domingo, 19 de julho de 2015

Corpo de Dor e Presença

Corpo de dor e Presença
“As coisas são como são até que a gente comece a transformá-las.” Autor desconheciedo
“Quando perdes contato com tua quietude, perde contato contigo mesmo, Quando perdes contato contigo mesmo, tu te perdes do mundo.” Eckart Tolle
            Presença tem sido uma coisa rara de se alcançar no mundo de hoje. Não basta estar presente fisicamente, cumprindo um compromisso, batendo um ponto. Presença é muito mais do que isso. É estar de corpo e alma sentindo o momento presente, sem preocupações futuras ou pesos do passado. É um estado de ser, um ponto zero sem contaminações emocionais que nos leva a um estado de paz.
            Crianças são mestres em nos ensinar este estado de ser fluido assim como pessoas que trabalham seu auto-conhecimento, tem consciência de si, estão despertas e plenas. Difícil mas não impossível de se encontrar. Essas pessoas inspiram outras a estarem em sua verdadeira essência, a serem essencialmente verdade.
Mas o que mais encontramos são pessoas estressadas, irritadas, com pressa, insatisfeitas, que reclamam o tempo todo, negativas, distantes de sua verdadeira essência. Tenho visto nas redes sociais conselhos para se afastarem de pessoas negativas, como se estas fossem o capeta capazes de fazer o mal só porque não estão bem consigo mesmas.
Então teremos que nos afastar e nos isolar de muita gente e viveremos assim cada vez mais distantes uns dos outros. Não poderemos desabafar, pois estaremos falando coisas negativas. Conheço pessoas espiritualizadas que temem estar perto de pessoas negativas. Que espiritualidade é essa que dá as costas a quem mais precisa de ajuda?
Como se julgasse ser melhor do que o outro, e nunca tivesse um momento difícil em sua vida. Como se só o belo e o agradável fossem dignos de atenção. O dia em que pararmos para estarmos presentes para o outro que necessita de ajuda, viveremos muito melhor.
Às vezes tudo o que uma pessoa que reclama precisa é de amor e atenção. A reclamação acontece porque a pessoa está lotada de pensamentos e sentimentos negativos. É uma depressão disfarçada. Situações mal resolvidas no passado, frustrações e muitas vezes uma auto-cobrança e auto-crítica que não a permitem estar satisfeitas consigo mesmas.
Eckart Tolle, autor do Poder do Agora, chama de corpo de dor ao campo energético que existe em volta das pessoas fruto do acúmulo de dores emocionais antigas. Então é como um ímã, esse corpo de dor atrai somente pensamentos e sentimentos que estão em sua vibração. Por baixo dele existe o medo de sofrer novamente e uma vontade de controlar os acontecimentos. Uma pessoa que não consegue relaxar, fica doente emocionalmente, além de ter seu corpo contraído e emoções somatizadas causando dores e doenças.
O stress muitas vezes vem de um estado psíquico, não somente pelo acúmulo de tarefas e a corrida contra o tempo. Mas de uma pressão interna em fazer a coisa certa, em se sentir aceito, em evitar problemas, em se proteger. Pais de primeira viagem com filhos recém nascidos passam por um momento de paranóia, tentando pensar em tudo de ruim que pode acontecer com sua cria, para poder protegê-la. Depois com o tempo essa paranoia vai passando e os pais relaxando. Mas tem gente que passa a vida toda criando em sua mente tudo o de ruim que pode acontecer para proteger seus entes queridos, faz parte de seu corpo de dor.
Pessoas assim estressam não somente a si próprias como quem está em volta e precisam de ajuda para sair disso. O primeiro passo é tomar consciência que estão mal. Aquelas pessoas que estão mal, mas se consideram ótimas estão fechadas a receber a ajuda necessária. São pessoas que não se responsabilizam por seus estados emocionais. Estão sempre culpando outras pessoas ou acontecimentos, colocando-se como vítimas.
Há uma negação tão grande, seu corpo de dor está tão profundamente arraigado que realmente é muito difícil ou quase impossível uma mudança. Pessoas com mais idade que passaram a vida toda dentro dessa estrutura, quando fazem terapia, vão mais para desabafar. Psicoterapeutas por mais que percebam essa dinâmica precisam respeitar os limites de cada um. Por mais frustrante que possa parecer, acompanhar seus pequenos avanços é o melhor a ser feito. O respeito e o amor pelos limites de cada um, dando uma atenção que talvez a pessoa nunca tenha tido.
Um caminho de auto-conhecimento pode ser impulsionado por um amigo, por uma leitura, uma palestra, um filme. Quem já está realmente disposto a ter um avanço, um salto de consciência, a quebrar padrões enrijecidos, e acredita que a felicidade é uma possibilidade real, precisa entrar na humildade. Focar não na perfeição, pois esse é um ideal impossível, mas na integração. Um caminho de auto-conhecimento e cura é para a vida toda. Expandir a consciência é sempre uma possibilidade quando existe essa intenção genuína.  Reconhecer seu corpo de dor é o primeiro passo para se separar dele e não deixá-lo mais dominar sua vida. Enquanto está inconsciente, ele fica autônomo, fazendo o que quer, quase como um outro ser dominando sua vida. Trazer para a consciência é começar a dominá-lo e transformá-lo num corpo de maior presença.
Quando estamos presentes plenamente a vida flui. E não é estar equilibrado o tempo todo, sempre em paz, porque  se pararmos, enrijecemos e morremos. Momentos bons e difíceis todos temos, estar atento às emoções vindas dos pensamentos é que faz a diferença. Também podemos observar e escolher  alguns pensamentos que vem em nossas cabeças pois podem ser repetições dos pais, dos avós, da sociedade, como uma programação. Escolher o que pensar e sentir é estar desperto e presente independente  da situação vivida. É estar livre para viver o que a vida nos traz.
PS : Dedico este artigo a Kelly Van Raalte pela sua presença inspiradora em minha vida, pelas experiências que transcendem as palavras, pelos compartilhares mútuos que nos movem a sermos pessoas melhores e divinamente humanas!
Sílvia –psicóloga transpessoal formada pela UERJ (crp:05/21756), especialista em Psicologia junguiana, Arteterapeuta e Cosnteladora Familiar Sistêmica

