domingo, 21 de setembro de 2014

Ansiedade


Ansiedade

“Viver bem a vida é um projeto ambicioso, mas de que vale a vida se não ousarmos vivê-la bem? (...) Se poetássemos e filosofássemos mais, adoeceríamos menos.” Julio Parreira

                Quem nunca sentiu ansiedade ao esperar um telefonema de emprego, um resultado de um concurso, de um exame médico, a volta de um filho à casa ou  a ligação de um paquera? Ansiar que algo aconteça ou não aconteça, de bom ou de ruim é viver num espaço de tempo entre o agora e o depois. Quem se atrasa para compromissos e não gosta de deixar ninguém esperando, também vive na ansiedade do tempo.

A ansiedade prepara o organismo para lutar ou fugir. É o que acontece quando temos uma preocupação, uma reação fisiológica natural:            Os batimentos cardíacos aumentam, a respiração fica mais superficial e rápida, preparando o corpo para agir: ataque ou defesa! Só que o que ocorre na maioria das vezes é que muito das preocupações que temos e das fantasias de coisas que podem vir a acontecer, não acontecem. O stress toma conta e a ansiedade é retroalimentada, generalizando-se e desenvolvendo um transtorno.

Essas fantasias catastróficas são causadas por um mundo interno em conflito, mais imaginário que real. É uma sensação de vulnerabilidade e desproteção, num cenário ameaçador onde o corpo físico sempre a postos não tem possibilidade de relaxar. As preocupações desproporcionais, além do limite do real,  tomam conta e caracterizam um transtorno de ansiedade generalizada. Esse estado de tensão acaba por criar dores no corpo, na cabeça, dificuldades na respiração ou sensação de nó na garganta, insônia, náuseas, tontura, sensação de irrealidade (estranheza com o ambiente ou consigo mesmo), calafrios, formigamento, taquicardia dentre outros.

A mente acelerada cria este estado de tensão ininterrupta. Pensamentos acelerados são decorrentes de um estilo de vida pouco natural e cheia de excessos. Excesso de informação, de trabalho mental, de uso de aparelhos eletrônicos, excesso de estímulos. Os pensamentos vêm quase autônomos, repetidos e persistentes, invadem a mente e ficam martelando. São preocupações incontroláveis com pensamentos perturbadores e a espera é pelo pior. Quando começam a atrapalhar as tarefas diárias é que normalmente a pessoa tenta pedir a ajuda, seja pelos sintomas físicos ou pelo sofrimento psíquico.

É muito gasto de energia e a criatividade que é responsável pela saúde mental da pessoa, fica embotada, debilitada. É hora de acordar e não esperar que a ansiedade quase enlouqueça para tomar uma providência. Dar-se conta de que a ansiedade está dominando e a qualidade de vida está prejudicada, é o primeiro passo. Assumir que tem ansiedade é ter consciência da dificuldade. Quem não se incomoda não vai fazer por onde mudar.  Ficar atento aos momentos mais críticos e que alerta ela vem mostrar: medo de perder alguém ou algo, medo de não dar conta, medo de ser criticado, medo de errar. A ansiedade tem a ver com medo e a falta de seu oposto: a confiança. Negar sua existência é permanecer no problema. Confrontá-lo é perceber para onde aponta o desequilíbrio.

O tratamento do transtorno de ansiedade generalizado vai desde uma consulta médica para medicação alopática ou natural até exercícios físicos, acupuntura, yoga, visualização e relaxamento, além de elaboração de conteúdos conflitantes internos numa psicoterapia.

Vivemos numa sociedade ansiogênica, onde o ritmo cobrado não é o ritmo natural do ser humano. Descansamos menos do que precisamos, temos menos lazer do que necessitamos, e nos relacionamos com os outros mais superficialmente do que nossa alma pede e ainda não sabemos onde buscar o equilíbrio. O corpo e a vida vão cobrar,  se continuarmos  assim. Trocar o atendimento às expectativas dos outros por um auto-atendimento. Buscar momentos de relaxamento, situações e relacionamentos que fortalecem, dar risadas, aproveitar o momento para ficar presente, sem lamentar o passado e nem ansiar o futuro.

Tem gente que acha normal viver comprimido. Relaxar dá culpa.  É preciso mais paciência e tolerância consigo mesmo e com o outro. Um belo exercício  para começar esta mudança de padrão é abrir um espaço de contemplação em algum momento do dia. Olhar o pôr do sol, admirar uma árvore que floresceu, um animal brincando, uma criança rindo, o som das maritacas, o céu estrelado...

A criatividade pode também alcançar outros momentos de relaxar e desopilar. O simples, o belo e natural encontrado na natureza pode inspirar os movimentos mais saudáveis e mais harmônicos para o nosso ser. Precisamos romper essa casca da segurança ilusória e encontrar o centro de nosso próprio ser, que acalma e traz serenidade.

Vivemos num tempo e num mundo onde ser feliz é ousadia! Como diz Gilberto Gil: “O melhor lugar do mundo é aqui e agora.”

 

Sílvia Rocha – Psicóloga – crp: 05/21756 contao: silviaayani@gmail.com

www.silviarenatarocha.blogspot.com.br

 

 

 

 

 

 

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