O desafio de dar e
receber Feedbacks
Feedback é um palavra em inglês que
significa “retorno”. Assim como o músico precisa ouvir sua voz ou instrumento
num palco, para saber como está saindo o som, todos precisamos de um retorno
para saber como estamos indo, seja no trabalho, na vida, numa habilidade
desenvolvida. Não somos adivinhos, se ninguém falar, não poderemos saber.
Acontece que
nem sempre é fácil dar, receber, pedir e se expressar. Existe o medo das críticas, de magoar o outro, então se perdem muitas
oportunidades de crescimento. Por que as pessoas levam para o pessoal e se
sentem emocionalmente atacadas. Porque também tem gente que ataca mesmo, fazendo
o outro se afastar.
Um bom feedback é construtivo, orienta, alerta,
faz crescer, e aperfeiçoar. Bons feedbacks
criam relacionamentos de confiança e uma comunicação efetiva. Um feedback pode ser um elogio ou
simplesmente um alô que faz o outro se sentir visto, ouvido e acolhido. O
crítico e corretivo é o mais difícil de dar e receber sem tensões, mas pior que
não fazê-lo é o desprezo, a distância, a frieza que desconsidera e faz o outro
se sentir insignificante, rejeitado ou abandonado. Por isso não considero um feedback negativo, ele é sempre positivo
por mais que não seja habilidoso.
Existem dificuldades
de vários tipos: Tem gente que se envergonha de receber um elogio, tem medo de ficar envaidecida. Rebate dizendo:
“são seus olhos” ou “que nada, qualquer um faria isso”. Já a crítica é evitada,
com medo dos conflitos, correndo o risco de falar por detrás, para outras
pessoas, gerando fofoca e esvaziando um potencial de relacionamento com a
pessoa em questão.
Conflitos
fazem parte dos relacionamentos, lidar com eles é ser maduro para se
relacionar. Quem foge, fica na superficialidade e na alta rotatividade das
relações. Os atritos servem para lapidar e o conflito resolvido traz uma
aproximação ainda maior entre as pessoas e a sensação de transcendência leva à
paz. Relacionamento demanda comunicação e negociação, e assim se passa longe da
manipulação. Onde ninguém se sente
superior ou inferior, e sim igual, a harmonia reina. Daí os feedbacks serem tão
valiosos.
É muito mais
fácil ver o negativo no outro e ficar apontando erros e falhas. Mas quem aponta
muito, acaba não percebendo que também tem os mesmos erros e falhas. E o outro
o está apenas espelhando. Quando você fica muito irritado com alguém, esse
alguém está servindo de tela projetiva de coisas que na verdade, você não gosta
em você, mas que é difícil ver em você mesmo. Isso se chama projeção.
Dar um bom feedback, fortalece a pessoa, a relação,
cria um terreno amoroso e receptivo. Um reconhecimento de um parceiro no
trabalho o motiva, melhora seu desempenho e sua vontade de continuar evoluindo.
Um reconhecimento a um parceiro amoroso, o incentiva a manter seu comportamento
e até se superar.
Quando um
casal está em pé de guerra, as críticas são maiores que os reconhecimentos e
vão se tornando cada vez mais frequentes e mais fortes. Uma dica de Bert Hellinger,
terapeuta familiar sistêmico, é diminuir as críticas, trocando-as por
reconhecimentos, “vingando-se” do outro com amor. Quando é necessário informar
o outro que seu comportamento o está magoando: ao invés de apontar o dedo,
julgando-o; diga como se sente quando o outro faz o que faz. Assim o outro vai
sair da defensiva e reatividade e entrar na pró-atividade.
Algumas
pessoas precisam receber mais feedbacks,
outras já não gostam muito. Todo início de relacionamento, passa por um período
de ajustes e adaptações. Um novo emprego, relação amorosa, amizade demandam
investimento e atenção. Não existe nenhuma fórmula, apenas sensibilidade. Feedbacks positivos, de reconhecimento
costumam ser mais eficazes.
O referencial
interno é a sua capacidade de auto-avaliação, e funciona como um filtro, pois
nem tudo o que se fala faz sentido pra você. No mínimo é um convite à reflexão, e no
máximo, uma bússola nessa constante interação entre o mundo interno e o meio. Feedbacks são valiosos no início, no
meio e no fim de um ciclo. São lições que se leva pra vida inteira. Por isso
quando receber um feedback da
qualidade que for, agradeça!
Sílvia Rocha, psicóloga
(crp: 05/21756), arteterapeuta – silviaayani@gmail.com
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