A dança das energias
Diário de Teresópolis, 10 de abril de 2014
A Energia psíquica é uma
característica dos vivos, e é uma parte da energia vital. Pode-se estar sem
energia física, quando se está doente, por exemplo, mas a energia psíquica está
sempre presente na vigília e também nos
sonhos. Energia é algo que não pode ser visto, apenas em suas manifestações. Assim
como calor, luz e eletricidade são manifestações da energia física, fome, sexo,
emoções são manifestações da energia psíquica.
Segundo Maslow em sua pirâmide de
necessidades, primeiro precisamos estar resolvidos em questões de sobrevivência
que são nossos instintos básicos como os de fome, sono, sexo, excreção, sede.
Em segundo lugar com os de segurança do corpo, do emprego, da saúde, da
família, recursos, propriedade. Em terceiro: amor e pertinência na família e em
amizades, bem como de intimidade sexual, em quarto: auto-estima, confiança,
conquista e aprovação e quinto: auto-realização como habilidades, competências,
vontade de crescimento e espiritualidade. Apesar desta hierarquia nem sempre
ser seguida à risca, fica a dica dos vários tipos de necessidades que o ser
humano precisa preencher.
Emoções são carregadas de
energia, assim como os pensamentos. Eles nos movem. Conflitos também. Há quem
pense que os conflitos são negativos porque causam tensão, mas é justamente
essa tensão entre questões opostas que nos levam a gerar mais energia psíquica
e a inventar uma saída usando a criatividade para expandir, escolher, abrir
mão, criar uma terceira opção, enfim, sair da tensão e se desenvolver.
É difícil de medir a energia
psíquica mas podemos estimá-la através do valor que damos a determinados
assuntos. Se consideramos algo banal, não investiremos nossa energia nele, mas
se consideramos algo importante, o nível de intensidade de energia vai ser
outro: dedicaremos tempo, esforço e sentimento naquilo. Uma ideia pode exercer
uma influência em nós mais do que outras.
Nosso sistema psíquico é aberto e
fechado ao mesmo tempo. O ambiente nos provoca o tempo todo e também temos
nossas considerações, sentimentos e pensamentos causados e causadores de
eventos. A energia pode estar em progressão, ou seja para fora, para adaptação ao
meio e funcionamento na vida ou em regressão, entrando no inconsciente, ativando
complexos que roubam a energia podendo
ocasionar uma depressão, em que o movimento da vida fica paralisada.
Podemos dizer que a depressão é a
raiva voltada para si mesmo. Quando a raiva é contatada e expressa, começa a
saída da depressão. Enquanto uma pessoa está chorando ou expressando raiva, ela
está melhor do que aquela que está guardando. Essas pessoas que guardam são
mais preocupantes por serem mais propensas a terem algum tipo de crise.
Quando a energia está muito pra
dentro, represada, um surto, uma crise ou uma catarse se faz necessária. Alguns
surtos não são necessariamente psicóticos, mas tentativas de rompimento
com padrões já obsoletos. A arte pode ajudar
uma pessoa a se expressar seja por simplesmente fazer, como uma terapia
ocupacional, por exemplo fazer um arranjo floral, montagem com sucatas, até mesmo expressar emoções pela pintura,
escultura e teatro.
Quando a energia está muito para
fora, este desequilíbrio cria um sintoma para compensar. O corpo dói para ser
sentido, para que a atenção se volte para dentro. Para sair das somatizações,
uma regressão de energia é indicada para a ativação do mundo interior. Nesse
momento o silêncio é o indicado pois ele nos conecta, acima de tudo a nós
mesmos. Começamos a nos ouvir quando silenciamos. Penetrar no silêncio é
ultrapassar a mente tagarela que muitas vezes nos engana. Nesse sentido a arte
também nos ajuda a organizar nossas introspecções.
Os sonhos também são grandes
mensageiros do inconsciente nos dando pistas do que precisamos dar atenção. A
psique abrange mente e corpo num sistema consciente-inconsciente, trocando
energia em nosso interior e no contato com o meio e com outras pessoas. É como
vários passos de uma dança. Aliás dançar tem sido uma bela metáfora para a vida
pois abarca vários movimentos vitais e psíquicos como se expandir, contrair,
esperar, avançar, seguir o fluxo, olhar nos olhos, conduzir e ser conduzido.
Sílvia Rocha
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