domingo, 7 de setembro de 2014

O que é depressão?

O que é Depressão?

“Queremos ter certezas e não dúvidas, resultados e não experiências, mas nem mesmo percebemos que as certezas só podem surgir através das dúvidas e os resultados somente através das experiências.” – C. G. Jung

“O que não nos mata, nos fortalece.”- Nieztche
 

                Segundo a Classificação Internacional de Saúde (CID-10), a depressão é considerada um transtorno de humor que pode ser classificado em leve, moderado ou grave, de acordo com a intensidade e quantidade de sintomas. Dentre os sintomas mais comuns são: Perda da capacidade e interesse por prazer, redução da energia vital, mudança de humor, diminuição das atividades, diminuição da auto-estima, da auto-confiança, idéias frequentes de culpa, auto-cobrança exagerada, diminuição da capacidade de concentração, fadiga, dores no corpo, raciocínio lento, esquecimento, lentidão psicomotora, agitação ou apatia, perda ou excesso de apetite, perda da libido e de interesse por relacionamentos, insônia ou excesso de sono, irritabilidade, ansiedade, sensação de fracasso, angústia, sentimento de desamparo, vazio existencial e falta de propósito de vida.

                Nos casos mais graves de depressão, a pessoa não sai da cama e não toma banho e pode desenvolver outras doenças clínicas levando-a a morte. Pode desenvolver delírios e alucinações psicóticas levando-as a acometer suicídio. A pessoa deprimida precisa de ajuda e ser levada a um atendimento médico e psicológico. Ela só consegue buscar essa ajuda sozinha quando a depressão está num estágio leve.

                Ficar triste em momentos da vida é perfeitamente normal, assim como temos passagens felizes também temos as tristes. Uma tristeza bem vivida e elaborada através de um luto, um período de recolhimento, faz a perda ser integrada na vida e uma nova energia ser colocada no lugar. Perda de um ente querido por morte, doenças, rompimento de relacionamento, desemprego, frustrações são motivos para tristeza, mas existe um tempo de recuperação esperado dependendo da resiliência – capacidade de recuperação - de cada um. Quando a tristeza se arrasta por muito tempo impedindo a pessoa de realizar coisas na vida, até mesmo de desempenhar suas atividades rotineiras, podemos pensar em depressão.

                Se existem mais pessoas da família com depressão, podemos considerar um componente hereditário. Na adolescência e juventude, o uso de drogas, álcool, medicamentos, conflitos internos ou com outras pessoas, podem levar à depressão. Também existe a depressão infantil com os mesmos sintomas dos adultos, acrescentando o desinteresse pelo brincar. Crianças que ficam muito tempo assistindo televisão, sendo bombardeadas por propagandas e valores consumistas, criam desde cedo uma ideia que o ter importa mais que o ser, ficando com seus corpos inertes e mentes aceleradas. Crianças devem brincar, correr, interagir, ficar ao ar livre, experimentar seu corpo e sua criatividade. Vídeo games desde novos por muito tempo também podem impedir que as crianças explorem atividades mais relacionais e sensoriais. Televisão e vídeo games devem ter seus usos controlados e limitados no tempo e outras brincadeiras e jogos, assim como materiais de arte oferecidos às crianças.

                O tratamento da depressão deve incluir a busca por um psiquiatra, por um psicólogo e pessoas que a ajudem a se inserir num contexto social. Frequentar grupos de apoio ou buscar pessoas amigas que estimulem o contato e o sentimento de pertencimento.  O afeto, a alegria dos encontros são bastante curativos. Uma pessoa deprimida não deve ficar sozinha e sim ter uma rede de pessoas e profissionais que a acolham.

                O trabalho psicológico da depressão passa por facilitar o contato da pessoa com suas próprias emoções. Tristezas e raivas reprimidas causam depressão. A raiva não expressa implode e se volta para a própria pessoa que trava sua energia vital. Ás vezes é mais fácil sentir raiva de si mesmo do que do outro, pois não existe uma permissão para sentir e expressar raiva por aquele que ama. E é essa mesma raiva que se canalizada com assertividade e não agressão, que vai colocar a pessoa de volta na vida, com firmeza e pro-atividade. Esse trabalho requer um guia, um terapeuta experiente que a auxilie nesse processo. A depressão segundo a terapia sistêmica pode significar, “alguém falta”, alguém que morreu e foi esquecido, ou o luto não foi devidamente realizado, a despedida não fora consumada. A depressão acaba por homenagear a pessoa que se foi fazendo com que a pessoa deprimida não viva plenamente.

                Algumas depressões são difíceis de se reconhecer, pois são disfarçadas. A pessoa continua fazendo tudo normalmente na sua vida mas com muita negatividade, pessimismo, reclamações e falta de perspectivas. São depressões leves mas que podem receber ajuda para  uma melhor qualidade de vida. Também devemos ficar atentos aos suicídios inconscientes em pessoas que fumam, bebem muito, usam drogas, fazem uma alimentação inadequada ou faltam cuidado com a saúde.

                Na visão junguiana, a depressão pode ser uma estratégia adaptativa, que como uma onda do mar, precisa se recolher para depois avançar. A depressão pode ser uma oportunidade de um grande mergulho interno para a preparação para o próximo momento de vida. Há que se legitimar as passagens da vida, para que elas realmente passem e se transformem em algo novo e que valham a pena.

Sílvia Rocha – Psicóloga, Arteterapeuta, Consteladora Familiar Sistêmica

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