o
conhecimento. A sabedoria é um
conhecimento interno que desperta na medida em que vivemos, experienciamos e
compartilhamos.
Em todas as culturas temos
conceitos de educação e transmissão de conhecimento. Aprender e ensinar, é um processo universal,
seja através de uma instituição como a escola, ou através da convivência,
transmissão oral ou por experiências. Já temos sabido que o melhor método de
ensino é por modelo, dando exemplos. A criança aprende muito mais o que observa
e vivencia do que o que escuta, daí ser tão importante a concordância entre o
falar e o agir. Aprender não significa apenas assimilar os conteúdos
programáticos, teóricos e conceituais. Aprender também envolve o processo de
aprender a aprender, saber onde buscar, como, questionar, refletir, descobrir e
se descobrir.
Daí chegamos a outra diferença
que é entre professor e educador. Ser professor passa pelos aspectos formais do
ensino acadêmico. Já o educador passa pelo relacionamento com seus alunos,
provocando-os a despertar para suas potencialidades. O humano em sua plenitude é convidado a
participar, e o processo de educação transcende o intelectual, provoca o desenvolvimento
de habilidades como criatividade, iniciativa, curiosidade, determinação, compartilhares,
comprometimento, perseverança, capacidade de elaboração e de fazer associações.
Segundo Ariens, a arte do Mestre
em suscitar a sabedoria na vida, consiste em trazer flexibilidade e desapego.
Quanto mais flexibilidade, mais sabedoria. Raramente a rigidez nos leva à
evolução. Para encontrar soluções novas é preciso abrir mão e se desapegar de
idéias fixas. Em situações de incerteza, é bem comum buscarmos o controle, o
seguro, o conhecido. Mas é justamente nessa hora que precisamos confiar. A
confiança é o oposto do controle e o desapego nos ensina a soltar, a observar
nossas reações diante de um desafio, ao invés de ser tomado pelas emoções. A
leveza da confiança e o senso de humor trazem uma distância da situação que nos
permite olhar com objetividade para ela,
tratando-a de uma forma mais sábia.
O Arquétipo do trapaceiro que
algumas pessoas conseguem personificar muito bem, faz a pessoa aprender a rir de
si mesma. O embusteiro, o trickster, outros nomes para esse mesmo arquétipo,
trabalha na inversão. Se está sério demais faz rir, é o coiote da cultura
norte-americana, que provoca uma queda para a pessoa se dar conta do que está
fazendo. Cair e rir da queda, é pura sabedoria. O malandro na nossa cultura,
que choca as pessoas ao mostrar-lhes seus apegos e hábitos arraigados, trabalham
nas surpresas e no inesperado da vida. O sair da rotina, quebra padrões, faz mais visível onde existe apego que nos
leva à rigidez e controle. Rigidez nos lembra a morte, corpo rígido e sem vida.
Flexibilidade possibilita o fluir da vida. O senso de humor é fundamental pois
ele solta o corpo, e nos matem flexíveis, gerando abertura para criatividade.
O desapego aos resultados, parece
ser a orientação maior do Arquétipo do Mestre. Estamos acostumados por um tipo
rígido de educação, a querer encontrar sempre a resposta certa. Se temos a abertura do desapego estaremos
envolvidos a querer encontrar a melhor resposta. Segundo Harrison Owen, existem
quatro princípios do desapego que seguem o princípio da aceitação, que permite manter
nossa mente aberta para novos resultados, são eles: “Quem quer que esteja
presente é a pessoa certa para estar aqui; Seja quando for que comecemos, é
sempre o tempo certo; O que acontece é a única coisa que poderia ter
acontecido; Quando acaba, acaba.”
Aceitamos as experiências tais
quais elas são, ou relutamos o tempo todo com o que se apresenta? Outro meio de aprendermos sobre o desapego se
dá através da perda. Segundo William Bridges toda perda se encaixa numa dessas
seis categorias: perda de laços, perda de rumo, perda de estrutura, perda de um
futuro, perda de significado, perda de controle. Quando realmente não tem jeito
e o desapego é uma ordem, vai sofrer mais quem reluta. O novo sempre vem,
independente de estarmos preparados ou não.
Podemos aprender lições de nossos
ancestrais, através de seus ensinamentos de vida, modelos e lições
transmitidas. Que heranças boas, verdadeiras e belas você tem recebido de seus
pais, avós? Verdadeiras bênçãos de vida que quando honramos só nos fortalece.
Nossos mestres podem ser qualquer
pessoa que nos faça agregar mais sabedoria à vida, podem ser familiares, amigos
e até mesmo inimigos. Esses são então os que ensinam as mais profundas lições.
E não podemos esquecer dos mestres históricos, figuras consagradas e também os
mestres espirituais e do mestre interior, esse que apenas com o silêncio e
isolamento podemos acessar a sua voz.
Sílvia Rocha – psicóloga
transpessoal junguiana, arteterapeuta. Crp: 05/21756
Contato: silviaayani@gmail.com
OS: Dedico este artigo a todos os
mestres que passaram em minha vida, que estão e ainda vão passar. A meus
ancestrais, principalmente a meus pais. A meus clientes e alunos que fazem de
mim mestra e eterna aprendiz.
Gostei do blog.
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