terça-feira, 16 de setembro de 2014

Quem é o psicopata?




Quem é o Psicopata?


“Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.
Ele disse:
– A batalha é entre os dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é Mau. O outro é Bom.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
– Qual lobo vence?
O velho índio respondeu:
– Aquele que você alimenta!”

Um homem ou uma mulher, muito inteligente, e muito bem sucedido (a), sedutor (a) e manipulativo (a), que consegue o que quer sem culpa e nem pena de passar por cima do outro. Pode ser cruel e matar se preciso for para alcançar seus objetivos. Matar pode ser inclusive o objetivo. Mas não só os assassinos são psicopatas, muitos nem chegam a matar  e estão circulando entre nós. Muito comum achá-los em grandes empresas e na política. Segundo Guggenbuhl-Craig, analista junguiano, “O psicopata pode ser mais bem sucedido que os normais porque não está preso em neuroses e culpas”.

Numa entrevista de emprego, cativa, demonstrando segurança e charme. Já empregado, associa-se a pessoas influentes como meio de conseguir ascensão profissional. Disfarçados de amigos, podem semear desconfiança falando mal de pessoas, fazendo intrigas com habilidade e requinte. Descartam pessoas comose fosse uma coisa, caso este não sirva mais para seus intentos. Já numa posição mais elevada, exploram pessoas humilhando-as, desde que se mantenham no poder, podem se utilizar de meios perigosos e ardilosos.

Psicopatia ou Transtorno de Personalidade Antissocial, segundo o CID_10 (código internacional de doenças, código da OMS atualizado), é agrupado na classificação da Personalidade Dissocial, que inclui transtorno de personalidade amoral,  anti-social, associal, psicopática e sócio-pática. Dentre os principais sintomas estão: o desprezo por normas sociais, baixa tolerância à frustração, baixo limiar de descarga da agressividade, racionalização para culpar outros e se justificar perante  sucessivos conflitos com a sociedade. Os limites e regras são mal tolerados.

Sua grande capacidade de sedução passa por dizer o que é conveniente, podendo se tornar a pessoa que o outro gostaria que ele fosse. Mente, sem ter consciência da mentira, pois para ele verdade é o que ele fala. Muito charmoso e impulsivo, porém com emoções superficiais, mas podem dar um show de drama se for preciso, sem conexão real com o sentimento. Podem até incitar pena  como forma de manipulação. Não aprendem com punições pois não se sentem culpados e nem merecedores de castigo. Não tem compaixão e nem tem capacidade de amar. Sem problemas com a sexualidade estão sempre disponíveis e com ótimo desempenho sexual, porém não se conectam afetivamente com ninguém. Confundem excitação sexual com amor. Podem ser sádicos e agressivos no ato sexual se encontram pessoas masoquistas. Quem se relaciona intimamente com um psicopata, está no fundo evitando o amor.

A psicopatia não tem causa e nem tem cura, não adianta querer salvar ou ajudar um psicopata. Ele está completamente só.  Uma criança que fora violentada ou abusada sexualmente muito nova pode desenvolver uma neurose grave ou psicose, a psicopatia não é desenvolvida, o sujeito nasce assim e não tem jeito. É mesmo uma tragédia! Alguns psicopatas podem até cometer suicídio devido a tanta falta de sentido para a vida

Todos nós temos todas as patologias dentro de nós, nem que seja um pequeno traço.  E cada um tem um lado psicopata, uns mais, outros menos. Não precisa ser um Serial Killer para se dar conta da psicopatia interior. É preciso olhar para este lado que ri quando o outro cai, que se aproveita da infelicidade do outro, que conta vantagem ou que é incapaz de ter empatia passando por cima do outro. A incapacidade de ver o outro em suas necessidades, desejos ou medos e de usá-lo para benefício próprio é um traço psicopático. Tentar aniquiliar este lado é quase inútil, a inconsciência é o maior perigo. Dar-se conta deste lado sombrio é tê-lo nas mãos e não se deixar ser pega de surpresa por ele.

Pode-se compensar a psicopatia através de seu oposto: um moralismo exagerado e rígido, uma atenção compulsiva ao dever e à ordem. Quando um discurso parecer partidário demais, cuidado!  Pode esconder uma psicopatia.

Um psicopata clássico não tem cura mas nossos traços psicopáticos podem ser contornados. Aprendemos sobre ética e moralidade na infância quando fazemos algo errado e algum adulto vem chamar a atenção, e um sentimento de vergonha toma conta. Daí começa a se formar um valor ético em nossas vidas. A falta de amor e falta de moralidade existem nessa cultura psicopática em que vivemos. De que forma contribuímos para isso quando toleramos não sermos tratados com respeito? Ou quando toleramos ou fazemos pequenas transgressões sociais. 

Para existir um vilão, é necessário uma vítima. E para sair do lugar de vítima, entrar no da responsabilidade pelos atos como sujeitos ativos e criadores de realidades, com consciência do que estamos nutrindo em nossas vidas. Olhe ao redor e ao invés de reclamar, perceba que pequeno gesto ou atitude pode ser feito que poderá provocar e inspirar mudanças. Que possamos alimentar mais o amor, a solidariedade e sensibilidade humanas!

Sílvia Rocha – Psicóloga (CRP:05/21756), Especialista em Psicologia Analítica Junguiana, Arteterapeuta, Consteladora Familiar Sistêmica


 

 

 

 

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