terça-feira, 30 de junho de 2015

Misoginia: Você sabe o que é?









Misoginia: Você sabe o que é?

            Tão comum em nossa sociedade, em empresas e infelizmente tão comum dentro dos lares, a Misoginia se refere ao ódio, desprezo ou repulsa ao gênero feminino. Pode se manifestar em diversas graduações desde piadas até a violência física contra a mulher. Difícil crer que isto seja tão normal e justamente por falta de informação é que se cria uma aceitação em torno de certos comportamentos que depreciam a mulher.

            A própria mulher muitas vezes se coloca em posição de menos valia, basta ligar a TV e ver mulheres em comerciais, posando como prêmios, sendo reduzida a seus aspectos corpóreos e sensuais. Não que isso não seja um belo atributo feminino, a redução a objeto é que é o problema. Tanto homens como mulheres são responsáveis por isso. Mulheres precisam aprender a dizer não, para certos papéis, que são convidadas a entrar. Basta acordar para isso. Homens precisam descobrir que as mulheres têm muito mais a oferecer do que simplesmente satisfazer seus instintos básicos.

Historicamente temos uma carga pesada de se carregar quando no mito de Adão e Eva, a mulher é tida como causadora da queda do paraíso. É a mulher que peca, que tenta o homem, que é a raiz de todo mal. A mulher fica condenada nesse lugar e somente na imagem de Virgem Maria, como mulher santificada, é que o feminino se enaltece. O feminino fica cindido e a mulher ou é santa ou é pecadora, prostituta como Maria Madalena fora primeiramente concebida.

Não é à toa que encontramos até hoje homens que mantém uma mulher “santa” em casa para ser mãe de seus filhos e uma amante para ter com ela seus momentos de prazer. Homens e mulheres pela metade, que não podem ser plenos em seus relacionamentos. Em escritos mais contemporâneos, encontramos Maria Madalena como esposa de Jesus, fiel e parceira. Essa imagem de um casal sagrado já nos inspira mais a encontrar o equilíbrio e harmonia entre gêneros.

            Uma outra redução que ocorre com as mulheres é serem colocadas no lugar de “muito emocionais, loucas, irracionais, não pensam direito”. Homens desrespeitam mulheres e mulheres acolhem como se merecessem. Não só violência física agride, mas a verbal pode doer e  muito:

“Não é nada disso, você está viajando de novo!”, “Você não entende nada sobre isso, melhor ficar calada”, “Impressão sua, nada a ver”, “Você está exagerando, pare de surtar!”

Yashar Ali, escritor e colunista de Los Angeles, dá o nome de “Gaslaitear” a essa forma de manipulação que induz as pessoas a se sentirem insanas, diminuídas, frustradas e depreciadas. Segundo ele:

“O termo vem do filme de 1944 da MGM, "Gaslight", estrelando Ingrid Bergman. O marido de Bergman no filme, interpretado por Charles Boyer, quer tomar sua fortuna. Ele se dá conta de que pode conseguir isso fazendo com que ela seja considerada insana e enviada para uma instituição mental. Para tanto, ele intencionalmente prepara as lâmpadas de gás (no inglês, "gaslights", vindo daí o nome do filme) de sua casa para ligarem e desligarem alternadamente. E toda vez que Ingrid reage a isso, ele diz a ela que está vendo coisas. Nesse contexto, uma pessoa gaslaiteadora é alguém que apresenta informação falsa para alterar a percepção da vítima sobre si mesma.”

