quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O desafio de dar e receber feedbacks


O desafio de dar e receber Feedbacks

Feedback é um palavra em inglês que significa “retorno”. Assim como o músico precisa ouvir sua voz ou instrumento num palco, para saber como está saindo o som, todos precisamos de um retorno para saber como estamos indo, seja no trabalho, na vida, numa habilidade desenvolvida. Não somos adivinhos, se ninguém falar, não poderemos saber.

Acontece que nem sempre é fácil dar, receber, pedir e se expressar. Existe o medo das  críticas, de magoar o outro, então se perdem muitas oportunidades de crescimento. Por que as pessoas levam para o pessoal e se sentem emocionalmente atacadas. Porque também tem gente que ataca mesmo, fazendo o outro se afastar.  

Um bom feedback é construtivo, orienta, alerta, faz crescer, e aperfeiçoar. Bons feedbacks criam relacionamentos de confiança e uma comunicação efetiva. Um feedback pode ser um elogio ou simplesmente um alô que faz o outro se sentir visto, ouvido e acolhido. O crítico e corretivo é o mais difícil de dar e receber sem tensões, mas pior que não fazê-lo é o desprezo, a distância, a frieza que desconsidera e faz o outro se sentir insignificante, rejeitado ou abandonado. Por isso não considero um feedback negativo, ele é sempre positivo por mais que não seja habilidoso.

Existem dificuldades de vários tipos: Tem gente que se envergonha de receber um elogio,  tem medo de ficar envaidecida. Rebate dizendo: “são seus olhos” ou “que nada, qualquer um faria isso”. Já a crítica é evitada, com medo dos conflitos, correndo o risco de falar por detrás, para outras pessoas, gerando fofoca e esvaziando um potencial de relacionamento com a pessoa em questão.

Conflitos fazem parte dos relacionamentos, lidar com eles é ser maduro para se relacionar. Quem foge, fica na superficialidade e na alta rotatividade das relações. Os atritos servem para lapidar e o conflito resolvido traz uma aproximação ainda maior entre as pessoas e a sensação de transcendência leva à paz. Relacionamento demanda comunicação e negociação, e assim se passa longe da manipulação.  Onde ninguém se sente superior ou inferior, e sim igual, a harmonia reina. Daí os feedbacks serem tão valiosos.

É muito mais fácil ver o negativo no outro e ficar apontando erros e falhas. Mas quem aponta muito, acaba não percebendo que também tem os mesmos erros e falhas. E o outro o está apenas espelhando. Quando você fica muito irritado com alguém, esse alguém está servindo de tela projetiva de coisas que na verdade, você não gosta em você, mas que é difícil ver em você mesmo. Isso se chama projeção.

Dar um bom feedback, fortalece a pessoa, a relação, cria um terreno amoroso e receptivo. Um reconhecimento de um parceiro no trabalho o motiva, melhora seu desempenho e sua vontade de continuar evoluindo. Um reconhecimento a um parceiro amoroso, o incentiva a manter seu comportamento e até se superar.

Quando um casal está em pé de guerra, as críticas são maiores que os reconhecimentos e vão se tornando cada vez mais frequentes e mais fortes. Uma dica de Bert Hellinger, terapeuta familiar sistêmico, é diminuir as críticas, trocando-as por reconhecimentos, “vingando-se” do outro com amor. Quando é necessário informar o outro que seu comportamento o está magoando: ao invés de apontar o dedo, julgando-o; diga como se sente quando o outro faz o que faz. Assim o outro vai sair da defensiva e reatividade e entrar na pró-atividade.

Algumas pessoas precisam receber mais feedbacks, outras já não gostam muito. Todo início de relacionamento, passa por um período de ajustes e adaptações. Um novo emprego, relação amorosa, amizade demandam investimento e atenção. Não existe nenhuma fórmula, apenas sensibilidade. Feedbacks positivos, de reconhecimento costumam ser mais eficazes.

O referencial interno é a sua capacidade de auto-avaliação, e funciona como um filtro, pois nem tudo o que se fala faz sentido pra você.  No mínimo é um convite à reflexão, e no máximo, uma bússola nessa constante interação entre o mundo interno e o meio. Feedbacks são valiosos no início, no meio e no fim de um ciclo. São lições que se leva pra vida inteira. Por isso quando receber um feedback da qualidade que for, agradeça!

Sílvia Rocha, psicóloga (crp: 05/21756), arteterapeuta – silviaayani@gmail.com

 

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