Ansiedade
“Viver bem a vida é
um projeto ambicioso, mas de que vale a vida se não ousarmos vivê-la bem? (...)
Se poetássemos e filosofássemos mais, adoeceríamos menos.” Julio Parreira
Quem
nunca sentiu ansiedade ao esperar um telefonema de emprego, um resultado de um
concurso, de um exame médico, a volta de um filho à casa ou a ligação de um paquera? Ansiar que algo
aconteça ou não aconteça, de bom ou de ruim é viver num espaço de tempo entre o
agora e o depois. Quem se atrasa para compromissos e não gosta de deixar
ninguém esperando, também vive na ansiedade do tempo.
A ansiedade
prepara o organismo para lutar ou fugir. É o que acontece quando temos uma
preocupação, uma reação fisiológica natural: Os
batimentos cardíacos aumentam,
a respiração fica mais superficial e rápida, preparando o corpo para agir:
ataque ou defesa! Só que o que ocorre na maioria das vezes é que muito das
preocupações que temos e das fantasias de coisas que podem vir a acontecer, não
acontecem. O stress toma conta e a ansiedade é retroalimentada,
generalizando-se e desenvolvendo um transtorno.
Essas
fantasias catastróficas são causadas por um mundo interno em conflito, mais
imaginário que real. É uma sensação de vulnerabilidade e desproteção, num
cenário ameaçador onde o corpo físico sempre a postos não tem possibilidade de
relaxar. As preocupações desproporcionais, além do limite do real, tomam conta e caracterizam um transtorno de
ansiedade generalizada. Esse estado de tensão acaba por criar dores no corpo,
na cabeça, dificuldades na respiração ou sensação de nó na garganta, insônia, náuseas,
tontura, sensação de irrealidade (estranheza com o ambiente ou consigo mesmo),
calafrios, formigamento, taquicardia dentre outros.
A mente
acelerada cria este estado de tensão ininterrupta. Pensamentos acelerados são
decorrentes de um estilo de vida pouco natural e cheia de excessos. Excesso de
informação, de trabalho mental, de uso de aparelhos eletrônicos, excesso de
estímulos. Os pensamentos vêm quase autônomos, repetidos e persistentes, invadem
a mente e ficam martelando. São preocupações incontroláveis com pensamentos
perturbadores e a espera é pelo pior. Quando começam a atrapalhar as tarefas
diárias é que normalmente a pessoa tenta pedir a ajuda, seja pelos sintomas
físicos ou pelo sofrimento psíquico.
É muito gasto
de energia e a criatividade que é responsável pela saúde mental da pessoa, fica
embotada, debilitada. É hora de acordar e não esperar que a ansiedade quase
enlouqueça para tomar uma providência. Dar-se conta de que a ansiedade está
dominando e a qualidade de vida está prejudicada, é o primeiro passo. Assumir
que tem ansiedade é ter consciência da dificuldade. Quem não se incomoda não
vai fazer por onde mudar. Ficar atento
aos momentos mais críticos e que alerta ela vem mostrar: medo de perder alguém
ou algo, medo de não dar conta, medo de ser criticado, medo de errar. A
ansiedade tem a ver com medo e a falta de seu oposto: a confiança. Negar sua
existência é permanecer no problema. Confrontá-lo é perceber para onde aponta o
desequilíbrio.
O tratamento
do transtorno de ansiedade generalizado vai desde uma consulta médica para
medicação alopática ou natural até exercícios físicos, acupuntura, yoga, visualização
e relaxamento, além de elaboração de conteúdos conflitantes internos numa psicoterapia.
Vivemos numa
sociedade ansiogênica, onde o ritmo cobrado não é o ritmo natural do ser humano.
Descansamos menos do que precisamos, temos menos lazer do que necessitamos, e nos
relacionamos com os outros mais superficialmente do que nossa alma pede e ainda
não sabemos onde buscar o equilíbrio. O corpo e a vida vão cobrar, se continuarmos assim. Trocar o atendimento às expectativas
dos outros por um auto-atendimento. Buscar momentos de relaxamento, situações e
relacionamentos que fortalecem, dar risadas, aproveitar o momento para ficar
presente, sem lamentar o passado e nem ansiar o futuro.
Tem gente que
acha normal viver comprimido. Relaxar dá culpa.
É preciso mais paciência e tolerância consigo mesmo e com o outro. Um
belo exercício para começar esta mudança
de padrão é abrir um espaço de contemplação em algum momento do dia. Olhar o
pôr do sol, admirar uma árvore que floresceu, um animal brincando, uma criança
rindo, o som das maritacas, o céu estrelado...
A criatividade
pode também alcançar outros momentos de relaxar e desopilar. O simples, o belo
e natural encontrado na natureza pode inspirar os movimentos mais saudáveis e
mais harmônicos para o nosso ser. Precisamos romper essa casca da segurança
ilusória e encontrar o centro de nosso próprio ser, que acalma e traz
serenidade.
Vivemos
num tempo e num mundo onde ser feliz é ousadia! Como diz Gilberto Gil: “O
melhor lugar do mundo é aqui e agora.”
Sílvia
Rocha – Psicóloga – crp: 05/21756 contao: silviaayani@gmail.com
www.silviarenatarocha.blogspot.com.br
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