Essa forma de manipular ou menosprezar nem sempre é consciente. E é aí que mora o perigo. É preciso prestar atenção.   É algo que está tão arraigado, proveniente de uma sociedade patriarcal onde homens querem estar no controle e no poder, porque provavelmente temem o poder feminino, mas que pode ser desperto de uma hora para outra, num estalo de tomada de consciência. Não sem trazer uma mexida com estruturas dos casamentos, das famílias e consequentemente da sociedade.

A misoginia acompanha o patriarcado para manter a mulher numa posição de subordinação, diminuindo seu acesso ao poder e consequente tomada de decisão. Esse ódio às mulheres é histórico, mas também pode ser proveniente de uma experiência particular de primeira infância. Um misto de necessidade do feminino com temor. É a mãe que nutre e que ameaça. Há uma fantasia de aniquilamento pela mulher que também o mantém vivo. Sendo assim a misoginia vai variar de homem pra homem, segundo suas experiências individuais com seus pais. A relação dos pais também vai influenciar diretamente esses tipos de comportamento. Se a criança assiste o pai desrespeitando a mãe, é isso que vai aprender.

A mulher é a detentora do princípio feminino de se relacionar, de sentir e intuir, assim como o homem do princípio masculino do pensar e fazer. Esses aspectos já foram mais segmentados, hoje vemos mulheres com intelecto muito desenvolvido e uma excelente capacidade prática; assim como homens com aspectos femininos, intuitivos e sensíveis. Casais podem se beneficiar de suas semelhanças e também de sua complementariedade, num caminho de evolução em parceria.

Para isso há que se limpar esse registros de Pré-conceitos contra gênero. Sentimentos às vezes herdados que impedem de viver um amor pleno. Homens e mulheres podem rever e buscar onde está a misoginia e misandria de cada um, com aceitação e amor. Violência se combate em sua raiz com amor e não com mais violência. E o que é Misandria? É o ódio das mulheres contra os homens, mas isso já é assunto para outro artigo. Até a próxima!

Sílvia –psicóloga transpessoal formada pela UERJ (crp:05/21756), especialista em Psicologia junguiana, Arteterapeuta e Cosnteladora Familiar Sistêmica
 
 



 

Misandria

Misandria
Você sabe o que é?
 
