quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Porque fazer terapia?


Por que fazer terapia?
Diário de Teresópolis, 23 de janeiro de 2014

A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte....”M. Gandhi

Terapia não é “coisa de maluco”. Mas algumas pessoas pensam assim, e se você aconselha a fazer uma, quase se sente ofendido. “Eu não preciso”, diz orgulhoso. “É minha mulher/marido/filho/mãe/pai que precisa.” Muito mais fácil ver no outro a dificuldade do que em si mesmo. Tem pessoas que fazem e têm vergonha, justamente por causa desse monte de tabus a respeito. Querem esconder que têm problemas. E quem é que não os tem?

Já ouvi gente se sentindo humilhada por  fazer terapia: “olha onde fui parar!”, como se estivesse revelando o quanto está mal. Porque procurou terapia quando já estava mal mesmo. E o desequilíbrio  afetou o trabalho, as finanças, o casamento, a saúde, enfim sua segurança. Sim, a terapia pode ajudar, é um bom apoio no momento da crise. Ajuda a clarear as mentes confusas, a diferenciar os sentimentos, fortalecer  decisões e integrar as passagens da vida. A terapia pode também ajudar antes do caos se instalar, prevenindo e fortalecendo para uma melhor qualidade de vida.

Fazer terapia pode ajudar a viver melhor. Vivemos num mundo onde o que menos se quer é que as pessoas sejam o que elas são. Existem cobranças e expectativas. A família quer que o jovem seja “alguém na vida”, estude, tenha uma profissão e ganhe dinheiro para se sustentar. Até aí tudo bem. A questão começa quando o jovem ainda não sabe o que quer, não tem maturidade ainda pra escolher e sofre. Passamos a vida, equilibrando a expectativa alheia com o real desejo da alma. Porque ninguém vive sozinho. Fazemos parte de um sistema que na maioria das vezes vai contra a natureza do Ser. 

Existe um tempo que é para se adaptar,  de corresponder às expectativas e se sentir agradando e aceito. Em outros tempos isso pode significar um sacrifício, um martírio e se rebelar,  pode significar tomar um caminho que tem mais coração e felicidade. Apesar de ser às custas da não aceitação social. A maioria dos artistas ao longo do tempo, sofreram isso. Van Gogh só vendeu uma obra durante sua vida, tendo sido reconhecido como um dos maiores artistas após sua morte. Existem pessoas à frente de seu tempo.

Conflitos geracionais acontecem devido a formas diferentes de se pensar. O jovem mais antenado com seu momento acredita que sabe de tudo e o mais velho com mais experiência de vida, acha que sabe também. Esses conflitos  acabam quando ambos os saberes são respeitados. Conflitos fazem parte do desenvolvimento das pessoas. Como cada um lida com eles é que vai trazer uma melhoria ou uma paralização.

A terapia serve para ajudar a elucidar a pessoa onde ela está no seu processo da vida. Algumas vezes uma visita ao passado é bem vinda para trabalhar traumas e complexos e dar-lhes novos significados, liberando para novas possibilidades. Outras vezes a terapia pode ter um aspecto pedagógico, orientando ao que fazer com sua emoção, por exemplo. Emoções expressas adequadamente, evitam somatizações, previnem contra doenças. Uma pessoa desequilibrada tende a baixar seu sistema imunológico, tornando-se um alvo fácil para vírus e outras doenças.

O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung cunhou a expressão “processo de individuação” para designar o processo criativo do indivíduo se tornar quem ele realmente é.  Em contraposição ao processo de massificação que ocorre na sociedade de consumo, onde tentam impor através de comunicação de massa quem você deve ser: músicas que deve ouvir, danças que deve fazer, que esmalte, carro ou sapato da moda, usar. Enfim a imagem que você deve ter para pertencer à gang  dos “espertos”. Este se tornar único, exige coragem, autenticidade, profundidade e ousadia para sair  deste mundo de máscaras e ilusões.

Para ser quem você realmente é, é necessário auto-conhecimento, assumir suas potencialidades, reconhecer  limites, confrontar  seu lado sombrio e admitir  sua beleza. Pode até mesmo descobrir que um Ser único tem habilidades diferenciadas para ofertar ao mundo, colocando-as a serviço de uma transformação social.  Quem faz terapia, pode ter mais facilmente este encontro real com seu próprio Ser.

Sílvia Rocha – psicóloga – crp: 05/21756

silviaayani@gmail.com

 

 

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