sábado, 2 de maio de 2009

Recomeçar

Recomeçar
“E chegou o momento em que ficar fechado num botão, doía mais do que o risco de florescer”

Todo re-começo infere que algo já se construiu e terminou. Não é mais a primeira vez e sim o momento de realizar de novo, de forma nova e se possível, melhor. Todas as pessoas adultas já viveram um recomeço. Quem nunca precisou reorganizar a vida depois do fim de um longo relacionamento, voltou a trabalhar depois da maternidade, iniciou um novo curso, mudou de emprego ou de cidade, ou voltou às atividades regulares depois das férias? Porém, nem sempre as pessoas são boas em recomeços. Uns são ótimo para iniciar, porém com dificuldades em manter. Outros demoram para começar, mas levam à sério e vão até o fim. Outros não querem acabar, tentando a todo custo manter o que já se esgotou.
Emoções - Para haver equilíbrio e poder deixar que a vida siga seu fluxo é importante viver cada emoção adequada a cada fase deste ciclo. No início, alegria que move o corpo e a mente para o impulso necessário do “start”. No meio, a adaptação e a sustentação do propósito, e no final, a despedida, com seus lutos e alívios rumo a um fechamento. A ansiedade tira a pessoa do presente e a faz antecipar e querer prevenir o que vem depois. Confiar no fluxo leva ao relaxamento e à presença.
Zerar - Para recomeçar de forma zerada, é preciso deixar a energia da fase passada sair totalmente. Se há um julgamento de que algo saiu errado pode ficar o medo de não dar certo de novo. Histórias sofridas podem gerar traumas se não existe uma elaboração consciente. No recomeço sempre existe a oportunidade de praticar o aprendizado anterior. Compreender o que a história veio acrescentar na vida faz parte da elaboração que ajuda na sua conclusão. Um intervalo é bem vindo entre uma história e outra. Caso contrário, as pendências passam a roubar energia que poderia estar sendo investida no novo projeto. Pensamentos e emoções ainda ligados à histórias antigas privam a pessoa da plenitude do presente. O tempo desta pausa é guiado pelo coração e não pela razão.
Neuroses de estimação - Fixação em padrões conhecidos mesmo que neuróticos, acontecem porque existe segurança de estar num terreno conhecido. Encarar o não saber, pode ser ameaçador. É preciso segurança interior para não necessitar de condições externas. Buscar a sensação de que você pode estar bem em qualquer lugar do planeta e em qualquer companhia.
Exorcizando – Para se sentir novo em folha é preciso trabalhar o desapego e a liberação. Cortar os fios que prendem ao que é velho. A mente não pode criar o novo se está povoada de fantasmas. Toda mudança implica em perdas e ganhos. Ao casar, se perde a vida de solteiro e se ganha um companheiro de vida. Não há como manter as duas condições juntas. É importante alcançar a maturidade da escolha, pois toda a nossa existência pulsa entre um soltar e pegar.
Esvaziar – Quando se olha para o vazio com consciência pode-se dar conta de que ele é cheio de infinitas possibilidades à espera de sua fecundação. Todo amanhecer é diferente apesar de não percebermos as suas nuances. O novo olhar, a mudança, o recomeço é algo que está a seu alcance o tempo todo. A escolha, é inteiramente sua.
Sílvia Rocha (maio de 2003)

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