                Se Misoginia é o ódio às mulheres, Misandria é o ódio aos homens. A Misandria pode ser uma reação à Misoginia. De tanto se sentirem abusadas, desrespeitadas, humilhadas por homens, mulheres podem desenvolver o mesmo ódio para compensar. É possível que mesmo sem terem recebido diretamente uma agressão masculina, as mulheres herdem inconscientemente as dores de suas ancestrais.
                O movimento feminista conquistou muito terreno para as mulheres. Há pouco tempo atrás as mulheres não tinham direito ao voto, não tinham os mesmos direitos que os homens. No código civil antigo as mulheres eram consideradas relativamente incapazes. Sofriam preconceitos se trabalhavam fora, e também se eram divorciadas. Era comum a mulher viver à sombra do homem, e serví-lo. O feminismo precisou chegar com agressividade, para confrontar os homens misóginos e tentar buscar um equilíbrio, este foi o custo da emancipação da mulher. Foi uma luta para sair do lugar de submissão.
Porém a conquista feminina veio acompanhada de um ônus da sobrecarga. Porque além de continuar a trabalhar em casa e cuidar dos filhos, foi à luta para estudar e trabalhar. Nem todos os homens acompanharam a essa evolução e continuaram esperando o jantar na mesa, a roupa lavada e passada. Alguns dividem o trabalho doméstico e a criação dos filhos, outros ainda não.
Doenças que antes só eram acometidas aos homens começaram a chegar para as mulheres, fruto de um desequilíbrio. Doenças cardíacas eram mais comuns em homens, devido a stress e ao ritmo de trabalho. Hoje as mulheres já quase se igualam aos homens nos procedimentos cardíacos.
                Interessante observarmos homens e mulheres com coração precisando de procedimentos cirúrgicos. Será que esse ódio não tem obstruído corações? 
                Hoje ainda vemos muitas injustiças no mundo contra as mulheres, generalizar como se todo homem fosse um tirano é que não cabe. As generalizações são distorções da realidade. Existem pessoas de todos os tipos nos dois gêneros. A misandria acabou fazendo de algumas mulheres tiranas com os homens e trocando de lugar com eles. Pré-conceitos são passados de geração em geração em frases do tipo: “Homem não presta”, “Os homens são fracos”, “são infantis”, “Todo homem é galinha”, ou “todo homem trai”. “Quem precisa de homem?”
                Existem pesquisas que afirmam que homens traem mais do que mulheres, mas será que todo homem trai? Será que todos os homens são fracos? Fracos como? Percebemos mágoas e ressentimentos  por detrás destas frases e uma tentativa de diminuir o sexo masculino para poder se re-empoderar.
                Mas sabemos que diminuir o outro para se sentir grande tem um efeito muito transitório. É preciso mergulhar nas suas próprias dores, limpar o terreno, retirando as ervas daninhas que impedem que sementes de amor e compaixão brotem. Nós escolhemos o que cultivar, se o ódio ou o amor. O julgamento nos afasta do amor.
                Há mulheres misândricas que querem muito ter um companheiro, mas ao menor sinal de erro masculino saem detonando os homens e acabam por afastar aquele que mais queria por perto. É preciso se deter a olhar, quais referências de masculino, a mulher possui. Como foi e são as experiências com os homens de sua família: pai, avôs, irmãos. Muitas vezes mulheres carregaram sentimentos que não são seus, mas de sua mãe, avós, tia avós ou bisavós. Uma auto-análise, uma pesquisa biográfica e de seus ancestrais torna-se necessário para a compreensão desses sentimentos de aversão e que impedem a mulher de abrir seu coração.
Temos em nossa história uma situação de grande injustiça com as mulheres. O número de mulheres mortas em fogueira, tidas como bruxas, na época da Inquisição se assemelha ao número de mortos em campos de concentração. E quando não foram mortas, foram proibidas de mostrarem qualquer sabedoria ligada à natureza ou simplesmente expressar sua intuição e sensibilidade.
                Esses registros ficaram no inconsciente de ambos os sexos. Mas agora é hora de fazermos uma nova escolha: continuar a perpetuar essa disputa ou apaziguar o coração? Se a escolha for pela transformação, um novo caminho precisa ser percorrido: do ódio ao amor. Por baixo de todo ódio tem dor. Parar de escamoteá-la e sim confrontá-la para que ela passe. Não só por você, mas por toda sua linhagem feminina. Perdoar e fazer as pazes com o masculino. É preciso sair do querer ter poder sobre o outro para sentir o poder do amor compartilhado. Encarar os medos que fazem a mulher se armar e ficar na defensiva.
A agressividade vem também pelo medo de se sentir subjugada. Uma vez estando em paz com essas dinâmicas internas é possível enxergar o homem sem essas influências históricas. É preciso zerar para poder enxergar o outro como ele realmente é e se abrir para todo campo de possibilidades de parceria e troca de amor que um relacionamento pode oferecer. É necessário trabalho e consciência para reescrever a partir de agora uma nova história, se não quisermos continuar a repetir.
                Entre seres humanos heterossexuais, o homem carece da companhia da mulher e a mulher do homem. Admitir isso não passa por se sentir diminuído. E sim que homens e mulheres podem se acrescentar, apoiar e enriquecer suas experiências de vida, se souberem honrar o que há de mais precioso no outro e também respeitar as fragilidades de cada um.
                Tem gente que se viciou em sofrimento e arrasta corrente de desencantos de relacionamentos antigos. É preciso dar um basta, gritar chega! E se permitir curtir toda magia do amor e estar predisposto ao prazer da felicidade.
                Feliz dia dos namorados!
Sílvia Rocha – Psicóloga transpessoal (crp:05/21756), Especialista em Psicologia Junguiana, Arteterapeuta, Consteladora Familiar Sistêmica

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Ritos de Passagem, drogas e Espiritualidade


Ritos de Passagem, drogas e espiritualidade

“O acesso a uma condição superior é obtido com uma morte e uma regeneração simbólicas e rituais.” – (Zoja, L.)      

Em nossa sociedade ocidental contemporânea, falta ritual de iniciação para estruturar as passagens da vida. Não somente os ciclos da vida que naturalmente atravessamos como da criança ao adulto, do estudante ao profissional, do solteiro ao casado, como para a movimentação energética entre o consciente e o inconsciente que surgem no dia a dia. Se existem alguns rituais como batismo, casamento, festas de 15 anos, e até mesmo provas que marcam a passagem de um estado a outro como vestibular e prova de motorista, estes se tornaram muito mais eventos racionais, sociais e superficiais do que profundos e sagrados, o que faz perder o caráter de iniciação. A religião tem sido vivida no seu sentido muito mais dogmático do que emocional. O símbolo possui função energética importante nesta passagem e permite ao nosso mundo psíquico mais mobilidade, característica esta fundamental à saúde psíquica.

            Sob a forma abstrata, os símbolos são ideias religiosas; sob a forma de ação, são ritos ou cerimônias. A transformação de energia por meio dos símbolos é um processo que vem se realizando desde o inicio da Humanidade. Os símbolos são produzidos pelo inconsciente, revelados pela intuição ou pelos sonhos, existindo uma conexão entre as imagens oníricas e as imagens mitológicas.

                        Os ritos de  passagens e iniciação, segundo o analista junguiano Luigui Zoja, preconizam uma morte que leva ao início de algo, como um novo começo. A morte como sinônimo de transformação e não de fim, e por isto bem vinda e não evitada. A estes momentos, carecemos de um espaço sagrado, fora de nossas demandas diárias e compromissos para uma dedicação maior ao mundo interno. O sagrado tem sido alijado e então decaímos ao espaço do racional e do material, com ausência de sentido que possa nutrir nossas almas.

