quarta-feira, 20 de maio de 2015

Tecnologia e Infância- Alerta aos pais


Tecnologia e infância

Alerta aos pais

“A televisão me deixou burro, muito burro de mais...”- Titãs

“A televisão leva o homem ao esquecimento e a perda de si mesmo...”- Adauto Novaes

                Cada vez mais estamos recebendo novas tecnologias dentro de casa, fazendo parte da rotina e da educação dos filhos. Antes era apenas a televisão que levantava polêmica quanto ao seu uso na infância. Hoje temos também tablets, celulares, internet e iPads que colocam em cheque nossa capacidade de educar e dar limites.

                Essas telinhas atraem os olhos dos pequenos que se sentem encantados e curiosos frente a um mundo de muitas possibilidades de imagens e desafios através de jogos e vídeos. E antes mesmo de aprenderem a ler e escrever, já sabem baixar jogos, com seus dedinhos deslizando na tela. Ao mesmo tempo que para os pais pode ser um descanso, deixando a criança quietinha e entretida, principalmente em viagens, restaurante ou durante algum afazer do adulto, pode também significar um grande perigo.   

                Devido ao pouco tempo no mercado, por volta de 5 anos, ainda não temos pesquisas suficientes a respeito das consequências dos usos de tablets nas crianças. Nossas crianças estão sendo cobaias. Mas já há indícios dos perigos ocasionados pelo excesso. A exposição excessiva à tecnologias já demonstram afetar negativamente o funcionamento cerebral e causar déficit de atenção, pensamentos acelerados, atrasos cognitivos, dificuldades na aprendizagem e na capacidade de controlar as emoções.

                O uso de tecnologias reduz os movimentos da criança, que ao invés de estar correndo, brincando, explorando o mundo a sua volta, conversando e interagindo, está parada mexendo apenas os olhos e os dedos. Isso pode acarretar um atraso no desenvolvimento levando a dificuldade na alfabetização e aprendizagem. Também estão sendo observados um aumento na obesidade infantil principalmente nas crianças que não tem limite de uso ou possuem computadores em seus quartos. Segundo Tremblay, algumas dessas crianças vão desenvolver diabetes, têm maior risco de acidente vascular cerebral e ataque cardíaco precoce, diminuindo a expectativa de vida.

            Privação do sono também acontece em crianças que ficam ligadas em telinhas até tarde da noite e por muitas horas, afetando seu desempenho escolar, pois na hora da aula estão com sono. Também está sendo pesquisada a relação do uso excessivo de tecnologias em crianças com doenças mentais infantis. Depressão, ansiedade, transtorno bipolar, psicose e outros transtornos podem ser ocasionados pelo seu uso não monitorado e a crescente medicalização das crianças pode ser evitada se o excesso de estímulos for controlado.

                Assistir à televisão principalmente programas muito acelerados, deixa os pensamentos inativos e retarda os pensamentos conscientes e a capacidade de fazer associações mentais, segundo pesquisas da neurociência. Deixa a criança desatenta, sonolenta em estado de semi-hipnose, facilitando com que os conteúdos sejam facilmente assimilados e por eles dominados. A formação de subjetividade e de valores morais está sendo feita pela televisão onde muito conteúdo que é transmitido poderia ser jogado no lixo. Comerciais abusivos e persuasivos, apelos ao consumo, programas violentos, de conteúdo sexual inapropriados a idade das crianças, levam as crianças a um desequilíbrio como agressividade e hiperatividade.

Estudos indicam que crianças abaixo de 2 anos devem ser mantidas longe de tecnologias, podendo ser nociva ao desenvolvimento da fala e da coordenação motora. Até mesmo se uma criança de até 2 anos estiver na sala, a TV deve ser desligada pois sua visão periférica que é maior do que a de um adulto capta muito mais os estímulos televisivos.

                De 2 a 4 anos é aconselhado o uso de DVDs que poupa as crianças dos comerciais e da futilidade de certos programas. Histórias vistas repetidamente, como a criança pede, estimula a criatividade e a fantasia tão saudável nessa época. Após 4 anos o contato com a  TV deve ser de até 45 minutos e um adulto assistindo junto para orientá-la, até os 6 anos de idade. Após os seis anos deve continuar a orientação e nunca permitir a exposição de conteúdos pornográficos ou violentos antes dos 18 anos. 

                Se possível recomenda-se o estímulo a leitura desde a mais tenra idade, o que estimula uma intensa atividade interior, formando seres humanos com mais capacidade de discernir, de pensar, de usar mais seus próprios potenciais. Adultos também viciados em tecnologia acabam criando dificuldades de vínculo com seus filhos, causando vários problemas psicológicos que vão perpetuar isso mundo afora: Humanidade em detrimento da tecnologia.

                O uso de tecnologias deve ser monitorado por adultos e ser permitido apenas de 1 a 2 horas diárias e se possível não a noite. A tecnologia pode ser um benefício à educação quando é controlada e guiada por adultos. Há filosofias como a Antroposófica e a Pedagogia Waldorf que descartam totalmente o uso de tecnologias em função de tirarem as crianças do seu mundo natural ocasionando consequências que ainda não sabemos.  Se isso for possível nos dias atuais é muito bom. Costumo aconselhar sempre o caminho do meio seguindo um filósofo que gosto muito: “Estar no mundo sem ser do mundo.” – Gurdjief. O caminho mais saudável parece ser o do equilíbrio de encontrar a medida de certos usos estando a favor da Humanidade.

               

3 comentários:

  1. Oi Sylvia (ou Silvia?), tudo bem? Não esqueci de você não, hein!
    Estava esperando o post! (Quando puder, te envio aquele email de confirmação).
    Legal este post, bem claro! E é verdade, criança tem que ler, brincar, pular, correr, desenhar, interagir com outras crianças. Não deve ficar presa a coisas de adulto que é a tecnologia e a internet, por exemplo.

    Um abraço, Luiza

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