sábado, 2 de maio de 2009

Percepção e diálogo

Percepção e Diálogo
Caminhando para a Integração


“Se eu puder ver com os seus olhos e você com os meus,
cada um de nós verá algo que talvez não tivéssemos visto sozinhos.”
Peter Senge

Segundo Platão, vivemos como se estivéssemos dentro de uma caverna amarrados de costas para entrada, de forma que tudo que podemos ver são sombras da realidade que passa lá fora. Construímos modelos mentais para serem filtros da realidade. Não sabemos nem nunca poderemos saber, a verdade completa das coisas. Estes modelos que construímos são baseados em nossas crenças, valores e história de vida.
Quando cientistas estavam na dúvida se a luz era composta de partícula ou onda, nos laboratórios onde eles acreditavam que a luz era onda eles viam onda e no laboratório que os cientistas acreditavam que a luz era partícula, eles viam partícula. Até que Einstein chegou a conclusão que era só tirar o “ou” e colocar o “e”. A luz é partícula e onda.
Realidade é aquilo que percebemos. Após a física quântica, foi constatado que observador e observado fazem parte de uma dança interdinâmica contínua, uma única unidade. Isto significa que não conseguimos conhecer a realidade totalmente porque estamos dentro dela. Nós somos a realidade. Nós só conseguimos enxergar a nós mesmos em tudo o que vemos. Segundo Maturana e Varela em seu conceito de auto-poiésis (auto-criação), quanto mais conhecemos o mundo mais conhecemos a nós mesmos, e quanto mais eu me renovo no meu auto-conceito mais eu amplio o conceito de mundo.
A renovação dos nossos modelos mentais podem se dar através do contato com outras pessoas que pensam diferente. O ideal de independência e auto-suficiência cai agora por água a baixo e é bem vindo o compartilhar das diferenças.
Algumas tribos de índios usam um ritual do bastão que fala. Cada integrante da tribo tem o direito de falar quando de posse do bastão. Normalmente eles sentam em círculo ao redor da fogueira e todos escutam aquele que está falando. Após este conselho, cada um segue sua vida sabendo o que deverá ser feito sem ninguém precisar mandar ou atribuir tarefas.
Humildade é um requisito para buscar a complementariedade no outro. É preciso ultrapassar o modelo mental da discussão, que é como um jogo de tênis, onde um ganha e o outro perde, para se abrir para o diálogo, que pode ser comparado a um jogo de frescobol, em que os dois ganham se conseguem manter a bola no ar.
Todos tem talentos criativos em uma coisa que o outro não tem. Aproveitar as diferenças das experiências individuais complementares é também aprender com as divergências. Estas devem ser entendidas como diversidades, não como conflitos.
Neste espírito cooperativo, as percepções são somadas, a comunicação flui e soluções vêem regadas de idéias criativas que começam a florescer.
Sílvia Rocha (agosto de 2003)

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