             Neste espaço vazio, as drogas preencheram a ânsia da plenitude numa tentativa malograda de  iniciação no mundo espiritual, como afirma Zoja: “falha já de início por falta de consciência.”

            Concebemos o uso e consequente dependência de drogas, como o atendimento ao chamado da alma pelo mundo transcedental e arquetípico, no entanto sem um recipiente (ritual, cerimônia) adequado que suporte a força do inconsciente e que portanto, não elabora seus conteúdos de uma maneira eficiente proporcionando o amadurecimento psíquico e a transformação do ser humano.

            Segundo Jung, falta o rito: “(...) o rito, que desde tempos imemoriais constituíra um caminho seguro de acomodação para as forças incalculáveis do inconsciente.”

Nas sociedades tribais encontramos o uso ritualístico de plantas de poder para se alcançar estados mais elevados de consciência e trazer símbolos de renovação para a comunidade.

            Percebemos no sintoma da adicção, a mensagem para a expansão da consciência e não como fuga da realidade como geralmente é interpretada. Porém ao invés da evolução esperada e da integração da totalidade almejada, o que se consegue é uma ilusão e um retorno ao estado infantil de dependência.

O número crescente de consumidores por drogas tanto legais quanto ilegais, nos faz levar a crer a demanda por uma experiência profunda, a qual não cabe na sociedade de hoje materialista, indicando uma crise nos valores vigentes.

Hoje, percebemos os jovens indo a festas onde o som mais lembra um toque de tambor repetitivo, o mesmo som que algumas tribos utilizam para jornadas xamânicas. Também sabemos que nestas festas ocorre o consumo de drogas pesadas. Não será que estes jovens anseiam por uma experiência de totalidade do self, mas não sabem aonde e como buscar?

E estas drogas por eles utilizadas, às vezes legais como cigarro, álcool e às vezes ilegais como maconha, heroína, crack e outras mais, que deixam efeitos colaterais destrutivos para o organismo e sem falar no comércio ilegal, que incentiva o tráfico e a violência nas cidades, demonstra a nostalgia pelo sagrado e a tentativa, mas não a realização de uma experiência transcendente? O contato com a sombra é feito, mas não há uma elaboração da experiência que chegue a transformá-la na luz da consciência. Daí o perigo de mergulhar numa viagem sem volta.

A cura da relação de dependência com qualquer objeto cuja energia esteja investida, seja ele drogas, sexo, comida, etc.  é a força do sagrado que transcende a psique racional e se expressa na religiosidade (religare), na relação com a divindade, na imagem de Deus, símbolo do Si Mesmo (Self).

Nas palavras de Jung:  “Seu anseio pelo álcool era o equivalente, num nível  inferior, ao espírito de sede de nosso ser pela totalidade, expresso na linguagem medieval: a união com Deus.”

Jovens precisam de grupos com orientação de algum mestre que ajude a passar pelas experiências: grupos de jovens em alguma instituição religiosa, aulas de artes marciais ou capoeira e até mesmo de dança e artes.  Um psicoterapeuta também pode ser um guia para essa viagem ao mais profundo de si mesmo, ajudando-o a interpretar ritualisticamente – semanalmente no mesmo dia e horário - seus maiores anseios, resgatar seus símbolos do inconsciente que o ajudarão nas passagens da vida, dentro de um espaço “sagrado” protegido.

 

Sílvia Rocha – psicóloga ( crp:05/21756) formada pela UERJ, Arteterapeuta, consteladora familiar sistêmica, especialista em Psicologia Junguiana (IBMR)

Contato: silviaayani@gmail.com e www.silviarenatarocha.blogspot.com.br

 

 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Projeções


Projeções

“No momento em que ouvi minha primeira história de amor comecei a procurar por você, sem saber o quão cego eu estava. Os amantes não acabam finalmente encontrando-se em algum lugar. Eles estão um no outro o tempo todo.” Rumi

                Tudo que é inconsciente é projetado. Em latim, Pro jacere significa atirar à frente. Segundo Jung: “a razão psicológica genérica da projeção é sempre um inconsciente ativado que busca expressão.” É uma tendência natural projetar primeiramente sobre nossos pais, depois quando somos obrigados a deixá-los, projetamos sobre as instituições, as figuras de autoridade e os papéis sociais. Entre as projeções possíveis, as mais comuns são: sobre a instituição do casamento, a da paternidade, a da maternidade, dos filhos, e da carreira.

                Quando crianças os pais são verdadeiros heróis. A mãe é a mais linda, o pai é o mais forte e sábio. As crianças se enchem de orgulho para falar de seus pais. Já na adolescência os heróis mudam de figura e se tornarão personagens de TV, de ficção, um cantor ou cantora, ou de um jogo eletrônico. No enamoramento, a projeção cai sobre o ser amado e expectativas são criadas e levadas até o casamento.

