quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

9 Tipos 9 Paixões (continuação)


9 Tipos 9 Paixões

Continuação

“As mesmas coisas que desejamos evitar e esquecer revelam-se a ‘prima matéria’ da qual provém verdadeiro crescimento.”Andrew Harvey

“Volte-se para dentro de sua própria alma e aprenda a conhecer a si mesmo. Assim entenderá por que tinha de padecer deste mal e talvez, a partir daí, você seja capaz de evitá-lo no futuro.”- Freud

“A conscientização tem o poder de curar.”- Surya Das

            Na semana passada escrevi sobre o Eneagrama - os nove tipos de personalidades. Porém ficou faltando o nono. Os leitores mais atentos podem ter se perguntado se foi alguma pegadinha.  Ficou apenas faltando dizer que continuava esta semana. Então, segue o nono e mais algumas considerações sobre esse sistema.

            9. O Mediador ou pacifista – O lema de um tipo 9 poderia ser: “Não importa para mim tanto faz” ou então: “Mantenho a paz.” De fácil convivência, pessoas desse tipo são receptivas e fáceis de contentar, podem passar de seu próprio limite para manter a paz e evitar conflitos devido a sua complacência. Os desejos dos outros são seus desejos. Conhecem as necessidades alheias melhor do que as próprias; agradáveis, a raiva sai de forma passiva. Precisa aprender a dizer não e a saber o que quer. Pode levar a paz ao mundo, são bons mediadores, conselheiros, negociadores.

Essas paixões podem se transformar em aspectos de maior consciência ou virtude correspondente. Os tipos do Eneagrama, demonstram aquilo que mais nos preocupamos, e segundo a filosofia Sufi aquilo que precisa ser resgatado em nossa própria essência. Sendo assim, as características da essência (as virtudes) são o oposto do aspecto mais difícil do tipo. A consciência superior está vinculada ao seu aspecto mais negativo. Assim podemos fazer uma escada em ascensão que enuncia a superação de cada tipo através de uma expansão de consciência.

Por exemplo: o tipo 1 que persegue a perfeição possui em sua essência a sabedoria e a ponderação. O tipo 2, que quer agradar, cuidar do outro e é orgulhoso de suas próprias habilidades, possui em sua natureza o dom de ser bom consigo mesmo  e ter compaixão pelos outros, além de uma autêntica humildade. O tipo 3, realizador, busca conquistar e ter sucesso tem em sua natureza o talento de ter prazer na vida e valorizar os outros. O tipo 4, melancólico, possui em sua natureza a habilidade de perdoar e renovar. O tipo 5,  tem o desejo de ser competente, por isso observa e julga, sua natureza é ter os pés na realidade e a contemplação das riquezas do mundo. O tipo 6, ansioso que teme até as coisas que não estão acontecendo, tem em sua natureza, a coragem. O tipo 7, tenta superar o vazio interior enchendo-se de experiências com uma gula pela vida, sua natureza é ser feliz contribuindo para as experiências de todos. O controle do tipo  8, o leva a afirmar-se com obstinação, sua natureza é ser forte e influenciar o mundo. O tipo 9, com sua preguiça de se implicar na vida, revela em sua natureza uma fonte de aceitação e bondade.

O Eneagrama é um sistema de desenvolvimento humano, como diz Helen Palmer, em que “cada visão do mundo é enraizada numa paixão emocional específica desenvolvida como estratégia de enfrentamento infantil.” Muitas vezes é difícil termos consciência de nossas paixões, pois elas são nossos pontos cegos. É mais fácil identificar no outro do que em si mesmo. Porém o que você enxerga no outro pode ser que ele mesmo não enxergue ou se trate de uma projeção sua, que significa ver no outro o que na verdade é seu. Por isso o trabalho deve ser individual, um mergulho para dentro de si mesmo é mais indicado do que apontar o dedo para fora.

O sistema do eneagrama nos permite traçar uma jornada da sombra à luz, percebendo os aspectos que necessitam de trabalho. Convida ao respeito pela dificuldade alheia e a de si mesmo. O perigo está em cair numa estereotipia, quando passamos a reduzir uma pessoa ao seu tipo principal, sem se dar conta do ponto em que ela se encontra do seu auto-conhecimento, ou saber de seus interesses. É como por exemplo, identificar uma pessoa como tipo 4 e esperar que ela vá ser uma artista, sem saber se ela apesar de emocional e criativa tem interesse por arte. Ou esperar que um tipo 2 seja manipulativo. Qualquer pessoa em seu momento mais difícil vai ter a tendência de manifestar suas dificuldades. Mecanismos de defesas aparecem quando a sensação de desproteção reina. A personalidade é organizada como forma de estar no mundo, respondendo às demandas exteriores, mesmo que seja um pouco diferente ou adaptada ao que a pessoa é em essência.

É um estudo muito mais amplo e complexo do que este resumo apresentado aqui.  E com certeza mais dinâmico e fluido. Que possa servir como um ponta pé inicial, o despertar de uma busca por si mesmo. Que possa trazer mais reflexões do que conclusões, mais aberturas do que tentativas de enquadramento. Mais saídas de sofrimentos e mais amor!

Auto-conhecimento e relacionamentos beneficiam-se de sistemas como esses quando o apoio mútuo, a aceitação e o encorajamento para a mudança seguem juntos em parceria e cumplicidade. Críticas e julgamentos só vão fazer destruir e deixar as pessoas inseguras. Não há nada melhor e mais incentivador à mudança quando nos sentimos aceitos justamente como somos.

Sílvia Rocha – psicóloga transpessoal junguiana, arteterapeuta e consteladora familiar sistêmica –

contato: silviaayani@gmail.com e www.silviarenatarocha.blogspot.com.br

 

           

 

 

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