                No altar existem projeções ocultas despejadas sobre o ser amado.  O peso que se coloca em cima do outro é imenso. Do tipo: “Conto com você para me completar, para curar minha alma ferida. Conto com você para ler a minha mente e me suprir em minhas necessidades. Conto com você para me fazer feliz”.

           As expectativas cobram de ambos os lados um esforço para se encaixar na imagem projetada. As imagens do ser amado são carregadas dentro de cada um de nós desde a infância e projetadas sobre aqueles capazes de receber nosso material inconsciente.

Segundo James Hollis, analista junguiano, os relacionamentos íntimos tem grande chance de repetir esse Outro Íntimo, que criamos a partir do relacionamento com o pai ou a mãe, sobre quem são projetadas as mesmas necessidades e a mesma dinâmica. Quanto mais inconsciente estamos disso, maior a projeção. 

Viver diariamente com outra pessoa desgasta as projeções. Na intimidade, as pessoas acabam se mostrando humanas. Quão maior a expectativa sobre o outro, maior a decepção.

Essas projeções podem recair também sobre os filhos. Pais e mães que acham que sabem o que é melhor pra seu filho, sem perceber o que a criança realmente gosta ou qual é seu verdadeiro talento e aptidão. Quando por exemplo, coloca-se uma criança para estudar piano, quando na verdade ela gosta mesmo é de bateria ou não gosta de música mas de esporte. Segundo Jung, o maior fardo que uma criança pode carregar são as frustrações dos seus pais.  Quando os pais querem que os filhos realizem aquilo que eles mesmos não puderam realizar.

Adolescentes tendem a repelir essas expectativas de serem extensões de seus pais. Nesse sentido essa reação adolescente é saudável para sua própria vida. Pais não resolvidos em suas vidas podem depositar essa carga excessiva nos filhos. O maior bem que os pais podem fazer é desejar e apoiar que os filhos se realizem com aquilo que ressoa sua alma.

 

                A profissão, a carreira também é um depositário de projeções. Com ela se alcança uma identidade, devido a um conjunto de habilidades dominadas, reconhecimento e proteção devido a nossa produtividade e até um sentimento de transcendência devido a inúmeras realizações.

                Mas chega um dia, na idade adulta que todas essas projeções não têm mais razão de ser. Estão supridas ou desgastadas. E o rumo de nossas vidas precisa mudar. Ao esgotar uma projeção, uma insatisfação se dá, uma necessidade de renovação acontece.

Ao esgotar uma importante área de projeção de identidade, a pessoa deseja recomeçar e com ela uma oportunidade de expressão de outros potenciais do indivíduo que vai beneficiá-lo. Num casamento se um dos cônjuges resistir à mudança, o casamento poderá não sobreviver. Se a esposa passou a vida cuidando de filhos e da casa, num papel bem polarizado feminino e o marido trabalhando e ganhando dinheiro, na sua polaridade masculina, pode chegar um momento da mulher querer se experimentar no terreno do trabalho, para se sentir realizada em outros potenciais. E o homem querer ficar em casa, curtindo sua aposentadoria.

Recolher as projeções seja em relação ao companheiro, ao trabalho, aos filhos, aos pais, pode vir acompanhado de uma dor, da decepção, mas também pode por outro lado ser visto como uma libertação, tanto de si mesmo quanto da pessoa ao qual recebeu a projeção.

No início da projeção, não sabemos que estamos projetando, é inconsciente. Depois começamos a ver que não é bem assim como imaginamos, e começamos a perceber uma discrepância entre a realidade e a imagem projetada. Algumas vezes a imagem projetada só existiu dentro de si mesmo, outras a pessoa que recebeu a projeção condizia com boa parte do que se imaginava. Procurar dentro de si a origem da energia projetada, é um trabalho de auto-conhecimento, que fortalece e faz diminuir essa discrepância, diminuindo também as armadilhas das ilusões.

                Retirar a projeção de pai e de mãe como protetores simbólicos também faz parte do crescimento. Enquanto eles forem vivos fica sempre a sensação de um amparo psíquico, mesmo que estes estejam velhos ou doentes. Com a morte deles é que essa sensação de desproteção e desamparo aparece, por completo, inversamente fazendo buscar e nascer a sensação de auto-suficiência e auto-preservação.

                Temos tudo que precisamos dentro, só precisamos parar de buscar fora e acreditar nesse imenso manancial de recursos internos. A projeção faz parte, mas retirá-la é um sinal de maturidade.

Sílvia Rocha

               

Tecnologia e Infância- Alerta aos pais


Tecnologia e infância

Alerta aos pais

“A televisão me deixou burro, muito burro de mais...”- Titãs

“A televisão leva o homem ao esquecimento e a perda de si mesmo...”- Adauto Novaes

                Cada vez mais estamos recebendo novas tecnologias dentro de casa, fazendo parte da rotina e da educação dos filhos. Antes era apenas a televisão que levantava polêmica quanto ao seu uso na infância. Hoje temos também tablets, celulares, internet e iPads que colocam em cheque nossa capacidade de educar e dar limites.

                Essas telinhas atraem os olhos dos pequenos que se sentem encantados e curiosos frente a um mundo de muitas possibilidades de imagens e desafios através de jogos e vídeos. E antes mesmo de aprenderem a ler e escrever, já sabem baixar jogos, com seus dedinhos deslizando na tela. Ao mesmo tempo que para os pais pode ser um descanso, deixando a criança quietinha e entretida, principalmente em viagens, restaurante ou durante algum afazer do adulto, pode também significar um grande perigo.   

                Devido ao pouco tempo no mercado, por volta de 5 anos, ainda não temos pesquisas suficientes a respeito das consequências dos usos de tablets nas crianças. Nossas crianças estão sendo cobaias. Mas já há indícios dos perigos ocasionados pelo excesso. A exposição excessiva à tecnologias já demonstram afetar negativamente o funcionamento cerebral e causar déficit de atenção, pensamentos acelerados, atrasos cognitivos, dificuldades na aprendizagem e na capacidade de controlar as emoções.

                O uso de tecnologias reduz os movimentos da criança, que ao invés de estar correndo, brincando, explorando o mundo a sua volta, conversando e interagindo, está parada mexendo apenas os olhos e os dedos. Isso pode acarretar um atraso no desenvolvimento levando a dificuldade na alfabetização e aprendizagem. Também estão sendo observados um aumento na obesidade infantil principalmente nas crianças que não tem limite de uso ou possuem computadores em seus quartos. Segundo Tremblay, algumas dessas crianças vão desenvolver diabetes, têm maior risco de acidente vascular cerebral e ataque cardíaco precoce, diminuindo a expectativa de vida.

            Privação do sono também acontece em crianças que ficam ligadas em telinhas até tarde da noite e por muitas horas, afetando seu desempenho escolar, pois na hora da aula estão com sono. Também está sendo pesquisada a relação do uso excessivo de tecnologias em crianças com doenças mentais infantis. Depressão, ansiedade, transtorno bipolar, psicose e outros transtornos podem ser ocasionados pelo seu uso não monitorado e a crescente medicalização das crianças pode ser evitada se o excesso de estímulos for controlado.

                Assistir à televisão principalmente programas muito acelerados, deixa os pensamentos inativos e retarda os pensamentos conscientes e a capacidade de fazer associações mentais, segundo pesquisas da neurociência. Deixa a criança desatenta, sonolenta em estado de semi-hipnose, facilitando com que os conteúdos sejam facilmente assimilados e por eles dominados. A formação de subjetividade e de valores morais está sendo feita pela televisão onde muito conteúdo que é transmitido poderia ser jogado no lixo. Comerciais abusivos e persuasivos, apelos ao consumo, programas violentos, de conteúdo sexual inapropriados a idade das crianças, levam as crianças a um desequilíbrio como agressividade e hiperatividade.

Estudos indicam que crianças abaixo de 2 anos devem ser mantidas longe de tecnologias, podendo ser nociva ao desenvolvimento da fala e da coordenação motora. Até mesmo se uma criança de até 2 anos estiver na sala, a TV deve ser desligada pois sua visão periférica que é maior do que a de um adulto capta muito mais os estímulos televisivos.

                De 2 a 4 anos é aconselhado o uso de DVDs que poupa as crianças dos comerciais e da futilidade de certos programas. Histórias vistas repetidamente, como a criança pede, estimula a criatividade e a fantasia tão saudável nessa época. Após 4 anos o contato com a  TV deve ser de até 45 minutos e um adulto assistindo junto para orientá-la, até os 6 anos de idade. Após os seis anos deve continuar a orientação e nunca permitir a exposição de conteúdos pornográficos ou violentos antes dos 18 anos. 

                Se possível recomenda-se o estímulo a leitura desde a mais tenra idade, o que estimula uma intensa atividade interior, formando seres humanos com mais capacidade de discernir, de pensar, de usar mais seus próprios potenciais. Adultos também viciados em tecnologia acabam criando dificuldades de vínculo com seus filhos, causando vários problemas psicológicos que vão perpetuar isso mundo afora: Humanidade em detrimento da tecnologia.

                O uso de tecnologias deve ser monitorado por adultos e ser permitido apenas de 1 a 2 horas diárias e se possível não a noite. A tecnologia pode ser um benefício à educação quando é controlada e guiada por adultos. Há filosofias como a Antroposófica e a Pedagogia Waldorf que descartam totalmente o uso de tecnologias em função de tirarem as crianças do seu mundo natural ocasionando consequências que ainda não sabemos.  Se isso for possível nos dias atuais é muito bom. Costumo aconselhar sempre o caminho do meio seguindo um filósofo que gosto muito: “Estar no mundo sem ser do mundo.” – Gurdjief. O caminho mais saudável parece ser o do equilíbrio de encontrar a medida de certos usos estando a favor da Humanidade.

               

Símbolos e Passagens


Símbolos e Passagens

“Nossa alienação moderna em relação ao mito não tem precedentes. No mundo pré-moderno, a mitologia era indispensável. Ela ajudava as pessoas a encontrar sentido em suas vidas, além de revelar regiões da mente humana que de outro modo permaneceriam inacessíveis. Era uma forma inicial de psicologia. As histórias de deuses e heróis que descem às profundezas da  terra, lutando contra  monstros e atravessando labirintos, trouxeram à luz os mecanismos misteriosos da psique, mostrando às pessoas como lidar com suas crises íntimas.” (...)“A mitologia foi, portanto, criada para nos auxiliar a lidar com as dificuldades humanas mais problemáticas. Ela ajudou as pessoas a encontrarem seu lugar no mundo e sua verdadeira orientação.” (ARMSTRONG, K)

                A Páscoa para os judeus (Pessach em hebraico - passar além) representa a passagem da escravidão dos hebreus no Egito para a conquista da liberdade e o retorno à uma vida digna. Liderado por Moisés atravessam o Mar Vermelho e o deserto. Esse momento coincidiu com o início da primavera, no hemisfério norte, então a renovação da natureza ficou sendo celebrada  junto com o renascimento de Israel.

                Já para os católicos, a ressurreição de Cristo marca a passagem para um novo tempo de mais esperança: Sexta-feira a morte de Cristo, sábado de aleluia e domingo de ressurreição compõem a Semana Santa. Não pode haver renascimento sem antes ter havido uma morte. A vida e a morte de Jesus é para a Psicologia Junguiana o símbolo do processo de individuação a qual todos podemos passar. Jesus é o homem divino, como todos nós em algum momento de nossas vidas podemos despertar para a dividade, não sem antes passarmos por alguma morte simbólica de personalidades falsas a que nos submetemos. A morte de uma vida guiada pelo ego, e o renascimento de uma vida guiada pelo Self, ou Totalidade.

                Em cada cultura, existem rituais e mitos que dão sentido às passagens da vida, repleto de símbolos que ajudam a passar de um estado a outro. Aqui a palavra mito não tem a ver com algo que não existe, como quando falamos: “Ah isso é mito’! Ou como se fosse uma mentira ou uma pessoa famosa que vira um ícone, dizemos que virou um mito. Os mitos vivem em nós e nos animam. Usamos aqui a palavra mito como a estória dos antigos, expressão da fantasia humana e ao mesmo tempo um evento que ocorreu e que continua acontecendo. Não é história, pois é atemporal. O mito é fictício e ao mesmo tempo real, na medida que continua nos influenciando e nos preenchendo de significados e dando um sentido a nossa vidas.

                Alguns símbolos da Páscoa que vivenciamos muito fortemente perderam seu significado mais uma vez para o consumismo. Os ovos de chocolate trazidos pelo coelhinho hoje carregados de embalagens coloridas e super heróis ou princesas com brinquedinho dentro, tornou-se o maior objetivo da Páscoa.

                Os ovos significam o começo da vida, o coelho, a fertilidade, a possibilidade de muitos nascimentos. E porque eles vieram representar a Páscoa? Conta um mito nórdico que os Deuses antigamente viviam na Terra e entre eles Ostara, uma linda jovem cheia de vida. Era a própria representação da donzela que por onde passa faz tudo florescer. Um dia, com saudades da lua, ela volta para sua antiga morada deixando tudo na Terra sem vida. Ela adorava a natureza e os animais, e quem mais sentia sua falta era uma lebre que aprendeu a uivar como os lobos para suplicar que Ostara  voltasse. Ostara quando viu o esforço que a lebre fazia, ficou comovida e voltou a Terra fazendo tudo florir novamente. Tornou a lebre, a guardiã e distribuidora dos ovos do nascimento que garantiam a continuidade da vida. E concedeu um dom a ela, de se transformar em pássaro para ir chamá-la na lua quando fosse a hora de voltar. Diz-se que quando a Deusa vai pra lua é outono e quando volta é a primavera.

                No hemisfério norte a Páscoa se dá na primavera, aqui repetimos o sincretismo criado pelo Rei Constantino que fusionou alguns símbolos pagãos aos rituais cristãos.

                E você? Que passagem gostaria de atravessar? Para uma vida mais livre e digna como os hebreus? Renascer para uma vida mais espiritual como Cristo? Qual parte de sua vida gostaria de fertilizar como a lebre de Ostara? Reflexões de passagens, aproveitando os ritos já estabelecidos!  No desejo e esperança que junto com os kilos a mais dos chocolates, também venham conquistas em direção aos anseios de sua alma. Feliz Páscoa!

Sílvia Rocha – Psicóloga Transpessoal junguiana (crp: 05/21756), Arteterapeuta, Consteladora familiar sistêmica

Contato: silviaayani@gmail.com e blog: www.silviarenatarocha.blogspot.com.br